app-icon

Baixe o nosso app Gazeta de Alagoas de graça!

Baixar
Nº 5695
Cidades

PATRULHA MARIA DA PENHA REGISTRA AUMENTO DA DEMANDA

Nos cinco primeiros meses deste ano, número de mulheres protegidas pelo serviço cresceu 146% em Alagoas

Por Jobison Barros | Edição do dia 30/05/2020 - Matéria atualizada em 30/05/2020 às 06h00

O número de mulheres protegidas pela Patrulha Maria da Penha, que fiscaliza o cumprimento das medidas protetivas em Maceió, aumentou 146% de janeiro a 26 de maio de 2020, em comparação com o mesmo período do ano anterior. Com a pandemia e o decreto de isolamento social, casais estão passando mais tempo juntos, o que pode ocasionar brigas e discussões, elevando, assim, o número de casos de violência contra a mulher. O serviço da Patrulha Maria da Penha acontece apenas na capital alagoana e funciona da seguinte maneira: a mulher vítima de qualquer violência por parte do seu companheiro realiza a denúncia na delegacia especializada e, após o inquérito ser concluído, o assunto é tratado no juizado. “É na audiência que o juiz percebe que essa mulher necessita do serviço da patrulha e, a partir dessa observação, nos envia para que possamos visitar a vítima diariamente”, ressaltou a comandante da Patrulha Maria da Penha, major Danielle Assunção. De janeiro a 26 de maio deste ano foram 148 novas mulheres assistidas pela Patrulha Maria da Penha, 1.196 visitas fiscalizatórias e 21 prisões de agressores, sendo que 12 delas ocorreram no período de quarentena. Desde o início da Patrulha Maria da Penha foram encaminhadas 377 mulheres para serem assistidas pelo programa. Dessas, 174 encontram-se ativas e 203 já tiveram suas medidas encerradas.

SERVIÇOS DURANTE PANDEMIA DA COVID-19

Segundo o cabo Eugênio, as ações de proteção às vítimas exigem alguns cuidados durante a pandemia. “Neste período estamos trabalhando com o atendimento via telefone e ronda. A primeira visita segue sendo presencial, mas não ficamos na casa da assistida. De preferência, atendemos em um lugar mais arejado, obedecendo o espaço de um metro de distância, para conversar com a mulher”, explicou. “Na oportunidade, os policiais explicam o funcionamento da Patrulha Maria da Penha e fornecem o número de telefone exclusivo da guarnição. Quando se sentem ameaçadas, as mulheres ligam diretamente para a guarnição, que está disponível 24 horas por dia para efetivar as medidas deferidas pelo Juizado de Violência Doméstica da Capital”, completou o cabo Eugênio.

TJ RECOMENDA QUE JUÍZES PRORROGUEM MEDIDAS PROTETIVAS

A Ordem dos Advogados do Brasil Seccional Alagoas (OAB/AL) solicitou ao Tribunal de Justiça de Alagoas (TJ/AL) que emitisse uma recomendação para que os juízes prorroguem medidas protetivas de urgência às mulheres em situação de violência doméstica. O pedido foi acatado pelo TJ/AL, por meio de decisão da desembargadora Elisabeth Carvalho.

A solicitação foi feita pela Comissão de Direitos Humanos (CDH) e pela Comissão Especial da Mulher (CEM), levando-se em consideração as estatísticas de feminicídio em Alagoas, que podem aumentar devido ao isolamento social que é utilizado como medida restritiva à proliferação da Covid-19. Segundo o presidente da OAB/AL, Nivaldo Barbosa, a recomendação é uma medida importante para que as mulheres vítimas de violência estejam protegidas neste momento em que o ambiente doméstico é historicamente marcado pela vulnerabilidade feminina. “É importante que as medidas protetivas sejam prorrogadas, para garantir às mulheres mais segurança. Infelizmente, o ambiente doméstico é o que deixa a mulher mais vulnerável, e precisamos garantir que, em casa, ela esteja protegida”, disse. Além disso, a desembargadora determinou que os juízes realizem a divulgação, nos municípios de sua competência, pelos diversos meios de comunicação, dos contatos de e-mail/telefone que possam auxiliar os jurisdicionados a falar com os órgãos integrantes do sistema de Justiça. A presidente da CDH, Anne Caroline Fidélis, explicou o motivo do pedido encaminhado ao TJ/AL. “Quando analisamos as estatísticas de feminicídio em Alagoas, observamos que muitas mulheres são assassinadas dentro de casa, tendo pessoas do seu círculo familiar como algozes. Sabendo disso e, considerando o período de confinamento em virtude do novo coronavírus, entendemos ser essencial que medidas sejam tomadas por todos os órgãos para auxiliar mulheres a preservarem suas vidas. Além do ofício ao Tribunal de Justiça, também enviamos uma série de solicitações à Secretaria de Segurança Pública, entre elas, a ampliação dos canais de denúncia às Delegacias e o aumento do efetivo da Patrulha Maria da Penha”, explicou. A presidente da CEM, Caroline Leahy, afirmou que a comissão vem acompanhando, de perto, todos os casos de violência contra as mulheres e que tais medidas são essenciais para inibir novos atos. “Todos nós estamos atentos e acompanhando, de perto, todos os casos. Infelizmente é uma triste realidade a mulher não ter segurança em sua própria casa. Mas, com essas recomendações dadas pelo Tribunal de Justiça, vamos conseguir diminuir essas estatísticas”, destacou.

ONG OFERECE ATENDIMENTO ONLINE

O Centro de Defesa dos Direitos da Mulher (CDDM), uma Organização Não Governamental (ONG), está oferecendo ajuda às mulheres alagoanas vítimas de violência e em situação de vulnerabilidade durante o período de isolamento social. O atendimento é on-line e conta com a ajuda de advogadas, psicólogas e assistentes sociais. O objetivo é oferecer um suporte às mulheres que sofrem qualquer tipo de violência, e acontece às segundas, quartas e sextas, das 14h às 17h, via WhatsApp, através dos telefones 99922-5202 e 98812-5800. “Nosso atendimento e apoio é feito presencialmente, mas devido a necessidade da pandemia que exige o isolamento social, buscamos meios possíveis para dar continuidade aos nossos serviços e poder atender a todas que precisam de um apoio, seja ele emocional, jurídico ou apenas uma boa conversa”, explica Paula Simony, coordenadora geral do CCDM. Além dos casos de agressões físicas, a Lei Maria da Penha, sancionada em 2006, prevê que violência psicológica, sexual, patrimonial e moral também são consideradas condutas que ferem o Código Penal brasileiro. A ONG lembra que, em caso de violência doméstica, as mulheres devem também buscar ajuda através do número 190 e do 180. Relatos nas redes sociais Nas redes sociais, os relatos de terceiros sobre brigas de casais na internet aumentaram 431% no Brasil inteiro desde o início do isolamento social provocado pela pandemia do coronavírus, mostra um levantamento do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FSBP) em parceria com a empresa de pesquisas Decode Pulse. No total, foram analisadas 52.315 menções no Twitter, das quais 5.583 indicavam a ocorrência de violência doméstica contra mulheres.

Mais matérias
desta edição