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Nº 5854
Cidades

ALAGOAS É O 17º ESTADO QUE MAIS MATA TRANSGÊNEROS

Foram dois homicídios em 2019; dado foi divulgado pela Antra no Dia Nacional da Visibilidade Trans

Por Victor Lima | Edição do dia 30/01/2020 - Matéria atualizada em 30/01/2020 às 09h26

Foto: Agência Brasil
 

O combate à discriminação de minorias precisa ser constante e é uma luta incansável da comunidade LGBTI+. Uma das vitórias surgiu em 2004, quando, num dia 29 de janeiro, pessoas trans e travestis foram a Brasília lançar a campanha ‘Travesti e Respeito’ para promover a cidadania e o respeito entre as pessoas e que mostrasse a relevância de suas ações no Congresso Nacional. Assim, foi estabelecido o Dia Nacional da Visibilidade Trans, data que, em 2020, ainda não tem muito a comemorar. Alagoas, por exemplo, é o 17º estado brasileiro que mais mata transgêneros.

O dado é da Associação Nacional de Travestis e Transsexuais (Antra). Nessa quarta (29), a entidade divulgou um dossiê dos assassinatos e da violência contra travestis e transexuais brasileiras em 2019.

Durante a pesquisa, a Antra apurou que 99% das pessoas LGBTI participantes afirmaram não se sentirem seguras no Brasil. No ano passado, foram confirmadas 124 informações de assassinatos de pessoas trans e apenas 11 casos tiveram os suspeitos identificados, o que representa que apenas 7% deles estão presos, segundo o dossiê.

Em números absolutos, o estado que apresentou o mais alto índice de homicídios foi São Paulo, com 21 homicídios, quantidade 66,7% superior ao registrado no ano anterior (14). O território paulista se destaca como um dos quatro que se tornaram mais violentos para pessoas transgênero, em 2019, ao lado de Pernambuco, Rondônia e Tocantins, e também lidera o ranking quando o período de 2017 a 2019 é considerado.

Em segundo lugar na lista de 2019, está o Ceará, com 11 casos. Em seguida, vêm Bahia e Pernambuco, com 8 casos, cada; Paraná, Rio de janeiro e Rio Grande do Sul, com 7 casos, cada; e Goiás com 6 casos. Amazonas, Maranhão, Minas Gerais, Mato Grosso e Paraíba empatam com 5 casos; Espírito Santo, Pará e Rio Grande do Norte, com 4; Alagoas, Rondônia e Tocantins, com 2; e Mato Grosso do Sul, Roraima, Sergipe e Piauí, com 1.

Um levantamento recente também traz outra informação alarmante. A Revista Gênero e Número revelou um aumento de 800% das notificações de agressões contra a população trans, chegando ao grave número de 11 pessoas agredidas diariamente no Brasil.

A agressão física não é a única com a qual os trans têm que lidar. Muitas vezes, a violência é moral, causando diversos tipos de constrangimento. “No festival de inverno, quando a gente vai entrar lá tem duas filas, a masculina e a feminina. Enquanto eu aguardava na feminina, a policial chegou e fez ‘me dê o documento’. Eu entreguei a ela e ela disse ‘você é homem, não pode ficar aqui não’. Eu expliquei pra ela que eu sou uma trans e ela ficou dizendo ‘não, aqui você não vai passar não, vá para o masculino’. Discutimos e eu fiquei na fila enquanto uma amiga interveio e conversou também com a policial. Foi uma confusão. São coisas que acontecem sempre”, relata a transgênero Natasha Wonderfull.

E o que fazer para lutar contra a discriminação muitas vezes diária pela qual elas passam? “Tudo vem mesmo de um trabalho de conscientização, não só na escola, mas no ambiente de trabalho, um fortalecimento na inserção dessa população no mercado de trabalho. Essas pessoas estão sempre em busca do ganha pão. A solução é enfrentar de frente a questão, trabalhar a empregabilidade das trans. Existe preconceito, o mercado de trabalho não apoia. Tem que se inserir essas pessoas em todos os espaços. Há anos se trabalha o nome social e o banheiro e ainda hoje a gente percebe resistência, porque não querem encarar, se negam a tratar a pessoa pelo nome social… Daí a gente vê”, expõe Nildo Correia, presidente do Grupo Gay de Alagoas (GGAL).

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