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Nº 5888
Cidades Pelo novo decreto do governo, comércio segue fechado até o dia 20 deste mês

COMÉRCIO PREVÊ 1,8 MIL DEMISSÕES COM PRORROGAÇÃO DE DECRETO

Estabelecimentos comerciais continuam fechados até o dia 20 de abril; escolas seguem até dia 30

Por Regina Carvalho e Tatianne Brandão | Edição do dia 07/04/2020 - Matéria atualizada em 07/04/2020 às 06h00

Pelo novo decreto do governo, comércio segue fechado até o dia 20 deste mês
Pelo novo decreto do governo, comércio segue fechado até o dia 20 deste mês - Foto: Ailton Cruz
 

A prorrogação do decreto de emergência para conter o avanço do novo coronavírus em Alagoas, anunciada pelo governo do Estado, nesse domingo (5), gerou insatisfação da Aliança Comercial de Maceió. A previsão do setor é de cerca de 1.800 demissões somente no centro da capital. Os estabelecimentos comerciais continuam fechados até o dia 20 de abril e as aulas nas escolas da rede pública e privada seguem suspensas até o último dia deste mês. "A gente tinha conhecimento que iria prorrogar, mas extraoficialmente. O que a gente não entende é que as oficinas estão funcionando, lojas de peças estão funcionando, indústrias estão funcionando, farmácias funcionando. Os bancos têm cada fila absurda, o mercado da produção está cheio e as lotéricas também. A gente está pagando como se fosse o vilão da história", lamenta Guido Júnior, presidente da Aliança Comercial. De acordo com o empresário, os lojistas apresentaram proposta ao governo para reabertura dos estabelecimentos, mas acabou sendo recusada. "A proposta que a gente tinha feito era para reabrir com a metade dos funcionários em duas turmas e com todos os cuidados, mas o governo está irredutível e não concordou. Vai ter muita demissão, todas as empresas já estão alinhando como vão fazer com a redução do quadro e até mesmo de investimento. Isso é uma cadeia. A pesquisa feita pelo pessoal da Aliança Comercial na semana passada aponta que a estimativa é de 1.800 demissões só no centro de Maceió", declara Guido Júnior. Com a prorrogação do decreto, os servidores públicos estaduais continuam em regime de teletrabalho até o dia 20 deste mês. A renovação das medidas preventivas de isolamento social é uma forma de reduzir a transmissão da doença em Alagoas, explica a assessoria do governo do Estado. "A gente fica com as mãos atadas, aí ficam as empresas paradas sem receber nada, sem vender. Tem rede de loja de chocolate que está sem vender na páscoa, o que vai fazer com esse estoque? para a economia, esse momento não vai ter precedente não. Tem loja até que já recebi informação extraoficial que não vai voltar a abrir", acrescenta o presidente da Aliança Comercial. No Centro, em Maceió, estão distribuídas cerca de 600 lojas que empregam mais de 7 mil funcionários. "Tenho conhecimento de duas lojas que não vão voltar mais, vão fechar de vez. Muitas empresas deram férias coletivas, mas quando voltarem vão reduzir o quadro. No comércio a gente vinha de um patamar até bom e agora afundou. Quem estava se recuperando não sei se vai conseguir voltar a funcionar", conclui Guido Júnior.

EMPRÉSTIMO

O empresário Antonio Setton é proprietário de um restaurante na Rua do Livramento, no Centro, em Maceió. Para não ter que demitir parte dos seus 21 funcionários, buscou empréstimo em instituição bancária e utilizou dinheiro da poupança para pagar fornecedores. "Estou buscando todas as alternativas para não demitir meus funcionários. A situação não é fácil. Agora é torcer para que o decreto não seja prorrogado de novo, porque não sei o que será", explica. Setton conta que entende o momento difícil do Brasil para conter o avanço da Covid-19, que é preciso reunir esforços de todas as partes. "Estamos com o restaurante fechado desde o primeiro decreto. Tivemos um prejuízo sim, mas o mais importante é a saúde. Torço para que tudo melhore e a gente volte a trabalhar no dia 20", completa o dono do restaurante.

IMPACTO

O economista Cícero Péricles explica que fechamento impacta diversos setores da economia e os que mais sofrem são as micro e pequenas empresas, pelas dificuldades de venda de seus produtos ou serviços e a dificuldade de crédito, além da concorrência intensa na sua área de clientela de proximidade. "Os setores de comércio e serviços representam 72% da economia alagoana e foram os segmentos mais afetados pelo decreto governamental, na medida em que a maior parte de seus negócios não são serviços essenciais. Fechando o comércio e o setor de serviços, com exceção para a rede alimentar (mercadinhos, supermercados, padarias etc.), farmácias e postos de gasolina, os demais segmentos sofrem muito, principalmente aqueles que dependem do atendimento presencial, como as lojas e os escritórios; e do consumo no próprio local, como bares e restaurantes. Temos segmentos completamente fechados, como na área de turismo, e outros trabalhando lentamente, como a construção civil e abastecimento de combustíveis. Esse fechamento impacta nos demais segmentos como o de transportes, rede bancária e indústria, que dependem desses setores abertos". Segundo ele, as empresas vêm adotando estratégias para superar a crise, como o teletrabalho, por exemplo, e a exploração de outros serviços. "O comércio está criando formas novas de entrega, utilizando os aplicativos, divulgados nas redes sociais; o varejo popular utilizando a estratégia da "meia porta" aberta, que atende a clientela da vizinhança, das ruas próximas do bairro de forma quase artesanal, mas que alivia um pouco o caixa desses negócios; ou seja, de alguma forma o comércio e serviços vão tocando o negócio", disse. Com a perspectiva do Ministério da Saúde (MS) de que a pandemia no país dure pelos próximos dois meses, o economista acredita que o comércio alagoano pode se recuperar e que as medidas adotadas pelo governo federal ajudem a minimizar os danos. "Segundo o próprio Ministério da Saúde, a epidemia deve passar no mês de maio, ou seja, dentro de dois meses. Até lá será esse sufoco, que está sendo amenizado por duas medidas importantes, que entraram em vigor esta semana: a renda básica emergencial, que garante a subsistência da maioria das famílias pobres, dos trabalhadores informais, dos microempreendedores individuais, dos desempregados; e do crédito para pagar a folha de pessoal de empresas de pequeno e médio porte, com faturamento entre 360 mil e 10 milhões de reais anuais, garantindo a sobrevivência da empresa e o emprego de milhares de pessoas. Para uma economia como a alagoana, estas duas medidas atendem às necessidades básicas da maioria esmagadora das famílias, garantem o emprego de muitos trabalhadores e a sobrevivência, com dificuldades, dos milhares de negócios", finalizou.

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