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NEGROS SÃO MAIORES VÍTIMAS DA COVID E DA VIOLÊNCIA EM AL

Falta de políticas públicas e de igualdade racial acentua situação de vulnerabilidade

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Os primeiros levantamentos de vítimas do coronavírus com definição racial nos boletins epidemiológicos das secretarias de Saúde do Estado e de Maceió mostram que a população negra aparece com os maiores índices de mortos e contaminados. Como se isso não bastasse, a falta de políticas púbicas no governo Renan Filho (MDB) revela, na estatística da Secretaria de Segurança Pública, que, de janeiro a abril, mais de 80% dos 491 assassinatos vitimaram a população pobre e negra da periferia e áreas de vulnerabilidade social do Estado. A identificação racial das vítimas da Covid-19 começou após denúncia do Instituto do Negro de Alagoas (Ineg/AL) ao promotor de Justiça Antônio Sodré. A Sesau e a Secretaria Municipal de Saúde de Maceió passaram a coletar e divulgar Boletins Epidemiológicos com informações da cor dos contaminados. No primeiro levantamento da Saúde de Maceió, foi identificado que 38,86% dos casos confirmados são de negros (pretos e pardos) e 8,99% brancos; 55,56% constam como raça em análise. Nos óbitos, 14,12% são de negros; 1,18% brancos e 84,71% raça em análise. O último item aparece porque os levantamentos começaram a ser feitos a partir do dia 8, apesar de tais dados constarem na plataforma do Ministério da Saúde.

VIOLÊNCIA

Outro dado que aparece em números oficiais e nos desabafos das lideranças negras é que maioria das vítimas da violência [mais de 52%] eram jovens com idades entre 18 e 29 anos, moravam em bairros pobres, favelas e encostas de morros. Sem acesso à educação, saúde, trabalho, segurança, cultura, esporte e lazer de qualidade. Por isso, militantes dos movimentos negros, ONGs e pesquisadores cobram políticas inclusivas. Um dos militantes da luta por igualdade racial que não quis ser identificado afirmou que a polícia é, a maioria das vezes, a única presença do estado nas comunidades e age com truculência. As organizações de Movimento Negro, a OAB, pesquisadores da Ufal e entidade culturais defendem a adoção de políticas públicas com recursos do Fundo de Igualdade Racial, criado para esse fim e que estaria parado desde 2015. Conforme os relatórios mensais da SSP/AL, de janeiro a abril ocorreram 491 crimes letais, 68 a mais que no mesmo período do ano passado, quando não se falava no perigo de contaminação da Covid-19. Ao traduzir os números, fica evidente que quatro pessoas [3,66 de acordo com a estatística dos crimes letais] foram assassinadas, diariamente, até o final do mês passado. Ainda de acordo com estatísticas oficiais, 93, 1% dos mortos eram do sexo masculino. Ao analisar o perfil racial das vítimas, consta que 12,4% dos mortos eram brancos, enquanto negros [pretos e pardos] somam 78,8% e 8,8% aparecem como mortos sem identificação racial. A mesma tendência da estatística se repete nas duas cidades mais violentas do Estado: Maceió e Arapiraca. O Estado voltou a perder neste quadrimestre um capital humano valioso, costuma afirmar o pesquisador Geraldo de Majela, quando estuda a violência e pesquisa a faixa etária das vítimas. Entre os mortos, 52,5% tinham entre 18 e 25 anos de idades; 24,6% entre 30 e 45 anos. Quer dizer, Alagoas perdeu 87,1% do ativo de mão de obra que poderia ter dado valiosa contribuição à economia se tivesse tido oportunidades. Em Maceió, foram assassinadas, este ano, 145 pessoas (91,7% eram homens), 17 cidadãos a mais que no mesmo período de 2019. Em Arapiraca houve redução, com o registro de 25 crimes letais e intencionais. Portanto, 16 crimes a menos. No período da pandemia [março e abril], o número de assassinatos em Alagoas cresceu 10,5%, na comparação com igual período do ano passado. Segundo boletim da SSP, foram 230 homicídios contra 208 registrados em 2019.

Leia mais na página A11

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