loading-icon
MIX 98.3
NO AR | MACEIÓ

Mix FM

98.3
quinta-feira, 26/06/2025 | Ano | Nº 5997
Maceió, AL
25° Tempo
Home > Cidades

Cidades

AL E SE TÊM 134 INDÍGENAS INFECTADOS

Equipes multidisciplinares têm feito o acompanhamento dos pacientes nas aldeias

Ouvir
Compartilhar
Compartilhar no Facebook Compartilhar no Twitter Compartilhar no Whatsapp
Imagem ilustrativa da imagem AL E SE TÊM 134 INDÍGENAS INFECTADOS
-

A taxa de indígenas infectados pela Covid-19 continua crescendo no Estado. De acordo com os dados da Secretaria Especial da Saúde Indígena (Sesai), do Ministério da Saúde, a média de indígenas infectados pela Covid-19 em Alagoas e Sergipe é de 961,3 por 100 mil habitantes. Essa taxa representa a quarta maior taxa do Nordeste, região onde a taxa de crescimento da doença nas seis áreas de saúde indígena é de 6.3, simbolizando o maior índice do país. De acordo com a Secretaria Especial da Saúde Indígena (Sesai), a taxa de crescimento da doença nas seis áreas de saúde indígena do Nordeste é de 6.3, sendo considerado o maior índice do País. A média indica o aumento de casos por dia. Nas pesquisas a respeito do contágio, quanto mais próximo de zero, menor o avanço do novo coronavírus, já valores mais altos indicam uma velocidade maior na dispersão da doença. A taxa de incidência em Alagoas e Sergipe atualmente ocupa o quarto lugar entre as maiores taxas da região Nordeste, ficando atrás apenas do estado do Maranhão, que ocupa o primeiro lugar, com 3.011,7 por 100 mil habitantes; do Ceará, em segundo lugar, com taxa de 1.427,7; e dos Potiguaras (espalhados entre os estados da Paraíba e do Ceará), com taxa de 1.354,5 por 100 mil habitantes. De acordo com o Boletim Epidemiológico da Covid-19 do DSEI, o número de casos confirmados nas comunidades indígenas de Alagoas e Sergipe chega a 134, onde 101 já são constatados como curados clinicamente e três morreram, sendo dois confirmados e um ainda em análise. Atualmente há trinta indígenas infectados, sendo o maior número na comunidade Jeripankó. A taxa de contágio é alta e, como tal, medidas vêm sendo tomadas para evitar o aumento do número, como conta o apoiador técnico em Saúde e Ponto Focal da Covid-19 do Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI) AL/SE, Marcello Araújo. Segundo ele, entre as medidas tomadas estão a criação de barreiras sanitárias em parceria com a Fundação Nacional do índio (Funai), Secretaria Municipal de Saúde, lideranças e comunidade Indígenas; ações de Prevenção e Assistência à Saúde realizadas pelas equipes multidisciplinares de saúde indígena no enfrentamento da Covid, seguindo protocolos e planos elaborados no âmbito da SESAI e do DSEI AL/SE em concordância com diretrizes do MS e OMS, entre outras. “Outra medida foi a criação de uma equipe de Resposta Rápida (composta por médico, enfermeira e técnicos de enfermagem) para auxiliar as EMSI dos Polos Bases na intervenção em situações de ampliação de número de contaminados ou na necessidade de substituição temporária de profissionais afastados por contaminação pela Covid, dentre outras ações”, destacou.

DEMARCAÇÕES

De acordo com Jorge Vieira, coordenador do Núcleo de Pesquisa Acadêmico Afro e indígena de Alagoas (Nafri), o problema que as populações indígenas do Estado enfrentam já é algo crônico. “Estamos fazendo um levantamento sobre a situação dos indígenas do estado e já estamos vendo que é algo crônico. Primeiro vemos as condições mínimas da qualidade de vida dessas comunidades. O problema central é a demarcação de terras. Se eles não possuem um território para se reproduzir, físico e culturalmente, eles são jogados em periferias de cidades, até em nível de favelização, como é caso de Palmeira dos Índios, Fazenda Canto, comunidade do povo Xucuru-Kariri, por exemplo”, disse. “Esses números revelam um quadro que já estamos denunciando há muito tempo, que é a falta de políticas públicas para essas comunidades. Isso vem se agravando desde o governo do ex-presidente Temer e atualmente piorou no governo Bolsonaro. Temos demarcações de terras indígenas paralisadas, a Sesai sem fazer as articulações necessárias com estados e municípios e agora chegamos nessa pandemia, que só fez esses números estourarem, mostrando que o problema já vinha acontecendo”, afirmou. Por conta da situação preocupante, com número de casos crescentes, foi publicado, neste mês, o texto que cria um Plano Emergencial para Enfrentamento à Covid-19 nos territórios indígenas durante a pandemia. Na ocasião, contudo, o presidente Jair Bolsonaro vetou alguns trechos que determinavam a obrigatoriedade do Estado em garantir, por exemplo, o “acesso universal à água potável” e a “distribuição gratuita de materiais de higiene para aldeias ou comunidades indígenas”. Ainda segundo o coordenador do Nafri, os vetos e as atitudes do presidente simbolizam quase que uma prática genocida contra essas populações. “É extremamente caótico o quadro, ele instala uma prática de ‘lavar as mãos’ para essa comunidades. Abrir as comunidades para presença de não indígenas, de mineradoras, garimpeiros, madeireiras, etc, é praticamente instalar basicamente uma prática genocida contra essas populações. Isso vinha desde o governo Temer e agora o governo Bolsonaro mostra cada vez mais uma política anti-indígena”, finalizou.

Relacionadas