Além da Defensoria Pública, que cobra do governo responsabilidade e as condições exigidas pelos protocolos do Ministério e da Organização Mundial da Saúde para atender a uma possível epidemia de coronavírus (Covid 19) no Hospital Hélvio Auto, o Ministério Público Estadual também sai em defesa da população e quer saber como a Secretaria de Saúde preparou as barreiras sanitárias e outras formas preventivas contra uma possível epidemia. O Núcleo de Defesa da Saúde Pública, por meio da promotora de Justiça Micheline Tenório, requereu informações à Sesau a respeito das medidas preparatórias e preventivas adotadas diante da chegada de voos e embarcações estrangeiras de países com casos confirmados e mortes.
A promotora também encaminhou cópia à 26ª e à 67ª Promotorias da Saúde da capital, que são as responsáveis pelas atividades de execução em Maceió, sobre o documento entregue pelo vereador Lobão (PR), que fala da sua preocupação com um transatlântico que estaria para chegar a Alagoas no final do mês. No entanto, a Secretaria Estadual de Turismo negou essa informação sobre o navio.
Também foi comunicado ao Ministério Público Federal sobre essas medidas que estão sendo adotadas pelo MPAL, uma vez que, por se tratarem de aeroporto e porto, instituições federais, a atribuição de atuação também passa pelo MPF.
Já a promotora Louise Teixeira se reuniu com a Secretaria Estadual de Saúde. Na ocasião, o secretário Alexandre Ayres informou que está adotando as medidas necessárias para atuar no caso de surgimento de paciente contaminado.
HDT espera construção de enfermaria de pressão negativa
Antes dos primeiros casos de coronavírus no mundo, a direção do Hospital Hélvio Auto encaminhou à Sesau pleito para aumentar o número de leitos de sete para dez na Unidade e Tratamento Intensivo (UTI) e a construção da enfermaria para pressão negativa para tratar pacientes com doenças contagiosas respiratórias graves. Com o aparecimento dos primeiros casos suspeitos do Covid 19, o secretário Alexandre Ayres anunciou, na semana passada, a execução da obra. Por enquanto, tudo permanece nas promessas.
A diretora médica do Hélvio Auto, Luciana Pacheco, disse que, a partir das primeiras informações a respeito do coronavírus, manteve contato com a Sesau em meados de janeiro. Naquela ocasião, foi falado da necessidade da construção do setor com isolamento mais rigoroso, para pacientes com outros doenças, como tuberculose. “O ideal para casos de doenças transmissíveis respiratória é que todos os leitos precisam ficar em isolamento adequado. No caso da enfermaria de pressão negativa, reduz a transmissão porque impede a saída do vírus para outro ambiente.
O secretário Alexandre Ayres, antes dos casos de coronavírus, demonstrou apoio ao pleito por entender a necessidade. Prometeu executar o projeto de ampliação do número de leitos. Um engenheiro esteve no HDT, fez o projeto, avaliou, pensou-se em fazer isolamento dos sete leitos de UTI como existem hoje em outras unidades de referência para tratamento de doenças infectocontagiosas. Entretanto, o engenheiro considerou que, do ponto de vista físico, não haveria condições.
Com o surgimento do coronavírus, o processo voltou a ser visto como prioridade. A última informação que chegou ao HDT é que o projeto de construção da enfermaria de pressão negativa foi enviado para análise da Vigilância Sanitária. A obra efetivamente ainda não começou. O projeto, que estava parado, voltou a tramitar e agora depende do sinal verde da Vigilância Sanitária.
Apesar de a Sesau estar monitoramento cinco casos suspeitos, hoje não há nenhum paciente em tratamento no Hélvio Auto, garantiu a diretora médica, Luciana Pacheco. Nenhum dos casos suspeitos passou pelo hospital de referência. Os pacientes têm plano de saúde e estão em tratamento particular. “A situação hoje está sob controle”.
