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Médicos alertam que flexibilização de isolamento trará prejuízo no combate à pandemia

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Estado com baixa taxa de isolamento social, Alagoas teve flexibilizada parte das medidas previstas no decreto de emergência para conter o avanço do novo coronavírus. Sem tratamento eficaz e vacina, a Covid-19 ainda é uma ameaça. A única medida para mitigar os efeitos da pandemia, pelo menos por enquanto, é o confinamento.

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| Foto: Assessoria

O diretor médico da Santa Casa de Misericórdia de Maceió, Arthur Gomes Neto, fez um apelo essa semana para que os alagoanos fiquem em casa, atendendo o que dizem às autoridades da saúde. "Nós temos observado um aumento substancial do número de pessoas que chegam nos ambulatórios e o volume de pessoas internadas graves é muito grande, praticamente cinco vezes maior que uma semana atrás. Isso faz com que a gente fique preocupado com a possibilidade de congestionamento de toda rede de saúde e não tenha leitos para internar todos que necessitam", alerta o médico.

Na avaliação de Arthur Gomes, há equipes de profissionais dedicados, mas para isso é importante que todos façam a sua parte. "Temos que ficar em casa, sair se for extremamente necessário e se tiver de sair, usar máscara. Isso é muito importante para tentar conter de alguma forma e minimizar os efeitos da transmissão da Covid-19. Por favor, é um apelo, fique em casa para que a gente possa cuidar de vocês com segurança", encerra o diretor médico da Santa Casa de Misericórdia de Maceió.

Sinmed diz que situação é preocupante

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| Foto: Assessoria

Sobre os estados brasileiros que caminham para a flexibilização do isolamento social, o presidente do Sindicato dos Médicos de Alagoas (Sinmed/AL), Marcos Holanda, explica que a situação é preocupante. "Com o passar dos dias as pessoas certamente vão relaxar com os cuidados de higiene, ampliando a possibilidade de contágio. Por mais que se recomende rigor nos cuidados, é quase automático haver o relaxamento, daí o perigo", alerta.

No caso de Alagoas que começa a registrar taxa preocupante de letalidade pelo coronavírus, Marcos Holanda diz que não é prudente fazer conjectura, antecipar qualquer posição sobre o resultado da flexibilização do isolamento, mas é importante seguir a orientação da Organização Mundial de Saúde (OMS): ficar em casa. A agência especializada em saúde já afirmou que a decisão de suspender medidas de isolamento social deve considerar uma série de fatores e que a estratégia de transição precisa ser cuidadosa e gradual.

Enfim, que os governos precisam examinar parâmetros específicos, como a ocupação de leitos hospitalares, o ritmo de crescimento de novos casos e a proporção de resultados positivos em comparação à quantidade de pessoas testadas. E ao mesmo tempo precisam também implementar uma série de medidas, como fortalecer o sistema de saúde e orientar a população.

"Os gestores estão esquecendo de valorizar os trabalhadores que estão na linha de frente da assistência aos pacientes. Essa mão de obra sempre foi imprescindível, ainda mais no atual momento, mas o tratamento que recebemos dos gestores é de descaso, a começar pela remuneração baixa, pela resistência em pagar os 40% da nossa insalubridade, e também há negligência com os EPIs", avalia o presidente do Sinmed.

Segundo Marcos Holanda, a qualidade e a quantidade do material que tem chegado na rede pública não protege os profissionais de saúde. "Ficamos diretamente expostos, e por longas horas, portanto, os EPIs teriam que ser resistentes e o suficiente para todos, tanto para quem atende como para quem é atendido", conclui.

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| Foto: Assessoria

Para a médica Sarah Dellabianca, coordenadora do Setor de Controle de Infeção Hospitalar do Hospital Unimed, o fato dos estados caminharem para a flexibilização do isolamento social é desfavorável para epidemia no momento atual. "Já há a flexibilização. O provável pico será entre abril/maio. Dificilmente a curva se achatará com os excessos praticados pela população", alerta.

Sociedade de Medicina reforça importância de isolamento

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| Foto: Assessoria

Para Fernando Gomes, presidente da Sociedade de Medicina de Alagoas (SMA), o isolamento nesse momento é muito importante, já que com a evolução da doença nas próximas semanas, será possível conferir uma avaliação mais efetiva. "O isolamento pressupõe uma participação do cidadão, medidas didáticas e informação adequada são importantes. É muito importante que ao sair , o cidadão deve usar máscara, evitar contatos corriqueiros. O isolamento pressupõe cuidados fundamentais", recorda.

Em famílias numerosas, segundo o presidente da Sociedade de Medicina de Alagoas, quem está trabalhando ou saindo tem a obrigação de ao chegar em casa , tomar banho, separar e lavar sua roupa. "A limpeza doméstica, com uma quantidade de água sanitária diluída em água deve ser uma rotina diária e por fim exercitar o corpo e a mente , mesmo em ambientes pequenos, há essa possibilidade. É uma guerra sanitária e a limpeza, imperativa", avalia.

Próximas semanas serão cruciais

De acordo com a Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), a Covid-19, nova doença infecciosa causada pelo betacoronavírus SARS-CoV-2, ameaça pessoas, sociedades e sistemas de saúde pelo mundo todo e que não há tratamento eficaz até o momento, mas que por outro lado, pelo menos 657 estudos clínicos estão em andamento no mundo.

A reportagem questiona ao médico Fernando Gomes se acredita que a situação em Alagoas pode se agravar se o isolamento não for levado a sério, o médico responde que as próximas quatro semanas semanas serão fundamentais para uma análise.

"Saiu um novo estudo do Jeremy Howard do movimento #mask4all que diz o seguinte: se 100% das pessoas usarem máscaras, mesmo que cada máscara tenha uma efetividade baixa (ex. 50%), o valor de RO da epidemia (taxa de reprodução) pode ficar abaixo de 1, ou seja, a epidemia morre. É o chamado efeito de rede. A minha máscara te protege e a sua máscara me protege. Por exemplo, dada uma efetividade de 60%, se ao invés de 20% das pessoas usarem máscaras, 60% das pessoas usarem, o R0 da epidemia cai de 2 para 1. Em se tratando de exponenciais, essa redução tem um efeito monstruoso", conclui Fernando Gomes, citando trecho de estudo que aponta importância do uso de máscaras, publicado semana passada.

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