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Cidades

GESTAÇÃO DURANTE A PANDEMIA DA COVID-19 GERA INCERTEZAS

Segundo especialistas, grávidas e puérperas devem fazer uso contínuo de máscara

Por greyce bernardino | Edição do dia 11/07/2020 - Matéria atualizada em 11/07/2020 às 06h00

Estar grávida em meio à pandemia vem gerando um incertezas em muitas mulheres devido ao alto risco de contrair a Covid-19 e, posteriormente, das complicações na hora do parto. No início de junho, um recém-nascido com apenas dois dias de vida morreu com o vírus em Alagoas, acendendo um alerta sobre os cuidados que as gestantes devem tomar durante todo o período da gravidez. De acordo Boletim Epidemiológico da Secretaria da Saúde do Estado de Alagoas (Sesau), a família do recém-nascido do sexo masculino residia no município de Junqueiro. O bebê estava internado na Maternidade Escola Santa Mônica, em Maceió, e não tinha doenças pré-existentes. Quatro bebês, entre dois meses e dois dias de vida, morreram em Alagoas, em virtude do novo coronavírus.

Foto: Cortesia
 

“Gestantes e puérperas devem fazer o uso contínuo de máscara de proteção, além do isolamento domiciliar e optar pela restrição de visitas no pós-parto. Também é necessário ter atenção e cuidado na higienização das mãos e procurar atendimento assim que aparecer algum sintoma para assistência e tratamento precoce”, alerta a ginecologista e obstetra Grace Monteiro. Segundo ela, as grávidas no último período de gestação estão na faixa de risco. “Algumas pacientes que adquirirem no último mês, a depender da gravidade do quadro, precisam antecipar a interrupção da gestação, mas isso depende da gravidade clínica da doença”. De acordo com Grace, pacientes com doenças crônicas têm um risco de apresentar formas mais graves da doença, não somente gestante, como a população em geral”.

MÃES DE PRIMEIRA VIAGEM

Camila Sena, de 26 anos, está grávida de seis meses da primeira filha. Mesmo com a pandemia, a jovem vem trabalhando normalmente, em uma rede de restaurante fast-food, em Maceió. Ela conta, contudo, que o medo de contrair a doença é grande, visto que, diariamente, vem saindo de casa, ficando exposta ao vírus. Ela está casada há oito meses, e a gravidez foi planejada. O que ela não contava, entretanto, era com o cenário atual da pandemia, que limitou, até, suas idas a consultas médicas. A jovem disse, ainda, que o enxoval da filha está sendo feito de forma virtual, visto que lojas infantis também aderiram às vendas on-line. A medida não vem agradando à futura mamãe, que queria se dedicar mais às compras, para que tudo fique perfeito para a chegada da pequena. O parto está previsto para ser normal, mas a jovem não esconde o medo. “Estou com muito medo, confesso. Moro próximo ao Hospital Veredas, e, nesses dias, fui à unidade saber como anda o atendimento, para não fazer o pré-natal em um lugar longe mas, infelizmente, a maternidade está fechada, devido à quantidade de internados com Covid. Temo dar à luz e minha filha contrair o vírus na maternidade”. Em sua 36ª semana de gestação (9 meses), Gabriela Santos, de 28 anos, e o marido, Hugo Pereira, de 40, aguardam a chegada do Arthur, primeiro filho do casal, com cuidados redobrados. “Conversaremos com as nossas mães, as novas avós, por telefone e por vídeo, usando os recursos que temos agora”, conta Gabriela, que só sai de casa para o essencial. A possibilidade de se infectar durante a gestação se tornou mais um medo para a já extensa lista das gestantes, em que a preocupação é dupla: agora além da saúde da mãe, tem a do bebê. “Grávida já tem medo de tudo, principalmente de primeira viagem como eu, é muita incerteza e a pandemia aumenta esse medo”, revelou Gabriela. Ainda no início da gestação, com 10 semanas (2 meses), Karla Soares, de 30 anos, também compartilha esse sentimento. “Meu maior medo é pegar o coronavírus e passar para o meu bebê”, desabafou. As incertezas de gestantes como Karla e Gabriela não são infundadas. De fato, ainda não é possível responder a todas as perguntas sobre o novo coronavírus e seus impactos na saúde da gestante. “Esse vírus é novo e ainda estamos aprendendo sobre ele. Não está claro se mães que têm covid-19 durante a gravidez poderiam transmitir para o seu bebê. Assim, não se pode descartar essa possibilidade”, explicou o infectologista Fernando Maia. No entanto, de acordo com ele, os estudos ainda não encontraram o vírus no líquido amniótico, sangue do cordão umbilical ou no leite nesses casos.

PSICOLÓGICO DA MÃE

Conforme Grace Monteiro, o medo de pegar o coronavírus pode trazer complicações à gravidez. “A gestação é um período em que ocorrem muitas alterações hormonais que deixam a mulher mais insegura. O medo do coronavírus atinge o psicológico das gestantes, trazendo ainda mais insegurança e ansiedade e isso prejudica a gestação. As gestantes, no entanto, devem tentar ocupar o tempo e a mente com atividades leves, que trazem tranquilidade, para que possam aproveitar ao máximo esse período gestacional e se conectar com o filho”, detalhou. “Mães suspeitas podem manter a amamentação desde que façam uso de máscara de proteção e intensifique a higienização das mãos sempre que for ter contato com o filho”. Ela alertou que pais, amigos e familiares não devem acompanhar a gestante nas consultas durante o pré-natal. “Nesse momento o menor número de pessoas deve acompanhar a gestante nas consultas e exames, indo somente um acompanhante, quando necessário”. As consultas de pré-natal, no entanto, devem ser mantidas. “Para diminuir os riscos de contaminação, algumas medidas devem ser tomadas, como restrição do número de acompanhantes, consulta com agendamento de horário além da solicitação apenas dos exames essenciais”, explicou Grace.

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