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PROTESTOS APÓS ASSASSINATO DE NEGRO NOS EUA REPERCUTEM EM AL

Para especialistas, violência sofrida pela população negra no Brasil também seguem uma lógica racista

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Os protestos nos Estados Unidos após a morte de um segurança negro por um policial branco repercutiram no Brasil. Durante abordagem, George Floyd foi imobilizado, avisou que não conseguia respirar e Derek Chauvin não recuou, situação flagrada em vídeo que atiçou a revolta em vários países. O caso foi no último dia 25, em Minneapolis. Dados do IBGE confirmam a violência contra os negros no Brasil. A taxa de homicídio no período de 2012 a 2017 entre pessoas pretas ou pardas apresentou um aumento de 37,2 para 43,4 mortes para cada 100 mil habitantes. Enquanto isso, para a população branca, o índice ficou estável entre 15,3 e 16. “Os protestos que vêm acontecendo nos Estados Unidos contra o racismo são a resposta, mais uma, contra um sistema que diariamente violenta pessoas negras. O assassinato de George Floyd foi o estopim que acabou provocando as manifestações, mas elas se configuram como a expressão de indignação contra o racismo e os diversos assassinatos de pessoas negras ao redor do mundo. O cenário da luta racial nós Estados Unidos diverge do cenário da luta racial no Brasil, mas as violências sofridas são parecidas e seguem uma lógica racista”, declara Brunna Moraes, do Instituto Negro de Alagoas (INEG). De acordo com Brunna Moraes, “infelizmente, no Brasil temos uma situação de violência policial legitimada pelo Estado e um processo de formação do negro brasileiro que dificulta a identificação enquanto povo e comunidade. Ainda assim, os chamados para os atos que se coloquem contra as operações policiais que matam pretos e pretas nas periferias são extremamente importantes para propor uma discussão e inflamar o debate sobre nossas mortes”, finaliza. Mestre em Educação pela Universidade Federal de Alagoas (Ufal), José Bezerra da Silva, presidente do Instituto Vozes Quilombolas, avalia a repercussão do assassinato nos EUA. “Entendo que as movimentações de rua que vem ocorrendo nos Estados Unidos contra o assassinato daquele negro pela polícia é algo recorrente. A população negra dos Estados Unidos e não somente dos Estados Unidos, mas do mundo vem padecendo da situação de opressão e de escravidão também”, explica.

“Primeiro nós temos uma população negra que sempre foi de certa forma escravizada e terrivelmente banida pela ação da população branca e esse ato se repete, só que agora apresenta na minha percepção algumas diferenças. Parcelas enormes da população branca passam a apoiar o movimento negro inclusive com o enfrentamento da polícia. Se era apenas uma ação dos negros em busca de reconhecimento, em busca de dignidade contra a ação policial agora me parece que isso toma um sentido diferenciado”, acrescenta.

Imagem ilustrativa da imagem PROTESTOS APÓS ASSASSINATO DE NEGRO NOS EUA REPERCUTEM EM AL
| Foto: Cortesia

“Não há nada mais importante que a vida das pessoas. Esse é o direito mais elementar de todos. Não podemos banalizá-lo. As mobilizações recentemente deflagradas nos EUA e em alguns locais no Brasil acenderam mais uma vez o sinal de alerta. O racismo e a violência não deveriam ter espaço em pleno século XXI. De outro lado, embora absolutamente legítimos, nenhum protesto deve descambar para agressões e depredação, como foram vistos em alguns casos. Ao mesmo tempo em que protestar é um direito garantido pela Constituição, as manifestações também precisam observar a legalidade e o respeito. Acompanhamos com muita preocupação as manifestações violentas”, avalia o presidente da OAB/AL, Nivaldo Barbosa Júnior.

MILITARES

Ontem, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou que vai enviar militares norte-americanos às ruas do país caso os governadores e prefeitos não ponham fim à violência nos protestos antirracistas que se espalharam após a morte do ex-segurança negro George Floyd.

Trump reforçou que “encorajou fortemente” os estados a convocar a Guarda Nacional em número suficiente para dominar as ruas. De acordo com gravações obtidas pela imprensa dos EUA, o presidente disse aos governadores que eles “parecerão um bando de idiotas” caso permitissem violência nos protestos. Governadores em diversos estados norte-americanos pediram reforço de integrantes da Guarda Nacional que atuam já em cada um desses locais. O primeiro a pedir ajuda foi Minnesota, justamente o estado onde George Floyd morreu.

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