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Cidades

RETOMANDO OS RUMOS TRAÇADOS PELO FUNDADOR

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Por Gazeta Especial | Edição do dia 22/02/2020 - Matéria atualizada em 22/02/2020 às 06h00

Arnon de Mello adquiriu a Gazeta na década de 1950 e deu grande impulso ao jornal
Arnon de Mello adquiriu a Gazeta na década de 1950 e deu grande impulso ao jornal - Foto: Reprodução
 

Quando o jornalista Luiz Silveira decidiu partir para uma nova jornada, lançando a Gazeta de Alagoas, escreveu, referindo-se ao seu novo jornal, que, “apesar de ser homem de imprensa e político, os seus rumos não se emoldurariam em quadro restrito de ideais nem se subordinariam a rígidos estatutos partidários, nem a preconceitos personalísticos, uma vez que visavam horizontes muito mais amplos, abrangendo os interesses gerais da coletividade alagoana, dentro da Pátria comum, forte, unida, indivisível”. Tais princípios seriam retomados, duas décadas depois, pelo jornalista Arnon de Mello, assim que este se tornou proprietário, nos anos de 1950, do segundo jornal fundado por Silveira e do qual foi colaborador já na sua inauguração, como correspondente no Rio de Janeiro, então Distrito Federal, e logo garantiu mantê-lo como “a casa do povo alagoano”.

Evidenciado está, portanto, que a segunda metade do século XX começou com a GAZETA não mais pertencendo ao velho Silveira – que, bastante doente, cego, deixara a militância no jornalismo e na política partidária, iniciada antes da proclamação da República, por meio de O Debate – e, sim, à Cooperativa Publicitária Gazeta de Alagoas Ltda, à beira da falência. Consta-nos que, já circulando como veículo dessa mesma cooperativa, sob a orientação de um grupo de políticos, à frente o então governador Silvestre Péricles, este mesmo matutino – cuja primeira sede era localizada em um prédio de primeiro andar edificado na esquina da antiga Rua Augusta, também conhecida como Rua das Árvores e Ladislau Neto, com a Rua do Comércio, chegou ao ponto de não vender mais de 300 exemplares diários, por ter sido transformado “em verdadeiro boletim político e trazer em suas páginas termos impublicáveis, entre os quais palavras de calão”. De fato. A Gazeta passou a ser o mais lido jornal do Estado na segunda metade do século passado, poucos meses depois de ser adquirida em leilão público. Em 1954, a Gazeta passou a viver uma nova fase, sendo diretor-proprietário o jornalista e deputado federal José Afonso Casado de Mello. Em seguida, ela tornou-se a pioneira das empresas da Organização Arnon de Mello, que, já em 1955 era providenciada a compra do imóvel de sua nova sede, na mesma rua da primeira. Começou exatamente aí a ressurreição do mais antigo jornal de iniciativa privada em circulação no Estado atualmente. Várias colunas que vinham sendo mantidas havia vários anos continuavam nas páginas da Gazeta, como Vida Mundana, Porto e Aeroporto, Ronda Policial, A Propósito, de Luiz Lavenére, já atuante como jornalista em Maceió ainda no Império, Boletim Internacional, assinada por J. Silveira (professor José Camerino da Silveira) e outros redatores e colaboradores dos primeiros anos de vida, e outras colunas diárias e antigas. A exemplo dos espaços reservados às notícias dos municípios ainda no tempo de Luiz Silveira e da primeira sucursal do interior instalada na cidade de Penedo, então chefiada pelo jornalista Áureo Alcides de Castro. Essa empresa gráfica também cuidou em preservar vários dos mais antigos funcionários da redação – sendo um deles o veterano Oséas Rosas, o sempre lembrado precursor alagoano das crônicas na área de Polícia; o filho deste, Renan Rosas – trabalhava no Setor Comercial e fazia matérias de esportes. Também do Setor Gráfico, começando pelo chefe Zacarias Santana, que entrou na Gazeta quando ainda aprendiz de tipógrafo, dirigiria o Setor Gráfico da Imprensa Oficial do Estado e presidiria, por vários anos a Sergasa, que viria a ser a empresa editora do Diário Oficial do Estado, e chegou a assumir a vice-presidência da Gazeta antes de aposentar-se no jornalismo após exercer, nesta mesma empresa, o cargo de diretor industrial, quando ela começou a surgir entre as mais modernas das congêneres espalhadas pelo país. Embora sua redação ainda não contasse com nenhum diagramador e o único copidesque – Carlos Carvalho Lins – permaneceu único na função no curso de muitos anos, sem nunca fazer nada numa máquina de datilografia. Nem com a abolição da chamada “tesoura-press” e a substituição do “nariz de cera”, com o advento do “lead”, introduzido na imprensa brasileira através do Diário Carioca, nos anos 50 e adotado pioneiramente em Alagoas pela Gazeta na década seguinte. O construtor da nova Gazeta foi justamente o jornalista Arnon Affonso Farias de Mello, que se radicou no Rio de Janeiro no início de 1930. Matriculou-se na Faculdade de Direito e conseguiu o primeiro emprego de jornalista na antiga capital do País no jornal A Vanguarda, que seria fechado com a Revolução de 30. Transferiu-se para o Diário de Notícias. Ficou amigo de Humberto de Campos, o maior cronista da época, e, por meio dele, passou a trabalhar nos Diários Associados, de Assis Chateaubriand. Em 32, foi designado como correspondente de guerra para acompanhar as tropas de São Paulo na Revolução Constitucionalista de 1932, movimento contrário ao governo de Getúlio Vargas e que teve como um dos líderes Lindolfo Collor, primeiro ministro do Trabalho no Brasil no governo Vargas, com o qual rompera por discordar da censura à imprensa e outras medidas autoritárias. Lindolfo terminou sendo um dos entrevistados de Arnon sobre a rebelião. O resultado da cobertura feita por Arnon foi uma série de reportagens que repercutiu pelos órgãos da rede do “Velho Capitão” em todo o Brasil e, com o livro África, o terceiro produzido por Arnon de Mello. Assim que passou a administrar a Gazeta, decidiu reforçar o quadro de redatores e repórteres com nomes já notáveis.

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