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Nº 5691
Cidades

MINISTÉRIO DA SAÚDE REGISTRA TERCEIRA MORTE DE INDÍGENA POR COVID-19 EM AL

Etnias dizem que doença está se alastrando e denunciam caso ao Ministério Público

Por Nealdo | Edição do dia 11/08/2020 - Matéria atualizada em 11/08/2020 às 06h45

O Ministério da Saúde confirmou, na sexta-feira (&), a morte de mais um indígena em Alagoas vítima da Covid-19. Trata-se de uma mulher de 80 ano da tribo Karuazu, localizada no município de Pariconha, no Sertão alagoano. Segundo o Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI) Alagoas e Sergipe - unidade gestora descentralizada do Subsistema de Atenção à Saúde Indígena do Ministério da Saúde -, a vítima fazia parte do grupo de risco para Covid-19, era diabética e cardíaca. Este é o terceiro caso de vítimas fatais nas aldeias alagoanas em decorrência da Covid-19. A primeira vítima foi uma indígena da Kariri-Xocó de 56 anos, que estava internada desde o dia 3 de maio em um hospital na cidade de Propriá (SE), onde faleceu quatro dias depois. De acordo com o Ministério da Saúde, ela fazia parte do grupo de risco, era portadora de doenças cardíaca, renal e pulmonar e, por opção da família, era acompanhada por um médico particular, porém recebia visitas domiciliar da Equipe Multidisciplinar de Saúde Indígena. A segunda morte aconteceu no fim de julho, também na Kariri-Xocó, localizada no município de Porto Real do Colégio, o mais atingido pela doença. Nome e idade da vítima não foram divulgados. De acordo com o Boletim Epidemiológico da Secretaria Especial de Saúde Indígena (SESAI) divulgado nesta segunda-feira (10), atualmente há 160 casos de Covid-19 confirmados no DSEI Alagoas e Sergipe, distrito que abrange 13 etnias - 12 delas localizadas em Alagoas. Além disso, há oficialmente outros 31 casos suspeitos da doença nas aldeias. 137 indígenas infectados pelo novo coronavírus foram considerados curados. Nesta segunda-feira (10), lideranças da etnia Tingui-Botó, localizada no município de Feira Grande, Agreste alagoano, protocolaram um documento no Ministério Público Federal (MPF) denunciando uma série de problemas entre eles a não realização de testes para detectar a presença do vírus, e falta de realização de barreiras sanitárias. Assinada pelo cacique Eliziano de Campos, pajé Adalberto Ferreira da Silva e pelo presidente do Conselho Local de Saúde Indígena da etnia, Wellington Luiz Campos, a denúncia diz que apenas duas aldeias em Alagoas - Kalankó e Tingui-Botó - não registraram casos de Covid-19 no Estado. “Há três casos suspeitos [na Tingui-Botó], mas até o momento nos indígenas não foram submetidos a testes”, revela o documento. As lideranças denunciam ainda que sem barreiras sanitárias - que deveriam ser de responsabilidade dos governos federal, estadual e municipais -, a própria comunidade é que está fazendo o trabalho por conta própria, muitas vezes sem os equipamentos de proteção necessários. “A DSEI Alagoas e Sergipe, através de sua Equipe Multidisciplinar de Saúde Indígena (EMSI) só tem feito o monitoramento remoto. E no momento não dispomos dispomos de médico, farmacêutico e enfermeira na EMSI de nossa aldeia”, diz o documento. “No polo base da Tingui-Botó só tem 20 unidades de teste rápido [para Covid-19), porém não há nenhum medicamento para tratamento de indígenas que venham a ser testado positivo para a doença”, denunciam. À Gazeta de Alagoas, a Chefe da Divisão de Atenção à Saúde Indígena do DSEI Alagoas e Sergipe, Nara Calaça, negou os problemas relatados pelas lideranças indígenas da Tingui-Botó. Sobre a falta de médico, ela reconhece que não há profissional neste momento, mas porque os próprios indígenas solicitaram a saída da médica que atendia a tribo. “A gente teve um processo seletivo na semana passada, e foi contemplado um médico [com carga horária] de vinte horas, e acredito que até quinta-feira, ela será encaminhada para a contratação e atuar na aldeia”, esclareceu. Nara Calaça disse que em nenhum momento o distrito lavou a mão e deixou as etnias desassistidas. “Pelo contrário. Nós estamos fornecendo todos os EPIs [equipamentos de proteção individual] necessários, tanto para as barreiras sanitárias, como para as nossas equipes trabalharem dentro das unidades de saúde”, disse. “A gente está realmente acompanhando e monitorando todos os casos”, destacou. “Inclusive o próprio MPF acompanha toda essa situação nas reuniões semanais que acontecem todas as quintas-feiras”, onde participam as lideranças indígenas, que acompanham todas as ações que são desenvolvidas por nós em todos os polos base [do distrito]”, ressaltou.

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