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Nº 5859
Cidades

LAUDO APONTA RACHADURAS NO FLEXAL

Um laudo independente, feito por um engenheiro civil contratado pelo Movimento Luto por Bebedouro, apontou que cerca de três a cada quatro casas, na região de Flexal de Baixo e de Cima, no bairro Bebedouro, em Maceió, apresenta estrutura comprometida em g

Por Hebert Borges | Edição do dia 18/08/2020 - Matéria atualizada em 18/08/2020 às 06h00

Um laudo independente, feito por um engenheiro civil contratado pelo Movimento Luto por Bebedouro, apontou que cerca de três a cada quatro casas, na região de Flexal de Baixo e de Cima, no bairro Bebedouro, em Maceió, apresenta estrutura comprometida em grau crítico. O documento mostrou que essas comunidades ficam situadas à beira da lagoa Mundaú, o que naturalmente pode causar problemas de recalque de fundação em edificações que não sejam executadas de maneira apropriada, todavia pondera que o bairro de Bebedouro está entre os afetados pelo problema geológico causado pela mineração da Braskem no processo de extração de sal-gema. O laudo foi feito através de uma pesquisa por amostragem, que foi realizada em 45 das mais de 1 mil casas existentes na localidade. A constatação de grau crítico foi feita em 32 das 45 casas que passaram por uma inspeção predial feita entre os dias 3 e 7 de agosto. As outras 13 casas tinham comprometimento regular, o que quer dizer que o imóvel oferece risco, mas uma boa reforma e reparos estruturais podem sanar o problema. Os dados detalhados da inspeção por amostragem e os laudos feitos pelo engenheiro foram entregues ao Ministério Público Federal (MPF) na semana passada, acompanhado de um abaixo-assinado com centenas de assinaturas de moradores e empreendedores das duas localidades, pedindo uma audiência junto ao órgão ministerial. Segundo os moradores, a ideia é que o MPF auxilie as famílias para que os imóveis possam ser incluídos não somente no mapa de risco, mas também na lista de indenizações a serem pagas pela empresa. "Até agora parecia que nós éramos invisíveis para o poder público. Eu já tinha procurado a Defesa Civil, não tive resposta e não sabia mais a quem recorrer. Minha casa pode desabar sobre a minha cabeça e eu não tenho para onde ir", disse Graça França, proprietária de uma das casas classificadas como em estado crítico. A dona de casa Joselma Evaristo também teve a casa classificada com comprometimento crítico. "Tem rachaduras, fissuras, trincas por todo lado. O piso da sala está cedendo e ouço estalos direto. Cada estalo parece que a casa vai cair. Eu tenho muito medo de que esse telhado caia em cima de mim e da minha família. Estou até tomando remédio para tentar ficar mais calma", desabafou. De acordo com Israel Lessa, representante do Movimento Luto por Bebedouro, essa inspeção foi uma amostra da situação de mais de mil imóveis. "A Defesa Civil precisa vistoriar adequadamente e incluir essas casas na área de risco 00, mas grande parte de Bebedouro está ainda na área de criticidade 01, quando deveria estar na 00", contou. No laudo, o engenheiro pontua que, pelo fato de muitas casas serem geminadas, ou seja, uma colada à outra, alguns problemas na estrutura podem ter sua gravidade mascarada e recomenda que "as autoridades locais sejam acionadas para descobrir qual é a real causa desses recalques de fundação, comuns a tantas casas em uma mesma região, e se o problema representa um risco crescente à população local para que as autoridades possam tomar as medidas cabíveis."

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