Cidades
Sindicato denuncia falta de EPIs e crescimento de casos de Covid-19 na Uncisal
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A direção do Sinsuncisal [Sindicato dos Servidores da Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas] denunciou ao Ministério Público do Trabalho (MPT) que os profissionais da linha de frente de combate ao novo coronavírus estão atuando com Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) inadequados. Este seria o motivo, segundo a entidade, de oito casos confirmados de Covid-19 entre os funcionários e mais 11 suspeitos até o momento. Dentre as testagens positivas, duas servidoras estão internadas, uma delas em estado grave, em leitos de hospitais referência no tratamento da doença. Trata-se de uma enfermeira (internada na Santa Casa de Misericórdia de Maceió) e de uma técnica de enfermagem, que está entubada na UTI do Hospital da Mulher. Ambas trabalham na Maternidade Escola Santa Mônica (MESM). De acordo com a presidente do sindicato, Risonilda Costa, outra técnica de enfermagem, dois técnicos de raio-X, uma médica e dois residentes do quadro da Uncisal estão afastados do trabalho após serem infectados. Além deles, 11 técnicos de enfermagem aguardam o resultado do exame. “A nossa preocupação é que os servidores da Uncisal não estão conseguindo os EPIs adequados enquanto estão trabalhando. Eles utilizam máscaras de péssima qualidade e, o pior, os que não apresentam sintomas, mas tiveram contatos com pessoas infectadas, não estão sendo testados”. Ela cobra da Reitoria da instituição de ensino uma atenção especial aos profissionais que lidam com pacientes contaminados. “No sábado, fizemos a transferência de uma servidora da Santa Mônica que está entubada no Hospital da Mulher. Ela foi atendida na UPA do Trapiche, onde passou um tempo, e só foi transferida após intervenção da direção do sindicato. Está em estado grave e sendo monitorada”. Risonilda Costa pede que a Uncisal estabeleça um fluxo de atendimento aos servidores para evitar situações em que os profissionais doentes peregrinem por uma vaga em um leito especializado para o trato da Covid-19. Segundo ela, os EPIs que estão sendo disponibilizados não são suficientes e a direção do sindicato está orientando os servidores a não iniciarem o trabalho em os equipamentos de proteção necessários. A presidente do Sindicato dos Nutricionistas de Alagoas (SINDNUT/AL), Carla Marinho, afirma ser um erro a gestão entender como ‘linha de frente’ apenas os profissionais médicos, enfermeiros e técnicos de enfermagem que atendem os pacientes com suspeita ou confirmação de Covid-19.
AUDIÊNCIA
O Ministério Público do Trabalho (MPT) designou uma audiência com a Uncisal, nesta terça-feira, 28, às 16h, para que a universidade esclareça as medidas que está adotando para prevenir e conter a disseminação do novo coronavírus. Sindicatos ligados aos trabalhadores encaminharam um requerimento ao MPT denunciando a falta de condições adequadas para a execução de suas atividades nas unidades de saúde da instituição. Na audiência, o procurador do MPT Rodrigo Alencar aguarda que a Uncisal e todos os diretores das unidades que compõem a universidade prestem esclarecimentos sobre o fornecimento de equipamentos de proteção individual (EPIs), higienização, desinfecção das unidades de saúde, treinamentos e uma série de ponderações ligadas à política de saúde e segurança no trabalho. “É preciso assegurar aos profissionais de saúde um ambiente de trabalho hígido e saudável, já não bastam os riscos inerentes à atividade. Então os riscos adicionais decorrentes, por exemplo, da falta de fornecimento de EPIs adequados, devem ser regularizados o quanto antes para proporcionar mais segurança e tranquilidade para esses profissionais”, explicou o procurador Rodrigo Alencar. Ainda segundo o procurador, o MPT está em constante diálogo com a Secretaria Estadual de Saúde (Sesau) para sanar os problemas com a maior brevidade possível, tendo em vista a progressão geométrica da disseminação do novo coronavírus. É preciso agir com o máximo de agilidade possível, explicou Alencar, e estimular ao máximo o diálogo entre os sindicatos, os conselhos profissionais e os gestores públicos. A audiência acontece às 16h, na sede do Ministério Público do Trabalho, próximo ao Maceió Shopping. A imprensa poderá acompanhar a audiência.