O momento exige cautela. Enquanto a taxa de ocupação de leitos exclusivos para pacientes com Covid-19 estiver acima de 70%, especialmente nas Unidades de Terapia Intensiva (UTI) o ideal é evitar a flexibilização precoce das medidas de isolamento social. O alerta é da Sociedade Alagoana de Infectologia. Em Alagoas, nos últimos dias, a taxa de ocupação dos leitos de UTI ficou em cerca de 80%. “Não há declínio não, há uma interiorização da doença que avança no interior. Nossa taxa de ocupação em UTI permanece acima de 80%. O índice acima de 70% requer plano de contingência”, declara a infectologista Sarah Dellabianca. Se houver o relaxamento precoce das medidas de isolamento sem redução do número de casos, segundo especialistas, a tendência é a saturação da rede hospitalar. Situação que pode provocar o recuo do governo, que terá de suspender serviços já liberados, como já ocorreu em outros estados. Especialistas estão cautelosos em afirmar, neste momento, que há sinais reais de declínio da curva de casos em Alagoas. “Parece que está diminuindo o número de atendimentos em Maceió, mas o número total de casos continua aumentando. É preciso evitar a flexibilização precoce porque podemos ter uma situação de colapso”, disse o médico Fernando Maia, presidente da Sociedade Alagoana de Infectologia, em entrevista à TV Gazeta. De acordo com Fernando Maia, a epidemia ainda está se expandindo, principalmente no interior do estado e o número de internações continua alto. “Não dá para cantar vitória agora, o número de casos novos aparentemente está diminuindo. Por um lado é bom, mas ainda não é o momento de afrouxar. É uma situação preocupante ainda”, acrescenta Maia.

Todos os municípios alagoanos têm casos confirmados do novo coronavírus, de acordo com a Secretaria de Estado da Saúde (Sesau). Das mais de 30 mil notificações, cerca de 14 mil estão em Maceió. Alagoas dispõe de 1.186 vagas exclusivas para pacientes com a Covid-19 nas unidades de saúde, sendo mais de 700 em Maceió. Desse total, 246 estão nas UTIs e mais de 900 leitos clínicos. “Parece que a doença está controlada na capital, mas não está no interior e as pessoas do interior ao adoecerem vão precisar vir para a capital. Os serviços vão continuar com a lotação alta por enquanto por causa disso. Exatamente um dos critérios para poder flexibilizar o isolamento é a diminuição do número de internações, que são os pacientes mais graves”, finaliza Fernando Maia.