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Nº 5885
Cidades

Em meio a pandemia, lares de idosos usam da tecnologia para manterem as visitas

Com a situação de pandemia devido ao novo coronavírus (Covid-19), uma preocupação surge em torno dos idosos alagoanos. Dentro do grupo de risco da doença, muitos idosos do estado estão atualmente sendo cuidados em lares de repouso. Alguns abandonados e se

Por william makaisy | Edição do dia 01/05/2020 - Matéria atualizada em 01/05/2020 às 23h55

Com a situação de pandemia devido ao novo coronavírus (Covid-19), uma preocupação surge em torno dos idosos alagoanos. Dentro do grupo de risco da doença, muitos idosos do estado estão atualmente sendo cuidados em lares de repouso. Alguns abandonados e sem o apoio de familiares, encontram nos voluntários e cuidadores dos abrigos, uma nova família, outros, utilizam da tecnologia para se manterem conectados com os entes queridos. 

Para Beth Melo, diretora do Lar São Francisco de Assis, a presença da família é fundamental na vida de qualquer pessoa, principalmente dos idosos, mas, entende que agora são necessárias mudanças devido a atual situação. “A família é fundamental na vida de qualquer ser humano, principalmente dos idosos, porque eles se sentem muito sozinhos. Contudo, entendemos que devido a situação desse novo coronavírus (covid-19), é necessário que a gente se adapte para colocar o cuidado e a saúde deles em primeiro lugar”, disse.

“Muitos aqui possuem celulares e eles mesmo entram em contato com seus familiares diariamente, já outros, nós ligamos ou passamos a ligação, mas o contato sempre há, isso é fundamental aqui. Alguns dos nossos idosos já são mais debilitados e não conseguem usar o telefone, por exemplo, mas sempre os informamos que a família está ligando para saber deles, é nossa forma de passar por essa situação da melhor forma possível para eles” contou a diretora do lar.

Ela conta também que devido ao novo vírus o cuidado no lar foi reforçado e o quadro de cuidadores foi reduzido para somente o essencial. As visitas, segundo a diretora, foram encerradas para dar lugar às ‘visitas virtuais’ através dos aparelhos telefônicos.

“Vez ou outra um familiar de algum deles vem aqui trazer alguns presentes ou algum lanche especial, mas eles entendem que devido a situação é melhor manter certa distância, então no máximo tem aquela cumprimentada de longe. É um pouco triste mas sabemos que isso é o melhor para que no futuro todos possam conviver”, relatou Beth Melo.

VOLUNTÁRIOS

Em alguns lares, no entanto, a situação não é tão reconfortante. No Lar Santo Antônio de Pádua, localizado no bairro do Village Campestre,na capital alagoana, a realidade de muitos idosos é a do abandono, e para eles, os cuidadores e voluntários são sua única família, como conta uma das voluntárias, Camila Oliveira, que está lá todos os fins de semana.

“Dos idosos que temos aqui, apenas em torno de 10% a família permanece em contato, o resto são normalmente vítimas de abandono. No momento estamos com as visitas suspensas por tempo indeterminado, não sabemos até quando essa pandemia vai permanecer. E como eles já vivem de quarentena resolvemos continuar preservando a saúde deles. A maioria são idosos, alguns dele tem doenças que fizeram eles permanecer na lista do grupo de risco então por isso não estamos liberando visita”, disse a voluntária. 

Ela conta que em relação os cuidados especiais com os 97 idosos do local, são realizadas lavagens das mãos, e que os cuidadores estão sempre presentes, utilizando álcool em gel e orientando sempre a importância da higienização. Ela reforça também que os cuidados com remédio também aumentaram e estão sendo usado alguns medicamentos de vitamina C, de forma a aumentar a imunidade do grupo.

Rodrigo Ribeiro, que também é um dos voluntários, conta que houve uma ‘identificação’ com o lar, que os fez querer ajudar essas pessoas da maneira que podiam. “De alguma forma, nós viramos tipo ‘representantes’. Quase todo fim de semana tentamos estar lá presentes, daí se criou uma amizade, com a administração e com eles. Era uma ajuda que estavam precisando”, contou o jovem.

Ele conta também que muitos deles possuem histórias para contar e só esperam que sejam ouvidas. Muitas delas, para ele, soam como ‘sonhos que não puderam ser vividos’. Entre os relatos Rodrigo conta que é muito comum ouvir histórias de idosos que foram deixados no abrigo com desculpas de familiares que falavam de ‘reformas em casa’ e nunca mais apareceram. 

Entre elas, claro, existem aquelas que possuem um final feliz, como a contada por Camila Oliveira. “Um deles foi deixado aqui quando era um pouco mais novo e sempre procurou pela família. Depois de muitos anos procurando a família veio buscar ele. Essa é uma história que me emociona muita, apesar desse tipo de final não ser frequente entre os idosos que residem aqui”, relatou a jovem. 

O Lar Santo Antônio de Pádua não recebe ajuda governamental e se mantém através de doações. Segundo os voluntários, alguns grupos estão sempre ajudando com doações que vão desde alimentos a matérias de limpeza. Os interessados em ajudar o lar, seja através de ajuda monetária, alimentícia, ou através de ações voluntárias com os idosos, podem entrar em contato com eles através dos números: (82) 9 9998-7470 (Camila) e (82) 9 9149-9197 (Rodrigo Ribeiro).

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