Sempre que chove com intensidade na capital alagoana, os turistas e moradores podem contemplar a imensa quantidade de lixo que se acumula nas praias. Na manhã desta quinta-feira (12), não foi diferente, com o aparecimento até mesmo de sofás na orla. A maior afetada pelas chuvas, sempre, é a Praia da Avenida, que recebe diretamente os resíduos vindos do Riacho Salgadinho, esgoto a céu aberto que há décadas corta a parte baixa da capital. A Gazeta de Alagoas flagrou um traço sem fim de lixo beirando a água ontem à tarde. Garis da Superintendência Municipal de Desenvolvimento Sustentável (Sudes) faziam a limpeza do local, recolhendo o lixo da praia e o carregando para próximo do calçadão, onde caminhões os recolhem depois. Em pontos onde há maior concentração de detritos, tratores faziam a coleta e o transporte. Um deles, sob condição de anonimato, conversou sobre a situação com a reportagem. “A gente já concluiu a maior parte do trabalho, teve muito lixo por causa da chuva. Mas em outras temporadas, foi pior”, contou, próximo a uma pilha de lixo que tinha de galhos a garrafas plásticas e latas de metal. A situação estava pior mais ao norte, na Praia do Sobral, no bairro do Trapiche. Conhecida por suas fortes ondas e areias claras que atraem surfistas de todo o Estado, a praia fica à sombra do Emissário Submarino administrado pela Companhia de Saneamento de Alagoas (Casal). As fortes ondas não trouxeram surfistas nesta quinta, mas sim o que veio da cidade arrastado pela chuva: plásticos, metais e móveis descartados. A faixa de lixo se estendia até onde o horizonte cobria, com urubus buscando por comida em alguns pontos. O vigia solitário do Emissário Submarino, José Cícero dos Santos Filho, testemunha o vaivém do lixo na praia com o passar dos anos. “Bastante lixo, mesmo. Sempre que chove é assim. No geral, é uma praia até limpinha, mas cai um tanto assim de água…”, disse o vigia. Sua cabine fica em uma área elevada, beirando a Avenida Assis Chateaubriand. Uma visão privilegiada da beleza das praias alagoanas, ou da tragédia ambiental que vem junto com as chuvas. “Creio que deve vir do Salgadinho, quando chove enche e trás mais coisas. Também tem da rua, né? Chove e sai arrastando pra cá”, especulou. Em nota, o Instituto do Meio Ambiente de Alagoas (IMA/AL) disse que está ciente do problema do Salgadinho. O órgão afirmou que “já acionou a prefeitura de Maceió para cobrar medidas que evitem que o lixo chegue ao leito do Riacho conhecido como Salgadinho e, consecutivamente, ao mar. A prefeitura, por sua vez, informou estar em fase de elaboração as medidas/ações estratégicas para dar conta do problema”. O órgão disse ainda que divulga, semanalmente, relatórios de balneabilidade das praias de Alagoas. Em casos de chuvas, contudo, a recomendação é que os banhistas evitem o mar por 48h ou 72h, “principalmente nas proximidades de fozes de rios e galerias de águas pluviais por causa da quantidade de dejetos que podem ser carreadas pelas águas que lavam as ruas”.