A pandemia do novo coronavírus afetou a vida de todos os alagoanos, em especial, dos estudantes. Visando se preparar para um possível retorno, num cenário em que a pandemia esteja controlada, a Secretaria Municipal de Educação (Semed) enviou uma pesquisa de autodeclaração aos educadores da rede pública para quantificar o efetivo de profissionais disponíveis. De acordo com Luciana Morais, diretora da Diretoria de Gestão Administrativa da Semed, a autodeclaração é um levantamento prévio para que a secretaria tenha uma noção de quantos servidores voltarão ao trabalho quando voltar o trabalho presencial. “Com ela, nós iremos ter um quantitativo de quantos estão com idade acima de 60 anos, ou possuem alguma doença crônica que os impede de voltar até que exista uma vacina para a Covid-19. Esse levantamento vai tanto a nível de pessoal, da sede e das escolas, como do nível de estrutura. Porque quando tivermos esse levantamento vamos saber quantos professores voltam, quantos alunos teremos em cada sala, se comportaremos esses alunos, porque precisamos respeitar o distanciamento mínimo”, informou.
ANO LETIVO
Sobre um possível retorno acontecer ainda este ano, Luciana explicou não ter como estimar, porque, segundo ela, a volta só será possível quando não houver mais riscos para alunos e professores. “Nosso decreto vai até o dia 17 de junho, então acredito que teremos que esperar o cenário que virá para discutir sobre possíveis datas de retorno.” Para o diretor-geral de Gestão Educacional da Semed, Roberval Ferreira, ainda é cedo para delimitar se o ano letivo de 2020 será perdido ou não, contudo, a expectativa é que o ano seja aproveitado ao máximo. “Dada a situação que estamos vivendo ainda é cedo para dar um parecer sobre o ano letivo de 2020, mas, nosso objetivo é que ele seja cumprido, mesmo que seja necessário estender ele até o ano civil de 2021”, contou. Uma possível volta é boa para os professores se seguir todos os protocolos de segurança, segundo Maria Consuelo, presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Alagoas (Sinteal). “Precisa de EPIs, álcool em gel, máscaras, distanciamento social, desinfecção de local, etc. Dependendo da etapa de ensino que voltar primeiro, os cuidados podem até redobrar, sejam as crianças ou os meninos do 9º ano”, afirmou a sindicalista. “Já vimos que em outros países que tentaram retomar as aulas que foi necessário parar porque houve contaminação de estudantes, ou seja, é um ponto complicado e que exige cuidado”. Em nota, a Secretaria de Estado da Educação (Seduc) informou que a retomada das aulas presenciais nas redes pública e privada de Alagoas está prevista para acontecer na Fase Verde do Plano de Distanciamento Social Controlado, publicado pelo Governo de Alagoas, a qual ainda não tem data definida. A volta às atividades só ocorrerá quando houver segurança e obedecerá a protocolo validado pelas autoridades sanitárias.
AJUSTES
Raquel Guimarães, médica infectologista e especialista em infectologia hospitalar, diz que o retorno das aulas dependerá não só do cenário da pandemia, como também da capacidade de ajustes das secretarias municipais e estaduais, com relação à estrutura física das escolas, à capacidade de ter de forma permanente insumos de limpeza, de ter profissionais e alunos motivados para a absorção das mudanças, de recursos financeiros para gerar essas mudanças.
“No que diz respeito a manter alunos e professores juntos, a máscara, mesmo de tecido, será um anteparo para evitar a transmissão do vírus. Vai haver muita exigência de reforço à higiene, ao distanciamento social, mesmo dentro das salas de aula e em quadras para atividades coletivas. Vamos conviver por muito tempo com estas situações e se houver quebra dessas atitudes pessoais voltaremos a ter mais casos e mais óbitos. Nesse contexto, a escola, a família, e os alunos, devem formar pontes de aprendizado e solidariedade, para mitigar as dificuldades e passar por esse momento”, ressaltou a médica.