Os últimos boletins epidemiológicos apontam uma tendência de estabilização do número de casos de Covid em Maceió e crescimento no interior de Alagoas. Essa situação já era prevista por especialistas e tem ocorrido em outros estados brasileiros.

A possibilidade de consolidação desses números na capital, entretanto, ainda não é motivo de despreocupação para as autoridades de saúde. Isso porque a tendência é que pacientes de municípios do interior - onde não há rede hospitalar com suporte suficiente - acabem vindo para Maceió. Ou seja, os leitos deverão ser ocupados e a situação pode evoluir para a saturação.

“A tendência é ir para o interior e isso não é só em Alagoas. Maceió foi o epicentro inicial e aqui já temos um número grande de pessoas que passaram pela Covid e no interior não. Fora que aqui você tem um pouco mais de isolamento, de distanciamento social e no interior é zero”, declara o infectologista Renee Oliveira. Na avaliação do médico, “esses pacientes (do interior) vão acabar sendo trazidos para a capital porque não tem como suprir a demanda de UTIs, no semi-intensivo ou mesmo nas enfermarias em outros municípios. Essa é uma tendência porque não tem nada lá. Mesmo caindo os casos na capital, as vagas serão supridas pelas pessoas do interior”, acrescenta Renee Oliveira. Todos os municípios alagoanos têm casos do novo coronavírus, mas o quadro mais preocupante está nas cidades de Maceió, Arapiraca e cidades da região Metropolitana da capital, que contam com alta taxa de infectados por habitantes. Segundo o professor e pesquisador Sérgio Lira, que integra o Grupo de Modelagem Científica e Simulação do Surto de Covid-19 em Alagoas, considerando os dados divulgados pelos boletins epidemiológicos da Sesau, em todo o estado o número de casos confirmados semanais ainda cresce a uma taxa de 12%, enquanto o número de óbitos das últimas duas semanas epidemiológicas ficou praticamente estável (141 e 143 óbitos). “No entanto, notamos uma diminuição do ritmo de contágio na capital e maior velocidade na interiorização dos casos: neste último mês a maioria dos casos saiu da capital e agora se encontram espalhados no interior do estado. Nas últimas 2 semanas apenas 35% dos novos casos confirmados estão na capital, enquanto que a porcentagem de novos óbitos ainda é de 58% em Maceió. A ocupação de leitos de UTI cresceu tanto em Maceió como no interior, sendo respectivamente 83% e 77% de acordo com os dados oficiais”, explica Sérgio Lira. O último boletim aponta que 82% dos 239 leitos de UTI exclusivos para pacientes com a Covid-19 estão ocupados. No Hospital de Emergência do Agreste, por exemplo, 13 dos 16 têm pacientes na UTI adulto, uma taxa de 81% e na Santa Casa de São Miguel dos Campos todos os sete contam com pessoas infectadas pelo novo coronavírus. Já no Hospital Regional Nossa Senhora do Bom Conselho, em Arapiraca, os únicos dez leitos de UTI para pacientes com Covid-19 estão ocupados, assim como 89% das 18 das vagas em leitos clínicos também têm internados. Alagoas - que se aproxima de 30 mil casos de Covid-19, sendo o primeiro relato no dia 8 de março - conta com 1.161 leitos exclusivos para pacientes com o novo coronavírus.