app-icon

Baixe o nosso app Gazeta de Alagoas de graça!

Baixar
Nº 5693
Cidades

QUEDA NA VENDA DE LIVROS NO BRASIL NÃO É SENTIDA EM ALAGOAS

Mercado brasileiro sofreu decréscimo de 6,21% no ano passado em comparação a 2018

Por william makaisy | Edição do dia 15/01/2020 - Matéria atualizada em 15/01/2020 às 04h00

A leitura de livros ajuda não somente no aprendizado como também é uma forma de viajar e conhecer cidades, culturas e às vezes até universos diferentes - tudo sem sair do lugar. Contudo, o mercado brasileiro de livros encerrou 2019 com faturamento de R$ 1,75 bilhão, que seria o equivalente a uma queda de 6,21% em relação ao ano de 2018, quando as vendas somaram R$ 1,87 bilhão.

Para alguns alagoanos amantes da leitura, como é o caso da professora universitária Isabele Bastos, ler é fundamental na construção do modo de pensar do cidadão, e, por isso, a diminuição no consumo de livros é triste. “Sou professora universitária, então tenho esse contato com o mundo acadêmico e realmente vejo que houve uma diminuição na procura por materiais de leitura, porque vem se tornando algo muito superficial. É como se procurassem por algo mais imediato e esquecessem que deve-se buscar o conhecimento para aprender e não somente para decorar. Essa geração mais nova é marcada por isso”, disse.

“A leitura é importante porque ajuda no desenvolvimento de vocabulário, de repertório cultural e técnico, até mesmo de conhecimento de mundo. Até falar e escrever é proveniente da leitura, do que se aprende através dela, então ela por si só é essencial na formação de qualquer pessoa. Hoje, ao corrigir uma prova, observo uma dificuldade enorme dos meus alunos para construir uma simples frase ou para interpretar um texto básico; isso tudo poderia ter sido evitado lendo e exercitando a mente”.

Socorro Borangola conta que, apesar de não consumir muitos livros, está sempre comprando para seus netos, porque entende a importância da leitura na formação de uma criança. “Eu compro muitos livros para meus netos. Digo sempre a eles que a leitura é essencial na vida das pessoas. Não leio com frequência porque tenho um pouco de preguiça, porém, incentivo muito. Sempre que vou nas livrarias da cidade vejo muito movimento, então não vejo muito uma diminuição”, disse a senhora, enquanto observava seus netos escolherem os livros.

Já o vendedor de livros Josué Silva atribui a diminuição nas vendas ao mercado e diz que a situação se mantém até melhor do que o esperado. “Acho que essa diminuição é mais questão de mercado do que propriamente algo contra livros em específico. Não acho que tenha se criado uma cultura de não leitura, pelo contrário, vejo até um aumento no consumo de livros por parte dos alagoanos. Para falar a verdade, quando comecei a trabalhar em Maceió, achei que aqui tinha uma cultura de pouca leitura, mas vi que é totalmente o contrário. Pelo menos aqui onde trabalho vejo sempre gente de todas as idades comprando, de novos a mais velhos”, afirmou.

LIVROS DIGITAIS

Os livros digitais, famosos por sua facilidade de portabilidade e leitura, andam ganhando fama entre os alagoanos, que enxergam neles uma forma barata e fácil de ler. Para alguns, esse talvez seja um dos motivos da diminuição na venda de livros. “Acho que a diminuição se dá talvez pelo aumento no consumo dos livros digitais, porque se você parar para analisar nem todo mundo tem condições de comprar livros, então os livros digitais suprem essa falta. Eles são bons e são de graça, mas ainda confesso que prefiro bem mais comprar os físicos. A sensação é diferente, é como se a absorção do conteúdo se desse antes mesmo da leitura”, explicou Débora Gabriele.

Já Felipe Bastos considera os livros digitais como uma ‘luz no fim do túnel’ para a democratização do conhecimento. “Claro, existe ainda uma esperança, encontramos muitas pessoas nos dias de hoje que ainda gostam de ler, sejam livros digitais ou físicos. Essa é até uma questão de renovação. Por conta dos livros digitais, que podem ser baixados nos celulares, está muito mais fácil ler e andar sempre atualizado sobre as coisas ao seu redor. É bom ver que as coisas podem melhorar.”

* Sob supervisão da editoria de Cidades.

Mais matérias
desta edição