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RETOMADA DE SERVIÇOS GERA DIVERGÊNCIAS ENTRE ESPECIALISTAS

Dilema entre salvar vidas e a economia ao mesmo tempo volta a ganhar força com a expectativa de reabertura parcial no dia 23

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Estabelecimentos comerciais como bares e restaurantes podem vir a ser abertos na próxima semana na capital
Estabelecimentos comerciais como bares e restaurantes podem vir a ser abertos na próxima semana na capital -

A retomada gradual dos serviços suspensos por decreto estadual desde março como medida de combate ao novo coronavírus divide opiniões. Os protocolos sanitários para a reabertura de setores produtivos devem obedecer cinco etapas, com a possibilidade de início desse processo ainda este mês. Para entidades do comércio, a volta dos serviços já pode acontecer e será segura; já especialistas afirmam que ainda é cedo e Alagoas pode ter que fechar tudo novamente. Mesmo com a possibilidade de autorização para funcionar a partir deste mês, a Igreja Batista do Pinheiro deve continuar com as atividades suspensas. “Decidimos suspender nossas atividades antes mesmo do decreto e não devemos voltar no dia 23. Não temos pressa. Não vejo motivo para as igrejas terem pressa. Tudo indica que possivelmente voltaremos somente em agosto. A igreja não é comércio”, declara o pastor Wellington Santos, presidente da Igreja Batista do Pinheiro. Para o infectologista Marcelo Constant, o que importa neste momento é preservar a vida e não há ainda segurança suficiente para reabrir setores que tiveram funcionamento suspenso como medida para evitar a proliferação do coronavírus. “O que entendo é que só se pode tomar uma decisão dessa, de abertura, quando você tiver dados seguros que indiquem que a pandemia está sob controle. Enquanto isso não acontecer, pelos dados apresentados, seria precipitado. De repente pode acontecer o que aconteceu em outros lugares de abrir e ter que fechar depois. O que importa nesse momento é preservar vida”, declara. O protocolo sanitário e distanciamento social foi publicado no Diário Oficial do último dia 15, apresentado de forma a integrar as ações do plano gradual de retomada das atividades econômicas em Alagoas e definindo medidas sanitárias gerais e específicas para cada setor para a prevenção da Covid-19. “O isolamento é para evitar o congestionamento na rede hospitalar e só se vai saber que o momento é para abertura quando tiver uma situação de número decrescente de pessoas hospitalizadas e óbitos. Aí pode flexibilizar e não abrir de vez, progressivamente. Pelo que tenho visto algumas cidades ainda estão no pico. A situação não está sob controle”, acrescenta o infectologista. Segundo Andressa Targino, assessora técnica da Federação do Comércio do Estado de Alagoas (Fecomércio/AL), por ter participado ativamente de todo o processo de construção do protocolo, em especial no grupo de trabalho do comércio, a entidade acredita que as medidas sanitárias publicadas na portaria conjunta serão eficazes na retomada gradual dos setores produtivos. A reportagem pergunta a Andressa Targino quando acredita que os setores estarão funcionando plenamente. “Tudo depende de como se comportará a curva de contaminação. Se tudo ocorrer conforme o esperado e conseguirmos evoluir nas fases do protocolo, propostas pelo governo do Estado, a expectativa é a de que em meados de agosto tenhamos funcionamento total dos setores produtivos, mas ainda atendendo as medidas sanitárias”, declara. “Acreditamos que seja um desafio para todo o setor produtivo, ou melhor, para toda a sociedade a adaptação ao ‘novo normal’. Enquanto entidade representativa do Comércio, Serviços e Turismo, a Fecomércio visa facilitar essa transição para os empresários, trabalhando através de uma equipe multidisciplinar na atualização e esclarecimentos que se façam necessários. Nossos canais encontram-se abertos para tirar dúvidas”, finaliza a assessora técnica da Fecomércio. Segundo o professor Sergio Lira, que integra o Grupo de Modelagem Científica e Simulação do Surto de Covid-19 em Alagoas, em parecer técnico enviado aos Ministérios Público Federal e Estadual de Alagoas, foi destacado que um plano de flexibilização das medidas de isolamento social e reabertura de comércio precisa de critérios objetivos e cientificamente embasados. Na avaliação apresentada ao MPF e ao MPE, o grupo alerta que a proposta atual de retomada do governo carece destes critérios e corre o risco de implementar uma reabertura precoce e sem segurança. “Projetamos que uma flexibilização do isolamento sem controle adequado pode levar a um aumento de até 100% na taxa diária de mortes no estado, e portanto precisa ser bastante esclarecida”, declara Lira. “Destacamos ainda que qualquer proposta de flexibilização precisa vir acompanhada de um grande aumento do monitoramento de casos: aumento da capacidade de testagem laboratorial (RT-PCR), registro e monitoramento de casos suspeitos e confirmados, rastreamento da cadeia de contágio, quarentena eficiente de casos, distribuição de máscaras para toda a população com instruções adequadas de uso, mobilização das equipes de saúde básica para prevenção em áreas afetadas. Estas medidas ainda não foram tomadas pelo governo e nem estão previstas no plano de reabertura”, diz. Nas etapas do protocolo, igrejas, lojas, salões de beleza e barbearias poderão voltar a funcionar nas próximas semanas com capacidade reduzida.

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