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Nº 5694
Cidades

RICOS TÊM MAIS CHANCE DE MORAR PERTO DO TRABALHO

Por morarem mais longe, pessoas de classes menos favorecidas não conseguem ir a pé até o local onde trabalham

Por JAMYLLE BEZERRA, COM G1 | Edição do dia 17/01/2020 - Matéria atualizada em 17/01/2020 às 04h00

Ir a pé de casa ao trabalho pode ser considerado um luxo no Brasil. E um estudo divulgado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) ontem (16) comprova isso. Em São Paulo, por exemplo, os mais ricos têm 9,5 vezes mais chance de encontrar oportunidades de trabalho que podem ser acessadas a pé em até 30 minutos. No lado oposto a São Paulo no ranking aparece Maceió, com a menor desigualdade entre as classes, mas onde os mais ricos têm 1,7 vez mais oportunidades de trabalho acessíveis a pé que os mais pobres.

“Uma coisa que a gente encontrou como padrão geral para todo o país é que, via de regra, pessoas de mais alta renda e pessoas brancas têm acesso a oportunidades maior que pessoas negras e de baixa renda”, enfatizou o pesquisador do Ipea Rafael Pereira. “Mesmo onde a desigualdade entre ricos e pobres é menor, ela é quase o dobro”, destacou, ao comentar o dado da capital alagoana.

Foram analisados dados das 20 cidades mais populosas do Brasil. São Paulo liderou o ranking da desigualdade considerando a chamada Razão de Palma, que compara os 10% mais ricos da população aos 40% mais pobres. “Nas cidades brasileiras, isso [ir a pé para o trabalho] é um privilégio para poucos”, reforçou Bernardo Serra, gerente de políticas públicas do Instituto de Políticas de Transporte e Desenvolvimento (ITDP), parceiro do estudo. Uma curiosidade apontada pelos pesquisadores neste ranking que considera o acesso a pé a oportunidades de trabalho é a condição do Rio de Janeiro, que apresenta uma das menores desigualdades do ranking. Segundo eles, isso se deve à aglomeração de pessoas de baixa renda próximas ao centro da cidade, ou seja, as numerosas favelas localizadas na região central da cidade.

ESCOLAS E HOSPITAIS

A pesquisa também analisou o acesso a escolas e hospitais, tanto pelo transporte ativo - a pé e bicicleta - quanto pelo transporte público. No campo da educação, em praticamente todas as cidades, os moradores de áreas mais pobres precisam gastar mais tempo de deslocamento que os mais ricos. Na saúde, Campinas, no interior de São Paulo, é onde a diferença de acesso entre a parcela da população negra e a branca é maior. Isso significa dizer que os brancos têm acesso a um número de hospitais quase 2,5 vezes maior que os negros. Nesse quesito, a capital Maceió também aparece como a cidade menos desigual. Todos os dados da pesquisa foram reunidos em uma plataforma online, batizada Projeto Acesso a Oportunidades.

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