A taxa de isolamento social em Alagoas foi de 48,2%, no último domingo (10), o que levou a nona melhor colocação no ranking entre os estados brasileiros que adotaram essa medida para mitigação e contenção do novo coronavírus. O índice ainda é preocupante, mesmo com o rigor do novo decreto do governo do Estado de enfrentamento à pandemia, que começou a vigorar há uma semana. Médicos e pesquisadores defendem o isolamento social para evitar a explosão do número de casos e não sobrecarregar ainda mais o sistema hospitalar. Há ainda quem acredite que não se deve esperar mais: o lock down - medida extrema adotada em grave ameaça à saúde - deveria ser implementado logo em Alagoas. Para o infectologista Renee Oliveira, a população continua desobedecendo o decreto, mesmo com o endurecimento das medidas. “O isolamento não está sendo obedecido. A sociedade está muito relutante em aceitar o isolamento. Mesmo com essas normatizações, não está sendo algo rotineiro. Não apenas na Caixa Econômica Federal, ainda há gente andando nas ruas, muitos carros, sempre têm aglomerações em alguns lugares. O decreto não está sendo respeitado”, afirma. O médico reforça que restringir a movimentação nas ruas ainda é a melhor forma de segurar o avanço de casos. “O que está acontecendo é uma coisa também da nossa incompetência, que não poderia acontecer, já que o nosso sistema de saúde já está saturado. É só ver como estão as UPAs”, avalia. “Estamos testando mais, mais casos aparecendo, mas têm muitos pacientes que chegam com queixas e sintomas que é Covid e não são testados. Aí essas pessoas estão passando para mais duas ou três outras pessoas. É uma bola de neve”, declara o médico Renee Oliveira. Sobre o lockdown, na avaliação do infectologista, provavelmente essa será medida obrigatória em pouco tempo. “Acho eu, mas tudo depende da política. Nós não temos uma linha só de pensamento no Brasil. Se todo mundo pensasse igual seria mais fácil. No Ceará (que decretou o lock down) ainda teve tempo de criar mais vagas, mas aqui em Alagoas eu não sei como vai ser, se vamos conseguir ou não. As mortes estão começando a chegar perto das pessoas, os nomes, e isso começa a assustar”, declara Oliveira.
Ainda tem a questão preocupante da subnotificação que é muito alta em Alagoas. “Se temos 2 mil casos, multiplique por dez. Acho que temos mais de 20 mil casos em Alagoas, porque temos 2 mil pessoas testadas, positivas, muitas outras para chegarem ainda o resultado. Muitos acabam contaminando duas ou três dentro de casa, nos ônibus ou andando na rua”, finaliza Renee Oliveira.
Desde o último dia 6, entrou em vigor o novo decreto que proíbe o acesso a praias, calçadões à beira-mar, orlas de rio, lagoas e praças. A restrição da circulação de pessoas nesses locais, para praticar qualquer tipo de atividade, tem duração até o dia 20 de maio. Também é obrigatório o uso de máscaras pela população
DIA DAS MÃES
Alagoas registrou a 9ª maior taxa de isolamento social do Brasil durante o Dia das Mães, comemorado nesse domingo (11). Dados da empresa de tecnologia Inloco revelam que 48,2% das pessoas que moram em Alagoas passaram a data em casa. O Pará ficou em 1º lugar no ranking, com 54,9% de índice. O último lugar do ranking ficou com Goiás, com apenas 40% da população adotando a medida.