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PROCESSO É GRADUAL E PONDERADO, DIZ ABRASEL
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Ronaldo Lessa (PDT) e Thiago Falcão, presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes, discutiram a reabertura de bares e restaurantes na capital alagoana em transmissão ao vivo nesta quinta-feira (16). Parte da série de lives ‘Veja Bem’ do ex-governador, a conversa abordou diversos pontos do tema que vem dividindo os alagoanos.
Com a reabertura prevista para esta segunda-feira (20), os bares e restaurantes da capital deverão seguir normas rígidas de segurança, como distanciamento de dois metros das mesas e higienização contínua de espaços e utensílios. Para Thiago Falcão, a reabertura no estado vêm sendo gradual e ponderada.
“É melhor ter o estado fechado por um bom tempo que abrir e depois fechar”, disse o presidente da Abrasel, concordando com uma ponderação de Ronaldo Lessa sobre a situação de outros estados, como Santa Catarina, que tiveram uma reabertura abrupta e retornaram ao isolamento pouco depois.
O candidato à prefeitura defendeu o setor de bares e restaurantes, ao mencionar críticas à reabertura desses estabelecimentos. “O maior empregador de Alagoas é o turista”, disse, acrescentando que os bares fazem parte da cultura do estado. “Eu sou um grande defensor do ‘Fique em Casa’, mas se é possível, com responsabilidade e critério, voltamos à normalidade”.
Mais à frente na discussão, após abordar as dúvidas dos espectadores sobre as normas de reabertura, Thiago reconheceu que nem todos os alagoanos vão se sentir seguros para irem aos estabelecimentos e se trata de um assunto polêmico, e voltou a reforçar as recomendações de segurança para o funcionamento dos estabelecimentos e que ‘nem todos’ poderão cumprir.
“Se um estabelecimento não está cumprindo as normas, ele será denunciado pelo consumidor e irá sofrer as consequências”, afirmou Thiago. “Procure ir para um onde você se sinta seguro”. Ele concordou com a colocação do ex-governador de que, no final das contas, o primeiro e principal fiscal será o consumidor.
Ronaldo Lessa trouxe também o caso do Rio de Janeiro, onde a reabertura foi alvo de críticas em todo o país devido a desordem do setor. Foi no estado onde uma mulher xingou um fiscal alegando que seu companheiro era 'engenheiro, melhor que você'. Thiago concordou e acrescentou que há ações que o poder público não exige, mas que os bares deveriam seguir, como evitar grandes mesas com grupos que podem gerar baderna ou desconforto.
No tema da fiscalização, o presidente da associação aproveitou a oportunidade para dar maiores detalhes sobre a ‘Blitz do Bem’, um tipo de iniciativa de autorregulação da associação para a categoria. Segundo ele, tanto a Prefeitura de Maceió quanto a Vigilância Sanitária foram convidadas a se juntar aos esforços.
Equipes deverão visitar os estabelecimentos após a reabertura para garantir a aplicação das normas de distanciamento social previstas no decreto de reabertura. Estabelecimentos em descumprimento serão aconselhados a corrigir os erros e, até mesmo, fecharem suas portas até que consigam se adequar.
“No primeiro mês de isolamento, somente na Abrasel, tivemos uma redução de 30% no pessoal empregado”, afirmou Thiago. “Nem todos os estabelecimentos conseguiram operar em delivery”.
“A palavra, agora, é esperança”, encerrou. Para Thiago, o momento é de ‘união e dependência mútua’, e para a sociedade e economia se reeguerem, poder público e empresários devem trabalhar em conjunto. Lessa concordou, afirmando que o estado estava nos primeiros momentos do que considerava um importante salto adiante na pandemia.
Críticas do ex-governador
Lessa aproveitou a ocasião para fazer críticas à forma como o governador Renan Filho (MDB) lidou com a pandemia. A primeira crítica do ex-governador foi sobre a falta de atenção do Governo de Alagoas à periferia, onde, segundo ele, houve menor fiscalização por ‘ser mais fácil’ executar ações em bairros de renda média ou alta.
Segundo levantamento da Gazeta de Alagoas, os bairros da periferia da capital possuem taxas de letalidade mais altas do que os bairros nobres, que sofreram primeiro com os impactos da pandemia. Enquanto em bairros da orla a letalidade circula na casa dos 2%, ele chega em até 6% em regiões como Clima Bom e mais ainda em outros, como o Vergel do Lago.
Ele também criticou a distribuição de leitos pelo interior do estado, que considera que chegaram ‘tarde demais’ e poderiam ter evitado uma maior infecção.
Apesar de um defensor do isolamento, o candidato também considerou que, em alguns pontos, os decretos ‘exageraram’, como no fechamento do calçadão da orla para exercícios físicos e caminhadas. “Não reclamei antes”, afirmou, explicando que, quando se tratam de vidas, ”é melhor que erre por excesso que por negligência”, afirmou.