Tuberculose
Atualmente o hospital mantém 18 leitos com pacientes internados e em tratamento contra tuberculose. Os doentes ficam em enfermarias com isolamento e separados por sexo. Os profissionais utilizam equipamentos de proteção individual. Os profissionais andam preocupados com a possível falta de insumo se, por acaso, se agravarem as contaminações do Covid 19.
A diretora médica, Luciana Pacheco, tranquilizou os profissionais. Garantiu que a farmácia do hospital está com estoque em dia. Com relação aos insumos e equipamentos de segurança da saúde dos profissionais, revelou que solicitou à Sesau mais equipamentos de proteção individual, principalmente máscaras.
A médica explicou que o hospital montou a enfermarias para o Covid 19 dentro de uma organização de fluxo de atendimento, com treinamento mais efetivo e preparação do setor com instalação de equipamentos. “Se houver necessidade teremos que ter enfermaria separada para evitar contaminações de outros pacientes que estão aqui. Esse procedimento é normal e rotineiro”, disse Luciana Pacheco, ao tranquilizar a população e garantir, que se houver necessidade, os profissionais estão prontos para atendimento dentro dos protocolos. No momento não existe motivo para pânico.
21 vírus respiratórios circula em Alagoas
A Secretaria de Estado da Saúde reitera que coronavírus é mais um dos cerca de 21 vírus respiratórios que circulam entre nós e que provocam a chamada síndrome gripal (SG), cujos vírus, de modo geral, são transmitidos a partir de gotículas que são expelidas ao tossir ou espirrar. Atualmente, são cinco casos suspeitos, em investigação: três mulheres (71 anos, 47 anos e 34 anos, respectivamente) e dois homens (63 anos e 32 anos),que relataram viagem à Itália, França e Alemanha, revelou o secretário Alexandre Ayres por intermédio da assessoria de Comunicação.
Na última segunda-feira (2), a Sesau confirmou que o caso do senhor de 66 anos que retornou recentemente da França e reside em Maceió foi descartado para Covid19.
Como já divulgado, a maior parte dos casos é classificada como leve e, nesse sentido, cada pessoa pode adotar cuidados individuais básicos de prevenção de infecções respiratórias de qualquer natureza, como: higienizar (lavar) as mãos com água e sabão, sempre que necessário, principalmente antes de consumir algum alimento, após tossir ou espirrar (na falta de água e sabão, usar álcool gel); utilizar lenço descartável para a higiene nasal; cobrir o nariz e a boca quando espirrar ou tossir, utilizando a dobra do braço (não cobrir com as mãos); evitar tocar com as mãos mucosas de olhos, nariz e boca; não compartilhar objetos de uso pessoal, como talheres, pratos, copos ou garrafas; evitar contato próximo de pessoas que apresentem sinais ou sintomas de infecção respiratória; evitar sair de casa em período de alta transmissão de doenças respiratórias, principalmente crianças e idosos; evitar aglomerações e ambientes fechados (manter os ambientes ventilados); e seguir as orientações dos profissionais e dos serviços de saúde, para, por exemplo, o afastamento temporário do trabalho ou da escola pelo período indicado; e adotar hábitos saudáveis no dia a dia, a exemplo da ingestão de líquidos e do consumo de alimentos bem cozidos.
CRM
Neste momento não é possível prever a evolução no quadro de saúde público porque estamos diante de uma doença nova, avaliou o presidente do Conselho Regional de Medicina (CRM), médico infectologista Fernando Pedrosa, que não acredita numa evolução catastrófica do vírus na população alagoana.
“Estamos diante de um vírus de baixa infectividade, sensível ao ambiente quente, ou seja, morre com facilidade e não resiste a alta temperatura, como é o caso do nosso estado”. Mesmo assim, o presidente do CRM aconselho as pessoas a manterem os cuidados com a higiene pessoal. Ele revelou que os profissionais da saúde se prepararam para este momento.
Ao ressaltar a “baixa letalidade” do Covid 19, citou a própria China ao destacar que foram registrados milhares de casos e a letalidade ficou menor que 2%. “Acredito que em Alagoas não teremos a situação da China”. Pedrosa também insiste para que a população mantenha os cuidados com a higiene pessoal.