Cidades
LIBERAÇÃO DE SETORES NÃO ESSENCIAiS GERA APREENSÃO ENTRE MÉDICOS
População não segue totalmente as orientações básicas, como distanciamento e uso de máscaras


A capital retomou grande parte dos serviços não essenciais em julho, uma evolução da fase laranja para amarela, de risco moderado. Especialistas não descartam que essas medidas de flexibilização podem gerar o aumento de casos de Covid-19. Isso é motivo de apreensão, mesmo que a avaliação dos eixos estratégicos apontem uma estabilização da doença em Alagoas. No interior, em vinte municípios da região Metropolitana de Maceió e do Norte de Alagoas também houve avanço de fase, mas para a laranja, de risco moderado alto. É possível dizer que houve uma desaceleração da doença em Alagoas?
A Gazeta de Alagoas ouviu médicos que analisam os últimos números do novo coronavírus. No dia primeiro de julho, o boletim epidemiológico da Secretaria de Estado da Saúde (Sesau) confirmava mais 857 casos de Covid-19 e vinte mortes em Alagoas. Oficialmente, o Estado contabilizou naquela data 36,8 mil casos do novo coronavírus, 28,2 mil recuperados da doença e quase 1,1 óbitos. Quinze dias depois, foram informados mais 870 registros da doença, o que elevou para um total de 48,7 mil notificações, quase 41 mil tinham vencido o vírus e a marca de 1,3 mil pessoas não resistiram às complicações.

Na opinião da infectologista Normangela Barreto, do Hospital Arthur Ramos, a situação da pandemia em Maceió após a retomada de parte dos serviços essenciais gera preocupação da classe médica. “Avalio com preocupação, visto que o pouco que reabriu, já vimos que as orientações básicas não estão sendo totalmente respeitadas. Ainda recomendo manter o distanciamento preconizado, uso de máscara, manter higienização das mãos e cuidados básicos de higiene”, afirma. A Gazeta pergunta à médica se acredita no risco de uma suspensão de serviços não essenciais na capital, como ocorreu em março. “Esperamos que não, colocando fé nas pessoas, nas orientações e no cuidado em si e no próximo. Estamos vendo uma redução nos quadros agudos gripais, no entanto, ainda persistem os pacientes com fase mais graves, com necessidade de internações, principalmente pacientes idosos e imunodeprimidos”, explica.
COMPORTAMENTO
Sobre a reabertura de setores em Maceió e parte das cidades do interior de Alagoas, o médico Artur Gomes Neto, diretor da Santa Casa de Maceió, afirma que a nova fase na capital, a amarela, pode gerar um impacto no número de novos casos de coronavírus, situação não registrada no início de julho quando foram liberadas menos atividades. Mas ainda não tem como prever o que pode acontecer daqui para a frente. “Estou apreensivo, logicamente. Quando se vê e trabalha num hospital a gente fica preocupado. Precisa avaliar como a pandemia vai se comportar. A gente precisa voltar ao normal, precisa operar os outros pacientes, cuidar dos outros casos de pessoas com câncer, com problemas no coração, com doença no pulmão que precisam ser amparados. A gente está começando a andar novamente”, diz Artur Gomes.
Na avaliação do médico, Maceió caminha para a estabilização, mas no restante do estado fica a expectativa sobre a evolução ou involução de casos da doença. A capital viveu dias difíceis em maio e as notificações começaram a se estabilizar em junho. Já este mês há uma tendência de queda dos registros do novo coronavírus em vários estados, incluindo Alagoas. “Alagoas tem tido um comportamento bastante interessante. Pelo que a gente tem observado há queda do número de casos novos. A gente estava preocupado desde as festas juninas, porque não teve isolamento, fizeram festa por aí e ficamos preocupados de acontecer um pico de dez a quinze dias depois, mas não ocorreu. Desse modo, quando houve a reabertura na primeira fase (laranja) a gente ficou na expectativa que houvesse um aumento, mas não aconteceu. Pelo contrário, em Maceió a curva continua em decadência. No estado de Alagoas não houve aumento, houve como se fosse um platô. Essa é a nossa impressão”, afirma o médico.