Cidades
PRORROGAÇÃO DE DECRETO DEVE AGRAVAR CRISE NA ECONOMIA DE AL
Parte dos lojistas não deve retomar as atividades quando os serviços voltarem à normalidade

Apesar da flexibilização de parte das medidas para conter o avanço do novo coronavírus em Alagoas, a prorrogação do decreto de emergência vai agravar os prejuízos no comércio. O centro de Maceió gera mais de sete mil empregos diretos, sem contar ambulantes e feirantes, segundo dados da Aliança Comercial. O descontentamento de lojistas do centro da capital deve-se ao fato que agências bancárias, feiras livres, supermercados e lotéricas continuam funcionando normalmente, mesmo que registrem aglomeração. “Eu mesmo tinham que ir ao banco, mas desisti porque tinha muita gente. Vejo um momento de estabelecimentos funcionando normalmente e só quem paga o pato é o comércio. Acredito que esse decreto será prorrogado de novo, não ficará somente nesses oito dias”, afirma Guido Júnior, presidente da Aliança Comercial. Segundo Guido Júnior, parte dos lojistas não deve retomar as atividades quando os serviços voltarem à normalidade.
“Está tudo parado no comércio, chegamos a discutir uma proposta de que o Centro funcionasse das 9 às 16 horas e o shopping de 12 às 20 horas, mas não avançou”, acrescenta o empresário. O Governo de Alagoas prorrogou, por mais oito dias, as medidas para o enfrentamento da emergência de saúde pública – conforme novo decreto (n° 69.577), publicado no Diário Oficial do Estado (DOE) do último domingo (29), que passou a entrar em vigor à zero hora desse domingo, com prazo até 7 de abril. O fechamento do comércio é uma das medidas para manter o isolamento social e reduzir aglomerações e proliferação do vírus. “Fiquei satisfeito com o decreto porque havia solicitado que as indústrias fossem incluídas no pacote de reabertura. No segundo momento é importante incluir o comércio, utilizando as medidas de proteção para o trabalhador e clientes, organizando uma escala de funcionários e higienização para evitar a proliferação da doença”, afirma José Carlos Lyra de Andrade, presidente da Federação das Indústrias do Estado de Alagoas (Fiea/AL). Houve flexibilização sobre restaurantes, lanchonetes e estabelecimentos congêneres que poderão funcionar por serviços de entrega, inclusive por aplicativo e na modalidade “Pegue e Leve”, “sendo expressamente proibido o consumo no local, tanto de bebidas como de alimentos.
Durante o prazo de suspensão de atividades, lojas e outros estabelecimentos comerciais também poderão funcionar por meio de serviços de entrega, inclusive por aplicativo. Fica proibido, em qualquer caso, o atendimento presencial de clientes nas suas dependências”, diz trecho do decreto, que confirma a volta do funcionamento das industrias. Em relação aos pequenos empresários e trabalhadores autônomos e a situação financeira de seus negócios, o economista alagoano Marcelo de Arruda explica que é possível que o período de quarentena seja sustentável se houver atuação do Estado para diminuir o efeito econômico da paralisação. Além do grupo de risco afetado diretamente pelo coronavírus, como idosos e pessoas com doenças crônicas, o economista aponta que há também os mais atingidos indiretamente no campo econômico, que são os micro e pequenos negócios, os trabalhadores informais e os mais pobres. Em Alagoas, segundo o economista, os trabalhadores informais representam 44,7% dos empregos e as micro e pequenas empresas significam mais de 88% dos negócios ativos no estado. De acordo com Marcelo de Arruda, existem alguns modelos de pacotes econômicos que podem ser adotados neste momento para proteger os mais vulneráveis financeiramente.
"No caso dos mais pobres é considerado que modelos de transferência direta de renda sejam a forma mais eficiente, com uma ampliação da extensão e valor do bolsa família, por exemplo", avalia. Nessa segunda-feira (30), seguindo a mesma linha do governo do Estado, o prefeito Rui Palmeira anunciou a prorrogação das medidas para enfrentamento e prevenção contra o coronavírus. “As determinações seguem as orientações da Organização Mundial de Saúde (OMS), Ministério da Saúde e do Governo de Alagoas. Para assegurar o cumprimento das medidas previstas do decreto, os agentes de fiscalização das Secretarias Municipais, em conjunto com os demais órgãos de Segurança Pública do Estado, atuarão no sentido de fiscalizar o efetivo cumprimento das normas estabelecidas por este Decreto”, explica a assessoria da Prefeitura de Maceió.