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ALAGOANA QUE VIVE NO LÍBANO RELATA MOMENTO DE PÂNICO VIVIDO APÓS EXPLOSÃO
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Uma dia após a explosão que matou mais de 100 pessoas e feriu outras 4 mil em Beirute, capital do Líbano, os moradores tentam reconstruir a vida. A alagoana Letícia Vasconcelos trabalha como professora no Centro Cultural Brasil-Líbano e mora a 10 km da região portuária que foi devastada.
Ela contou à Gazeta que passou por momentos de pânico e que chegou a achar que a cidade estava sofrendo um ataque terrorista. “Foi uma sensação de impotência, você não sabe o que está acontecendo, não sabe o que pensar ou fazer”, disse. “Eu estava no computador às 5h da tarde. Eu trabalho como professora no Centro Cultural Brasil/Líbano, pela Embaixada do Brasil aqui em Beirute. Ontem estava corrigindo as provas dos alunos, porque, mesmo na pandemia, nós continuamos o ensino on-line. E, enquanto eu estava corrigindo as provas, eu senti o tremor. Começou como um tremor leve e, depois, foi aumentando. Só para deixar claro que é comum termos tremores de terra no Líbano por conta da região, mas o de ontem foi muito forte e eu vi as coisas começarem a chacoalhar, caírem no chão e eu pensei que fosse um terremoto. Eu moro no primeiro andar, então eu corri para o térreo, todos os vizinhos saíram, foi tudo muito rápido. Quando a gente saiu, veio a explosão e, depois, uma pressão muito forte e nos atingiu, foi quando as janelas dos andares de cima se partiram e vidros caíram em cima da gente. Então voltamos para dentro de casa. Na hora, o pensamento que tive foi de que estávamos sendo atacados, porque, até então, a gente não entendia o que estava acontecendo”, conta. "O centro da cidade está destruído. O porto foi dizimado e o que a explosão não destruiu, o impacto da explosão devastou. Eu tenho plena certeza de que isso não foi acidental, independentemente do tipo de material ou o que causou a explosão. A explosão teve formato de cogumelo e teve o mesmo impacto de uma explosão nuclear", declarou Letícia.
MAIS DE 5 MIL FERIDOS
O saldo de mortes da grande explosão ocorrida em Beirute nesta terça-feira (4) já chegou a 135 pessoas, e há mais de 5.000 feridos, de acordo com a mais recente contagem divulgada pelo Ministério da Saúde do Líbano, nesta quarta (5). Cerca de 300 mil pessoas ficaram desabrigadas após a explosão. A estimativa é do governador de Beirute, Marwan Abboud. Segundo ele, os danos se estenderam a mais da metade da área da capital libanesa e são estimados em US$ 3 bilhões (quase R$ 16 bilhões). De acordo com o premiê do Líbano, Hassan Diab, o incidente foi causado por 2.750 toneladas de nitrato de amônio estocadas na região portuária há seis anos “sem medidas preventivas”. A substância é comumente usada como fertilizante e na confecção de artefatos explosivos e pirotécnicos.