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Nº 5822
Cidades

Amanh� � Dia da Mentira: exercite a criatividade

Fátima Vasconcellos Que atire a primeira pedra aquele que nunca mentiu! Da inocente à criminosa, a mentira faz parte do repertório das pessoas no mundo inteiro e sempre há uma justificativa para ela. Mas pelo menos amanhã será permitido exercitar a criat

Por | Edição do dia 31/03/2002 - Matéria atualizada em 31/03/2002 às 00h00

Fátima Vasconcellos Que atire a primeira pedra aquele que nunca mentiu! Da inocente à criminosa, a mentira faz parte do repertório das pessoas no mundo inteiro e sempre há uma justificativa para ela. Mas pelo menos amanhã será permitido exercitar a criatividade para inventar, sem traumas, uma daquelas “cabeludas”, afinal, é Dia da Mentira. A brincadeira em torno do  dia 1o de abril começou em 1546, quando Carlos IX, rei da França, determinou que o ano começasse no dia primeiro de janeiro. Por influência, os demais países da Europa também acabaram mudando o calendário – antes o ano era iniciado em abril. A mudança causou confusão geral, no início. As pessoas continuaram mandando cartões de feliz Ano-Novo na data original, mas tudo era de  “mentirinha”, já que o ano havia  sido rompido em 1o de janeiro. Os franceses aproveitaram a  confusão em torno do 1o de abril para fazer brincadeiras (plaisanteries) do tipo de fazer passar  alguém para trás, como se diz  popularmente. A intenção era  provocar hilaridade. É bastante famosa, por exemplo, a brincadeira de mandar alguém entregar um bilhete no qual se lia: “Hoje é primeiro de abril. Mande este burro pra onde ele quiser ir”. O psicólogo Laerte Leite explica que o exercício da mentira começa na infância, quando a criança mente criando suas fantasias, suas histórias mirabolantes. Neste caso, a mentira é saudável porque tem relação com a criatividade. A criança passeia, viaja, tem experiências de vida que a seduzem e quando ela vai contar para alguém coloca um pouco de suas fantasias, acrescenta mais detalhes, enriquece os fatos. Quando ela lê algo de que gostou, também tende a enriquecer a narrativa com a criatividade natural da fase, recheando de mentiras. Entretanto, as crianças também mentem por outras razões que não são dignas de aplausos. Quando mente pelo medo de ser castigado. “ É um perigo! Os pais e adultos, em geral, devem estar atentos a isto. Devem discernir quando a criança falta com a verdade pelo medo da punição. É preciso, então, rever a postura educacional e corrigir. A verdade deve ser incentivada sempre. Se a criança mente para se livrar do castigo da mãe e pai autoritários, vai introjetar o medo de não ser aceito em sua verdade. Na fase adulta, vai carregar o problema. Terá medo de enfrentar a realidade e vai mentir para agradar aos outros. Viverá um conflito interno e perderá a credibilidade. É preciso trabalhar o problema”, disse o psicólogo. Laerte esclarece que a patologia da mentira, mitomania, leva as pessoas a criar mentiras e agir como se tudo fosse verdade. São famosos os personagens que vivem no mundo da fantasia, sem enfrentar a verdade, a realidade. O psicólogo ressalta que nem todas as mentiras se constituem doença. É o caso, por exemplo, de quem vê um crime e se submete à lei do silêncio, devido à pressão de morte. Mas tem também a mentira construída no contexto social, como a traição. Figuras Em todos os países existem figuras que se tornam conhecidíssimas por causa da mania de mentir. Criam casos estapafúrdios em que saem levando vantagem. Em alguns países são os caçadores, os pescadores, os viajantes, enfim, categorias específicas acabam sendo rotuladas com a fama de mentirosas. A verdade é que a brincadeira vai longe. Na data de amanhã, algumas comunidades realizam o Concurso Pinóquio, premiando o maior mentiroso da área. Vence quem for mais criativo em seus “causos”. Na vida real, Laerte defende que devemos mentir quando se faz absolutamente necessário, como em situação de proteção à vida. Apesar de ter pernas curtas, a mentira anda depressa. Daí por que quem mente com freqüência é rapidamente desmascarado, perde a confiança e mesmo quando fala a verdade, ninguém acredita. Algumas mentiras são “aceitáveis”, como quando são ditas para evitar constranger alguém em situações excepcionais, agredir ou piorar o estado de saúde. Quem nunca mentiu quando entra em questão a fidelidade conjugal, a declaração do imposto de renda, etc.? Mentir é antiético, mas pode ser crime. Pelo menos quando se presta um falso testemunho perante a Justiça. Segundo o advogado Benedito de Almeida Júnior, a pena varia de um a três anos de reclusão, se não envolver processo criminal. Quando envolve, a pena pode ir para até seis anos, sendo agravada se for decorrente de suborno. Em alguns tribunais usa-se o detetor de mentiras ao ouvir as testemunhas. Portanto, saiba quando e como recorrer à mentira!

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