A situação do contágio da Covid-19 no Sistema Prisional continua avançando, principalmente entre os guardas prisionais. Em um mês o número de doentes saltou de 52 casos no final de maio para 93 casos, sendo que três faleceram, conforme informações repassadas pela assessoria da Secretaria Estadual de Ressocialização e Inserção Social (Seris). Entre os reeducandos, os casos aumentaram de três para 19, sendo que um precisou ser internado no Hospital Metropolitano.
Todos os dados foram repassados para a Secretaria Estadual de Saúde (Sesau), que também tem atualizado diariamente. Conforme o último levantamento feito no dia 22 de junho existem ainda 58 casos suspeitos, sendo que 241 já foram descartados, entre os servidores. Já entre os reeducandos, 16 casos foram descartados e 13 continuam suspeitos.
O presidente do Sindicato dos Agentes Penitenciários (Sindapen), Petrônio Lima, confirmou, ainda, a existência de pelo menos 100 servidores afastados por conta da doença. Isso, inclusive, tem afetado a estrutura dos plantões porque tem sobrecarregado os que ainda estão em atividade, porém com melhor estrutura de prevenção. “Melhorou bastante a forma de lidar com a doença dentro do sistema. A Seris foi aos poucos implantando algumas medidas para a aquisição de máscaras e viseiras faciais. Aumentou a distribuição entre os reeducandos e funcionários. Foi dado um reforço”, reconheceu Petrônio.
Em relação à estrutura de saúde, as unidades em Maceió contam com uma estrutura que foi montada no Presídio Santa Luzia, com equipamentos de Hospital de Campanha, para onde são encaminhados os casos suspeitos. Lá passam por uma triagem e, a depender da situação, são feitos procedimentos de isolamento, acompanhamento e medicação.
“A questão do hospital ou a chegada de médico e enfermeiros não tivemos retorno da Seris. Mas podemos dizer que tem ocorrido uma situação de controle, já que o temor era de um crescimento ainda maior quando a doença chegou ao sistema”, completou o dirigente sindical. A testagem foi decisiva para a tentativa de controle do avanço da doença. E como os reeducandos já estão confinados, as atividades laborais e o contato entre guardas foram ainda reduzido. Até o momento a disciplina tem sido decisiva para evitar a proliferação. Vale lembrar, ainda, que desde março até o momento, por determinação do Conselho Nacional de Justiça, pelo menos 400 reeducandos que já estavam prestes a entrar no regime semiaberto e que estavam no grupo de risco foram colocados em liberdade. Ao contrário do se chegou a especular, eles não tinham perfil considerado violento ou estavam envolvidos em crimes sexuais. Desse total, até o momento apenas um precisou se reencarcerado por descumprimento por infringir as orientações. As visitas continuam suspensas, assim como a entrega de alimentos por parte dos parentes. A medida faz parte das orientações nacionais em relação ao sistema para evitar contato com o ambiente externo e pelo risco de contágio por meio das embalagens dos produtos, que não teriam como ser previamente higienizados. Entre os familiares dos reeducandos, a medida é considerada exagerada, tanto que recentemente realizaram um protesto, mas que não teve como a reivindicação ser atendida, uma vez que o momento é de emergência sanitária e vale para todo o País.
Em contato com a Gazeta, a Seris informou que sua Gerência de Saúde tem feito o possível para ofertar a devida assistência à saúde dos servidores e reeducandos, destacando a atividade da estrutura de campanha montada dentro do sistema e a redução seguida de controle ainda mais rígido do acesso ao complexo prisional na capital e no interior do Estado.