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Nº 5814
Cidades

Outdoor se transforma em publicidade in�til

FÁTIMA VASCONCELLOS Em nome da disputa pelos clientes, empreendedores enchem a cidade de outdoors, sem nenhum critério. Dessa forma, ao invés da conquista do consumidor, a publicidade tem resultado inócuo. Segundo o chefe da fiscalização da Secretaria M

Por | Edição do dia 24/03/2002 - Matéria atualizada em 24/03/2002 às 00h00

FÁTIMA VASCONCELLOS Em nome da disputa pelos clientes, empreendedores enchem a cidade de outdoors, sem nenhum critério. Dessa forma, ao invés da conquista do consumidor, a publicidade tem resultado inócuo. Segundo o chefe da fiscalização da Secretaria Municipal de Controle e Convívio Urbano, SMCCU, Galvacyr de Assis, a capacidade de outdoors está saturada em Maceió. “Já são aproximadamente 400, a maioria em áreas de maior fluxo, como na orla, Stella Maris e todo o corredor da Fernandes Lima, entre outros. Diante deste excesso, praticamente paramos de conceder novos licenciamentos. Os processos estão aguardando o vencimento do período de exposição dos atuais outdoors. Só depois autorizaremos a substituição, por outros que estão na fila ”, disse. Ele ressaltou que a situação preocupa a equipe da SMCCU, sobretudo devido à proximidade com a campanha política, quando os candidatos poluem ainda mais a cidade. “Eles são amparados por lei federal e não podemos interferir. Para compensar, nós limitamos e passamos a reduzir a cota para as empresas que divulgam seus produtos, bem como os eventos, por meio do outdoor”, confessou Galvacyr. Com pouca criatividade, as mensagens passam despercebidas pelos cidadãos. Em enquete realizada ontem, nas ruas da cidade, a maioria das pessoas teve dificuldade de lembrar de um outdoor interessante. “Só lembro da imagem de uma mulher puxando o homem pela gravata. Não sei que loja é nem o que estava anunciando. Acho que é de boutique, não tenho certeza. Gravei a foto porque em vários lugares onde passo, coincidentemente tem um outdoor desse e me atrai pegar o macho pelo pescoço. Vou olhar direito a mensagem e a loja”, ponderou Ana Paula Batista, cabeleireira. Aversão Já o taxista Manoel Lopes dos Santos disse que tem aversão ao outdoor. “Onde tem um, olho para o lado contrário. Faço de propósito porque não é justo o dono da loja atropelar a gente com esses tapumes que tiram a visão da cidade. Tem homem que fica olhando só quando tem mulher nua. Devia ser proibido porque pode até provocar acidente, caso a pessoa fique distraída de tanto olhar. Pode ter certeza de que quem olha a figura está pouco interessado na loja ou produto anunciado. O outdoor devia anunciar onde tem mercadoria barata. Colocar o item e o preço mais embaixo. Aí sim, estaria prestando um serviço à população. Do jeito como funciona todo mundo sabe que só anuncia quem tem dinheiro. A propaganda é paga pelo consumidor porque o custo tá embutido no produto. Para mim não dá certo. Tenho horror e eles ainda poluem o visual da cidade”. A costureira Maria do Socorro Lima Santos disse que só lembra do outdoor do jogo Poupa Ganha. “Eu jogava toda semana. Em casa todo mundo acompanhava os sorteios, então o outdoor marcou. Era uma coisa que fazia parte do mundo da gente, da rotina. Os outros eu olho, acho alguns bonitos. Os homens e mulheres são malhados ... mas nem memorizo a mensagem”, confessou. Outro que também teve dificuldade de indicar um outdoor marcante foi o enfermeiro Sérgio Luiz Alencar. “Quando paro num semáforo olho para eles, mas a mensagem não entra. Sei que as grandes lojas anunciam por causa da TV, que é mais persuasiva. Se dependesse do outdoor, acho que as lojas não venderiam nada. Nunca entrei num lugar por causa do outdoor. Tenho é muita raiva porque eles sujam a cidade. A gente é obrigado a “enxergar” esse montante de mensagens. Fica tudo empilhado, um juntinho do outro. É de deixar qualquer pessoa cega. De repente a gente olha e não vê”, desabafou.

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