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Nº 5856
Cidades

PREFEITURA TEM PLANOS PARA BAIRROS AFETADOS POR MINERAÇÃO

Propostas incluem reflorestamento de Mata Atlântica e aterramento de trecho da Lagoa Mundaú

Por luan oliveira | Edição do dia 18/08/2020 - Matéria atualizada em 18/08/2020 às 06h00

O afundamento de minas de sal-gema na capital alagoana trouxe diversos problemas à tona. Entre desocupação e compensação, os alagoanos e o Brasil assistiram o desenrolar dos eventos. Uma questão, contudo, sempre esteve presente: e depois? Documentos internos da Prefeitura de Maceió parecem jogar uma luz sobre essa pergunta. Um planejamento preliminar da Prefeitura de Maceió que a Gazeta de Alagoas teve acesso detalha a visão da administração municipal para o futuro dos bairros atingidos pelos afundamentos de minas da Braskem. No documento, o pilar central da ideia apresentada é a transformação dos bairros em uma área de Mata Atlântica.

As ações previstas no plano de 18 páginas são, além do reflorestamento: uma estrada, a manutenção de Unidades Especiais de Preservação (UEPs, os prédios históricos da região), restauração do mangue local, reposicionamento dos trilhos da Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) e o aterro de parte da Lagoa Mundaú com os resíduos das demolições, para a conexão direta do local com o Vergel do Lago, com a criação de uma zona urbanizada.

No planejamento, as zonas de maior risco seriam demolidas prioritariamente. Elas são quatro: o conjunto Divaldo Suruagy, o Jardim Acácia, o Jardim Alagoas e o Mutange. Com isso, seria construído um corredor ecológico com vegetação da Mata Atlântica, que ligaria diretamente com o Parque do Horto e o Parque Municipal da capital. A demolição das Zonas de Risco são marcadas como propostas da Braskem e, daí em diante, as propostas são da Secretaria de Desenvolvimento Territorial e Meio Ambiente (Sedet). Depois da desocupação total, toda a região seria transformada em uma grande zona de Mata Atlântica. O bioma cobria boa parte do litoral brasileiro no passado e, hoje, somente cerca de 29% de sua cobertura original resta. No planejamento, a ação é denominada ‘reflorestamento’. Uma via perimetral seria construída, e para isso há dois planos: em um, ela sairia de próximo do Parque Municipal e cruzaria a região até o Vergel do Lago e, em outro, mais conservador, sairia de próximo da Estação do Bebedouro e teria o mesmo destino. Em ambos os casos, a via teria ruas menores a ligando com a Avenida Fernandes Lima e chegaria ao Vergel do Lago atravessando uma região aterrada da Baía da Lagoa Mundaú, que seria urbanizada. O aterramento seria feito usando detritos dos prédios derrubados na região, em uma manobra de economia. Não há, no planejamento, detalhamento de impacto ambiental do aterramento. As Zonas e Unidades Especiais de Preservação do local passariam por modificações para suportar a instabilidade geológica da região, como o antigo Hospital José Lopes e a Escola Estadual Nossa Senhora do Bom Conselho. As Unidades Especiais de Preservação foram instituídas em 2005, junto ao Plano Diretor de Maceió (PDM). Elas complementam a já existente Zona Especial de Preservação, com o objetivo de preservar também prédios individuais que ficam fora das zonas. O gatilho teria sido a demolição da ‘casa rosada’ da Pajuçara. No plano, é possível conferir renderizações de como seriam as estradas e trilhos que cruzariam o novo trecho de mata. A pista inclui uma larga faixa para pedestres e uma ciclovia, com calçamento diferenciado. O Veículo Leve sob Trilhos (VLT) transita a região. Procurada, a Prefeitura de Maceió afirmou que o documento em questão é preliminar, e será alvo de discussão e modificações antes de ser aprovado por comissão técnica e apresentado à sociedade para discussão com os diversos setores envolvidos.

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