Cidades
VOLTA ÀS AULAS PERMANECE INDEFINIDA


A perspectiva de construção de um protocolo de volta às aulas presenciais nas redes municipal e estadual de ensino já começou a ser discutida pelos gestores das duas pastas. As reuniões virtuais, que tem como parte integrante o Ministério Público Estadual, até o momento não avançaram para uma data de retorno. E se depender do órgão, isso não ocorrerá nem tão cedo, a não ser que não existam riscos para funcionários, professores e estudantes. Foi o que sugeriu, em áudio após reunião com os órgãos, o promotor Lucas Sachsida. “Sob a ótica sanitária, encaminharemos oficios às secretarias para que nos mostrem se as escolas estão fisicamente adequadas para que, se houver um possível retorno, as crianças e adolescentes estejam seguros”, disse Lucas. Na prática isso significa que o MP quer conhecer detalhes sobre as modificações estruturais que garantam distanciamento social dentro das salas de aula e nos demais espaços de convívio das escolas. O MP também quer informações sobre as condições de aprendizagem, a recuperação do conteúdo e principalmente sobre as condições de aprendizagem e o acesso. Além disso, quer saber detalhes sobre a participação dos alunos nas aulas remotas.
SEGURANÇA
Excluído da segunda discussão sobre o protocolo, o Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado de Alagoas (Sinteal) não abre mão de que a segurança esteja em primeiro lugar para o possível retorno. Segundo a presidente da entidade, Maria Consuelo, não dá para pensar em volta sem segurança para todos. “Temos feito um diálogo com o MP sobre as aulas remotas e outros temas. Quanto à questão da saúde, posso afirmar que só apoiaremos a volta com risco zero. Será que o Estado e o Município estão prontos para fazer a testagem de todos os professores e funcionários?”, indagou Consuelo. Para o médico infectologista Marcelo Constant, qualquer discussão ou proposta de retorno, no momento, é prematura. Tudo porque, mesmo com os números indicando tendência de queda, a pandemia não acabou e a contaminação ainda é uma realidade. Ele lembra que não se pode esquecer que as crianças, além de estarem expostas a riscos, o fato de serem assintomáticas pode contribuir para mais disseminação. “Considero prematuro porque não há nenhuma indicação segura para isso. Basta ver os países da Europa que tomaram medidas assim e depois tiveram que voltar atrás. Existe o risco de que estas crianças e jovens se contaminem e levem o vírus para os mais velhos que estão em casa. A pandemia não acabou e é preciso que se tenha a certeza de o risco da contaminação não ocorra. O que vou dizer pode parecer radical, mas eu só aconselharia a volta quando se dispusesse uma vacina”, disse Constant.
SAÚDE
A Gazeta procurou a Secretaria Estadual de Saúde (Sesau) para saber se tem contribuído com o debate que envolve a educação. Segundo a assessoria do órgão, isso tem ocorrido de modo a enfatizar o que aponta a ciência para o combate e a prevenção do contágio. E que a posição adotada, naturalmente, influencia o governo do Estado em seus encaminhamentos. “A Sesau tem pautado os debates no combate à Covid-19 sempre ouvindo a ciência. O acompanhamento e o monitoramento feitos pela Secretaria de Estado da Saúde dos casos da Covid-19 em Alagoas contribuem diretamente para a tomada de decisões do governo na efetivação do Distanciamento Social Controlado”, informou a assessoria. Sobre o debate para a construção de um protocolo de retorno, ela se pautará não só pela posição dos órgãos envolvidos, dos pais, alunos, professores e trabalhadores, mas também com base nas decisões tomadas em outros estados. O importante a se destacar, no momento, é que não há nenhum indicativo de data para que as unidades escolares voltem a funcionar com aulas presenciais.