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Cidades Maceió, 19 de março de 2012
Mercado do Peixe em Maceió.
Foto: Ailton Cruz

VENDA DE PEIXES CAI 30% EM MACEIÓ COM ISOLAMENTO

Diante da fuga de clientes, comerciantes tiveram de baixar o preço e passar a fazer entregas em domicílio

Por Marcos Rodrigues | Edição do dia 22/05/2020 - Matéria atualizada em 22/05/2020 às 07h51

A mudança do comportamento do consumidor por causa do medo de se contagiar com o coronavírus afetou a venda do pescado, pelo menos na capital. Para quem vive do comércio, a queixa é grande, já que, conforme atestam, a maré não está para peixe. Em média o recuou nas vendas foi de pouco mais de 30%, mesmo com a redução dos preços após a Semana Santa. Segundo a experiente vendedora Lúcia Maria de Oliveira, 58 anos e que desde pequena vende pescados, o momento mais crítico para o setor foi sentido já no segundo mês de isolamento social. O desaparecimento do consumidor do Centro Pesqueiro foi perceptível. Diante da nova realidade, a saída foi se reinventar. “Para gente que tem clientes antigos e selecionados que conhecem o nosso trabalho e a qualidade do nosso produto, o jeito foi passar a fazer a entrega em domicílio. E aí um foi passando para o outro e fomos conseguindo fazer parte da produção ter saída”, disse Lúcia. Um de seus produtos bons de venda, o Camarão Vila Franca, cujo preço oscilava entre R$ 60 e R$ 70 o kg, agora pode ser comprado a R$ 40 ou R$ 35. “O preço ficou ótimo depois da Semana Santa, mas, mesmo assim, não tem gente para comprar. A gente é que tem que viabilizar novas formas”, completou.

Um detalhe importante é que, além da queda nas vendas, a inclusão da entrega passou a aumentar o custo total. Entretanto, para não perder os clientes, ela conta que a melhor opção é não incluir isso no valor do pescado.

Paralelamente à ausência do consumidor, o funcionamento em horário reduzido, que ficou das 7h às 14h, também acaba sendo mais um ponto a se somar às dificuldades. Por isso, os vendedores do local torcem pelo fim do isolamento. “Não dá para ficar assim, porque a medida que as regras foram aumentando, dificultando a circulação de pessoas naturalmente o problema foi se ampliando. Tudo ficou muito restrito”, completou Lúcia. O quilo do peixe também teve uma queda importante. Em média, o que era vendido a R$ 40 agora é ofertado a R$ 25. Assim como os demais produtos, ele não era vendido apenas para o cliente avulso, já que também eram adquiridos por bares e restaurantes. “ O fechamento ou pelo menos a redução desse comércio também atinge a gente aqui. Como eles não vendem, a gente também ficou sem vender, aí a valorização do produto também cai”, analisou Luiz Silva. Ele tem acompanhando a repercussão do avanço da pandemia e temia que fosse decretado o lockdown, que seria o fechamento total. Se isso ocorresse, em sua avaliação o que está ruim ficaria ainda pior. “Atrapalha quem pesca, quem vende na banca, quem vende no restaurante e também o consumidor comum, que fica sem oferta. Porque pode ser que tenha um momento que a saída das jangadas também diminuam”, ponderou Luiz. Com o cenário na capital sendo diretamente afetado, estima-se que quem faz a produção em cativeiro também tenha sido afetado. Entretanto, a Gazeta não conseguiu detalhes com a Secretaria Estadual de Agricultura, Pecuária, Pesca e Aquicultura, mas até o fechamento desta edição não obtivemos informações oficiais.

O que se sabe é que, com a restrição de acesso aos mercados e feiras livres no interior do Estado, o consumo também possa ter diminuído, o que, por tabela, pode afetar quem trabalha com a criação.

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