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Nº 5886
Cidades

EM 20 ANOS, ALAGOAS REGISTRA 7.649 CASOS DE HANSENÍASE

Doença causou a morte de 21 pessoas no Estado durante esse período; último óbito ocorreu em 2017

Por thiago gomes | Edição do dia 12/02/2020 - Matéria atualizada em 12/02/2020 às 06h00

Levantamento feito pela Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) e divulgado recentemente aponta que, em 20 anos, a hanseníase fez 7.649 vítimas em Alagoas. E o alerta maior é que o número de casos novos que surgem da doença continua crescendo aqui desde 2016. Até agora, as autoridades registraram 21 mortes no Estado por consequência de complicações no quadro de saúde destes pacientes.

A última notificação de óbito foi em 2017, mas, foi em 2010, quando quatro alagoanos morreram com a enfermidade, que as ações passaram a ser mais efetivas na prevenção e no diagnóstico. Em 2013 e em 2015 foram seis mortos (três em cada ano). Apesar destes registros, Alagoas tem a segundo menor quantitativo de mortes da Região Nordeste. O Maranhão está no topo, com 269 óbitos. Em dois anos (período de 2016 a 2018), surgiram 84 novos casos por aqui. Devido à hanseníase, 39 alagoanos precisaram ser internados no ano passado. Em 2018, foram 50 internamentos. O ápice aconteceu em 2013, quando 204 pessoas precisaram de assistência médica especializada nas unidades de saúde. Em 10 anos, mais de mil foram internados em Alagoas por este motivo. A pesquisa da Sociedade de Dermatologia mostrou que a hanseníase atingiu quase 800 mil brasileiros em 20 anos. Mesmo com as constantes campanhas educativas, com foco no diagnóstico precoce, a detecção de novos casos tem indicado uma média de 38 mil registros por ano, no período. Atualmente, a Organização Mundial da Saúde (OMS) coloca o Brasil no segundo lugar no mundo em casos de hanseníase. Perde apenas para a Índia, que, em 2017, apresentou 126.164 registros. A coordenadora da Campanha Nacional de Hanseníase da SBD, Sandra Durães, explica que trata-se de uma doença que afeta, sobretudo, regiões com menor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). Ela avalia que, apesar de o Brasil ser considerado uma potência econômica, a existência de desigualdades regionais repercute na forma como o registro de novos casos se materializa A hanseníase é uma doença tropical de evolução crônica e silenciosa. Manifesta-se, principalmente, por meio de lesões na pele e sintomas neurológicos, como dormência e diminuição de força nas mãos e nos pés. O diagnóstico, tratamento e cura dependem de exames clínicos e, principalmente, da capacitação do médico. A SBD garantiu que tem colaborado com a capacitação de médicos de outras especialidades e generalistas, o que contribui para o fortalecimento da rede de detecção dessa doença, que, quando descoberta e tratada tardiamente, pode trazer deformidades e incapacidades físicas. Carregada de estigmas, a hanseníase apresenta uma taxa de mortalidade relativamente baixa, em comparação com o número de casos diagnosticados no período. Entre 2008 e 2017, em todo o Brasil foram registrados 1.801 óbitos decorrentes dessa doença. Além do Maranhão, o maior volume de mortes é na Bahia (136), Ceará (135), Rio de Janeiro (134) e Pará (126). O tratamento da doença é eminentemente ambulatorial e tem gerado inúmeros pedidos de internação para o acompanhamento de pacientes com maiores complicações, com necessidade de cuidados mais especializados e até mesmo cirúrgicos para tratar as sequelas deixadas.

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