Os casos da Covid-19 no estado de Alagoas crescem exponencialmente a cada dia, paralelo a esse crescimento, um número positivo também cresce, que seria o número de recuperados da doença. No estado, de acordo com o boletim epidemiológico da Secretaria de Estado da Saúde (Sesau), da última sexta-feira, dos 38.404 alagoanos que contraíram a doença, 30.181 (78,5%) estão recuperados. De acordo com os dados da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), dentro dos 13.446 casos de alagoanos confirmados com a Covid-19, 9.655 já finalizaram o período de isolamento, não apresentam mais sintomas e, portanto, estão recuperados da doença. Dentro desses casos, são 5.959 do sexo masculino, e 7.487 do sexo feminino. As faixas etárias mais afetadas são, 30 a 39 anos, com 3.346 casos, seguido de 40 a 49 anos, com 3.190 casos, e 50 a 59 anos, com 2.208. O número de óbitos chegou a 556, no boletim epidemiológico da quarta-feira (24). Os dados do boletim epidemiológico da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) trazem também o número de óbitos na capital alagoana dividido segundo raça/cor. Nos dados, 9.71% dos casos são referentes a cor/raça amarela; 9.17% branca; 56.29% parda; 3.24% preta e 21,8% estão ainda em investigação.
IMUNIDADE
Um dos questionamentos mais realizados pela comunidade científica durante a pandemia do novo coronavírus, é se há a possibilidade de uma pessoa infectada e que se recuperou da Covid-19 ser ou não imune ao vírus, segundo o infectologista, Marcelo Constant. “Esse é o grande questionamento, e, por enquanto, existe uma interrogação a esse respeito. Pelo comportamento das demais doenças que a medicina conhece, quando você chega em uma determinada fase de recuperação geralmente você desenvolve imunidade, ou seja, aparecem no seu organismo anticorpos”, explicou Constant. “Os anticorpos que aparecem no organismo nós chamamos de IgG, que são as imunoglobulinas G. Nos casos das doenças virais, com raríssimas exceções a doença volta a se repetir. Então, quando você está recuperado significa que você já teve a doença, está recuperado e não pode ter mais. Contudo, estamos lidando com um situação nova, então, não podemos afirmar se as pessoas que contraíram estão imunizadas ou se poderão ter uma reinfecção. É provável que não, mas não posso afirmar”, frisou. Ainda falando da possibilidade de reinfecção, o infectologista fala sobre a mutação do vírus, que, nesse caso, possibilitaria uma reinfecção e até mesmo um novo surto da doença. “Esperamos que o coronavírus não apresente mutações importantes que possibilite ele reinfectar uma pessoa que já teve, porque essa é uma característica até habitual dos vírus quando infecta seres humanos. Uma mutação simbolizaria um novo surto e uma nova dificuldade para se desenvolver uma vacina que seja 100% eficaz contra o vírus”, relatou Marcelo Constant. Constant usou como exemplo o vírus da Imunodeficiência humana (HIV), que até hoje cientistas não foram capaz de encontrar uma cura por conta da capacidade de mutação do vírus. Ele explicou que, uma suposta vacina desenvolvida para o vírus em determinada parte do mundo, não seria efetiva em todas as outras partes, porque as chances de ser um vírus que sofreu mutações são altas. “Todo ano, por exemplo, tomamos a vacina contra a gripe, o H1N1. Isso acontece porque todos os anos o vírus muda e você precisa sempre renovar a vacina, porque a que tomou no ano anterior pode não ser mais efetiva para esse ano. As diferenças às vezes são mínimas, mas isso já impossibilitaria uma imunização 100% efetiva”, contou Marcelo Constant.
ANTICORPOS
Outro ponto levantado por alguns cientistas em um estudo na China, é da imunidade não ser duradoura, sobretudo em casos de infectados que não tenham manifestado sintomas da doença. No estudo, os cientistas acompanharam 36 pessoas que contraíram o vírus, e após três meses, a contagem de anticorpos, que são as moléculas do sistema imune que reconhecem e atacam o patógeno, sofreram diminuição significativa.
No estudo, os anticorpos IgG estavam abaixo do nível detectável em 40% dos voluntários assintomáticos e em 13% dos sintomáticos, para Constant, no entanto, a diminuição dos anticorpos não significa que as pessoas irão contrair novamente o vírus.
“Não é porque caiu que necessariamente as pessoas vão contrair novamente a doença. Por exemplo, na mononucleose, no momento que você tem a doença aparece um tipo de anticorpo chamado IgN, e a medida que o tempo passa esse anticorpo vai caindo e surgindo o IgG. Esse IgG, nos primeiros momentos é alto mas depois começa a cair, porém, ele não some. Então, caso você venha a entrar em contato novamente com o vírus, os anticorpos voltam a aumentar”, finalizou.
* Sob supervisão da editoria de Cidades.