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MAIS DE 700 CASOS DE QUEIMADA FORAM REGISTRADOS EM AL EM 2019

Meteorologista alerta para período mais crítico e diz que falta de chuvas deve piorar cenário

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Conforme dados divulgados pelo Corpo de Bombeiros Militar (CBM), 791 casos de queimada foram registrados em Alagoas em 2019. A maioria dos casos aconteceu em vegetação rasteira (425), outras vegetações (201) e mata floresta (125). Demais casos foram em locais com coqueirais (17), caatinga (13), canaviais (5) e mangues (5). Já em 2020, 70 casos já foram registrados.

E o clima seco e a falta de chuva, principalmente no Sertão e no Agreste do Estado, devem elevar esses números. O período mais crítico ainda está por vir, alerta o meteorologista Humberto Barbosa, coordenador do Laboratório de Análise e Processamento de Imagens de Satélites (Lapis). Segundo ele, o final do mês de janeiro e os primeiros dias de fevereiro, o volume de chuvas ficará abaixo de média histórica.

“Janeiro continua seco em boa parte do Estado, começa a ter algumas chuvas isoladas, mas no geral, principalmente na costa leste, é um janeiro com chuvas abaixo da média. Começa a melhorar um pouco na próxima semana, mas ainda está abaixo da média. Já partir de fevereiro e março começa a aumentar o volume de chuva e a distribuição, principalmente no Sertão, no Agreste e também no litoral. Com a volta da chuva, as queimadas certamente devem diminuir. A questão toda é o final deste mês e o início de fevereiro. A vegetação ainda leva um tempo para recuperar. Mesmo com a chuva, ela precisa de 15 a 20 dias para conseguir não estar no nível de secura que leva à queimada. O período mais crítico ainda estar por vir nesses últimos dias de janeiro e nos primeiros de fevereiro”, revela.

Militares do CBM trabalham quase que diariamente no combate aos incêndios, causados, na maioria das vezes, por ação humana.

“Essas ocorrências exigem mais dos militares, das viaturas, porque geralmente são em lugares distantes, áreas de difícil acesso, e nós temos caminhões pesados, muitas vezes com 10 mil litros de água ou mais. Às vezes, temos dificuldades, submetemos nossos equipamentos a um desgaste maior por questão de temperatura. Temos um índice de perda de material maior porque estamos em uma situação maior de desgaste”, afirma o capitão Ezequel, do Grupamento de Incêndio do Corpo de Bombeiros.

Segundo ele, a corporação está capacitada para atender toda a demanda do Estado. “Nós conseguimos cumprir essa demanda, porém, quando temos uma viatura deslocada para uma região como essa, deixamos descoberta uma parte importante da capital, em que temos risco maior de incêndio residencial. Hoje, na região metropolitana, temos quatro viaturas prontas de combate a incêndio, então, quando temos o deslocamento de uma viatura para uma parte mais afastada, as áreas residenciais da capital e a parte industrial tendem a ficar um pouco descoberta”.

RISCO DE APAGÃO

De acordo com o meteorologista Humberto Barbosa, as queimadas próximas às linhas e torres de transmissão de energia podem causar danos maiores, como o risco de apagões em toda a região Nordeste.

“As linhas de transmissão e torres também podem ser afetadas com as queimadas e, com isso, ocorrerem apagões em toda a região do Nordeste brasileiro. A gente corre esse risco em função da situação da vegetação muito seca e das chuvas de janeiro estarem abaixo da média histórica”, alerta.

Barbosa explica que a falta de manutenção desses equipamentos pode gerar incêndio. “As linhas de transmissão possuem faísca e, como estão sem manutenção por muito tempo, podem gerar incêndios. Se você perceber, as linhas atravessam regiões de caatinga seca, pastagem e pode acontecer da faísca cair e pegar nessas áreas”.

No entanto, ele afirma que a maior parte dos incêndios é induzida diretamente ou indiretamente pela ação do homem. “Poucos incêndios têm causas naturais, como raios ou outro fenômeno. A maioria é provocada pelo homem de forma indireta ou direta, com o uso do fogo para limpeza de pastagem, para plantio ou mesmo para cana-de-açúcar, já que aqui em Alagoas, por existir áreas de topografias elevadas, o maquinário não chega, e se usa o fogo para queimar a parte seca da cana e para que os trabalhadores não se machuquem no corte”, ressalta o especialista.

Algumas das situações, inclusive, podem ser caracterizadas como criminosas. “Essas atividades são relacionadas principalmente com a queima de lixo, desmatamento para aproveitar a região para agropecuária, extrativismo, agricultura, dentre outras. Mas o que temos hoje é uma ação humana somada à questão do clima”, pontua o capitão Ezequel.

Um novo produto está sendo utilizado pelo Laboratório de Análise e Processamento de Imagens de Satélites para detectar incêndios ativos em vegetações e outras áreas, através de imagens de satélites. Ele é fornecido pelo Sistema Global de Assimilação de Incêndio da Copernicus (GFAS) e estará integrado às linhas de transmissão de energia elétrica, uma vez que as queimadas geralmente afetam e provocam interrupções no fornecimento de energia elétrica em determinadas localidades, causando prejuízos a empresas e à população. É uma forma de contribuir com avisos para companhias elétricas, em casos de apagões.

A expectativa é de que o novo produto esteja disponível ainda este mês.

SECA EM ALAGOAS

Em Alagoas, cerca de 87% dos municípios enfrentam intensa seca atualmente, com umidade dos solos abaixo de 10% na maioria das localidades. No total, são 89 municípios secos no Sertão, no Agreste e em parte do Leste Alagoano. No entanto, de acordo como o Lapis, as recentes chuvas que têm ocorrido tendem a mudar esse cenário nos próximos dias.

Esta semana, 41 municípios alagoanos tiveram a situação de emergência reconhecida por 180 dias devido ao longo período de estiagem. Os impactos da seca prolongada estão provocando perdas na agricultura e na pecuária do Semiárido, comprometendo até mesmo o abastecimento de água para o consumo humano. Com a medida, as ações de ajuda à população dos municípios afetados pela seca serão aceleradas.

VERÃO MAIS CHUVOSO

Apesar da secura que persiste em toda a região, o verão 2020 será mais chuvoso em algumas regiões brasileiras, diz a meteorologia. De acordo com informações do Letras Ambientais, a tendência é o predomiínio de chuvas acima da média no Nordeste, inclusive no Semiárido.

Conforme os dados, haverá chuvas intensas principalmente em fevereiro. Destaca-se, inclusive, que o aumento das chuvas irá ocorrer em função da atuação dos VCAN’s (Vórtices Ciclônicos em Altos Níveis) e cavados.

A recomendação é que o plantio de culturas agrícolas rápidas seja feito aproveitando as chuvas já em janeiro, na pré-estação chuvosa do Nordeste. As temperaturas serão normais no interior e acima da média no Litoral, desde a Paraíba até a Bahia. É possível que a ZCAS (Zona de convergência do Atlântico Sul) aumente o volume de chuvas sobre o estado baiano.

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