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Nº 5854
Cidades

Começa atendimento a moradores de área de risco

Justiça Itinerante está ajustando documentações de famílias lesadas pelos problemas no solo provocados pela Braskem

Por | Edição do dia 03/01/2020 - Matéria atualizada em 03/01/2020 às 04h00

A Justiça Itinerante começou ontem a atender moradores "resguardados" dos bairros do Pinheiro, Mutange e Bebedouro lesados pelas rachaduras provocadas pela extração de sal-gema feita pela Braskem. Conforme o Tribunal de Justiça de Alagoas (TJ-AL), o objetivo da ação, na Central do Morador, no bairro do Trapiche, é resolver pendências documentais e questões judiciais de pequena complexidade. O atendimento ocorrerá das 8h às 13h30.

O caso envolvendo a empresa de mineração tem sido um pesadelo para os moradores das áreas ameaçadas de afundamento desde o aparecimento de rachaduras em imóveis do bairro do Pinheiro, em fevereiro de 2018. 

Aos 77 anos, Maria José da Silva Santos, deixou a casa que construiu com esforço e na qual viveu durante 35 anos, no bairro do Mutange, no mês de abril logo após o tremor de terra que foi registrado na localidade. Hoje, morando em um quarto na casa de um dos filhos, a idosa, que tem dificuldade para locomoção, contou à Gazetaweb que faz uso de cerca de nove tipos de medicamentos para lidar com as indefinições sobre o futuro. 

Aposentada há pelo menos 28 anos por invalidez, Maria sustentou seus filhos e construiu sua antiga casa com a renda que conseguiu vendendo tapioca e lavando roupas, mas perdeu tudo o que conquistou e hoje conta com o apoio do neto, Wilton Marques, de 24 anos, para ir em busca de seus direitos.

O neto vive a situação desde seu início, não apenas por acompanhar a avó, mas por ter voltado a morar no Mutange com sua família pelas condições financeiras em que se encontram. "Nós chegamos a mudar para a Cidade Universitária, mas só conseguimos ficar lá uns 5 meses", falou Wilton.

Além do mais, o jovem está com a mãe debilitada pela depressão há pelo menos 10 anos, que acabou intensificada por toda a insegurança da moradia. "Um pesadelo que você não acredita que está acontecendo e parece que nunca acaba", contou. 

Maria José e e Wilton foram dois dos que compareceram ontem ao ponto de apoio montado no Ginásio do Sesi, para dar entrada nos documentos necessários para o andamento nas indenizações. 

O serviço ocorre ainda nessa sexta-feira (3), das 8h às 13h30. Segundo informações da secretária designada para o grupo de atendimento, Fabrícia Cavalcante, durante os dois dias reservados para a ação, a Justiça Itinerante pretende atender cerca de 125 pessoas. Embora o número de famílias atingidas seja bem maior, ainda não tem previsão de novas datas para apoio aos demais moradores.

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