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quarta-feira, 30/07/2025 | Ano | Nº 6021
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Pandemia

BAIRROS AFETADOS POR MINERAÇÃO PASSAM POR NOVA CRISE ECONÔMICA

Empresários do Pinheiro, Mutange e Bebedouro sofrem queda no faturamento com pandemia

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Muitos empresários da região já falam em fechar estabelecimento devido à pandemia
Muitos empresários da região já falam em fechar estabelecimento devido à pandemia -

Quem sobreviveu ao afundamento e as rachaduras no bairro Pinheiro, agora na crise econômica provocada pela Covid-19 sofre em dobro. É que com o efeito danoso da mineração da Braskem na região, o movimento de pessoas na região foi caindo bruscamente. Aí veio o novo coronavírus e o isolamento social, para ser um segundo e o mais duro golpe sentido pelas empresas. Nem o comércio de gêneros de primeira necessidade, como alimento, escapou da queda nas vendas provocada pelo sumiço dos consumidores. Dono de um mercadinho, o HortFrut Belas Artes, José Alves, depois do segundo tropeço comercial, pensa até em fechar às portas. Em pouco menos de dois anos viu seu faturamento cair de R$ 90 mil para R$ 50 mil, com a crise do bairro. Depois da pandemia, tudo piorou. Conforme revelou, os sábados em que chegava a vender até R$ 5 mil em mercadorias caíram para R$ 200 atualmente. “Eu já pensava em fechar porque minhas perdas foram muito grandes. Vinha numa crescente e vendendo bem. Veio a questão do Pinheiro e foi caindo ainda mais. Fui orientado a ficar mais um pouco pelos advogados, mas provavelmente eu devo fechar mesmo, porque não tenho, praticamente, mais movimento”, relatou José Alves. Por morar num bairro em decadência, com a saída forçada de pessoas e o medo que se instalou, no seu caso nem o delivery foi capaz de dar um fôlego ao negócio. Segundo explicou, nessa área o consumo era doméstico. “Era basicamente feito por pessoas do bairro”, lamentou, dizendo que espera a reabertura dos comércios para avaliar o rumo que tomará.

ABANDONO

Tão grave quanto a crise é o abandono, diz o presidente da Associação dos Empreendedores do bairro do Pinheiro, Alexandre Sampaio. A entidade surgiu em meio a calamidade pública que afetou o bairro. Ele revela que a morte econômica da região que afetou os bairros do Mutange, Bebedouro e Pinheiro começou com a calamidade pública nacional da mineração e foi ainda pior com a pandemia.

“A primeira é o maior acidente tecnológico já registrado na história do país e a segunda pandemia é a maior já existente no Brasil nos últimos 200 anos. E tem uma terceira que a omissão das autoridades. Somos refugiados ambientais e políticos, porque os direitos que temos como cidadãos e empresas que produzem riquezas foram usurpados”, denunciou Sampaio. A crítica recai sobre órgãos de fiscalização como o Ibama, IMA, Agência Nacional de Mineração, as defesas civis e demais autoridades, inclusive o governo do Estado, que não fez nenhuma ação concreta para o bairro. A Prefeitura Municipal também não escapou, já que segundo explicou, nem a Lei 6.900 que não consegue ser aplicada para as empresas do Simples Nacional. E isso se agrava com o isolamento social provocado pelo coronavírus que acabou sendo uma segunda rasteira em quem tentava se manter em pé. Assim como ele, que viu sua imobiliária sucumbir à crise, teve que fechar um segundo negócio. Até mesmo sua esposa que havia deixado o bairro e montou uma clínica em outra área, acumula perdas por conta dos efeito econômico da doença já que teve que fechar às portas.

“O primeiro subgrupo de empresas já fechou com o primeiro baque. Tem as que conseguiram se mudar de bairro, tem as que sobreviveram ou estão quase quebrando com a segunda onda da pandemia. E tem as que tinham ponto próprio, saíram e tiveram que alugar um novo ponto. Ou seja, não pagavam nada e agora têm um novo custo. Quem permaneceram no bairro e já estavam negativadas e não conseguiram levantar nenhum dinheiro”, disse Alexandre.

Estas empresas estão em situação tão grave quantos as outras. Além de não conseguirem nenhum tipo de empréstimo, a chamada indenização para deixar o bairro negociada pelos Ministérios Públicos Estadual e Federal só lhes garante R$ 10 mil e entrega do ponto. O valor é considerado baixo para três mil delas. “Qual é das 3 mil empresas do bairro que já vinham sem empréstimo e nem saíram até a gora, com pontos de 100 m e até 500 m de área, que e vão começar um negócio com apenas R$ 10 mi?l”, indagou Alexandre.

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