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MILITARES DIZEM ESTAR COM SOBRECARGA DE TRABALHO

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Um levantamento feito pelo G1, com o Monitor da Violência, apontou que o Alagoas tem a 5ª polícia mais violenta do Nordeste. Os dados mostram que, somente no primeiro semestre deste ano, 51 pessoas morreram durante intervenção policial no Estado. Em contrapartida, 2 policiais vieram a óbito no mesmo período. O presidente da Associação das Praças da Polícia Militar e Corpo de Bombeiros de Alagoas (Aspra/AL), sargento Wagner Simas, alega que a maioria dos militares de Alagoas está com sobrecarga de trabalho. Segundo ele, muitos ficam vulneráveis à criminalidade pelo excesso de atividades extras. “Hoje, na verdade, a maioria dos militares está trabalhando com uma sobrecarga de trabalho, mesmo tendo uma escala regular, eles estão tirando serviço extra voluntário, que é a Força Tarefa e a Ronda no Bairro. Em consequência disso, não estão se recuperando para o desempenho de uma nova atividade. Isso ocorre porque eles buscam complementar os salários”, afirma Simas. “Eles [militares] estão vendo a folga para o Estado para ser remunerado. O Estado está colocando policiais nas ruas vulneráveis à criminalidade, uma vez que, se ele desempenha uma atividade de alto risco e não se recupera psicossocialmente, depois de uma atividade de 12 ou 24 horas, ele não vai ter o reflexo necessário para o desempenho de uma nova função”. Outro ponto que eleva o número de mortes por policiais na ativa, segundo o presidente da Aspra, é o tráfico de drogas no Estado. Para o sargento, além da falta de efetivo, o poder ofensivo da criminalidade está acima da política de segurança pública. “O profissional, quando vai para um chamado para combater o tráfico e outras eventualidades, vai disposto a tirar de circulação as drogas ou qualquer outro elemento. Com a falta de efetivo, com a falta da recuperação psicossocial e o Estado forçando os militares ao desempenho dessa função, mesmo que remunerada, ele está sendo alvo fácil do crime organizado”, expõe.

FALTA DE POLÍTICAS PÚBLICAS

Simas cobra políticas públicas mais efetivas para as pessoas mais necessitadas, para que eles não sejam alvos fáceis da criminalidade. “Quando não tem política pública do governo para a sociedade que mais precisa de orientação, da educação, saúde e segurança pública, quando o governo não coloca os agentes públicos ao acesso à escola, hospitais, postos de saúde, o contato direto com os profissionais da segurança pública, quando falta esse processo educativo do agente público por causa da inércia do poder público, infelizmente, o poder ofensivo da criminalidade vai recrutar os jovens. O que é lamentável”. Conforme Simas, a falta de assistência e o abandono do Estado com o Hospital da Polícia Militar agrava a situação psicossocial dos policiais, que não têm assistência médica adequada. Em fevereiro deste ano, a Gazeta de Alagoas expôs o caos na unidade hospitalar, que já funcionava de forma precária, com a maternidade e as enfermarias fechadas; equipamentos de setores, como o de fisioterapia, quebrados e os que funcionavam, parados por falta de manutenção. “A gente vem batendo de frente com essa questão. O hospital da polícia está entregue às traças. Os melhores profissionais da saúde estão no quadro de médicos da corporação, e o Estado está acabando com isso. O governador disse que não vai mais abrir concurso público para profissionais da saúde da PM e Bombeiros. Essa questão da saúde mental vem aumentando em decorrência disso. Você tem o enfrentamento no dia a dia, uma ação mais enérgica e você não tem, após o serviço, o acompanhamento psicológico. Você pode ter trocado tiros, matar um bandido, ficar com sequelas, isso se não morrer, e a gente não tem acompanhamento constante do estado. O militar sai de casa sem saber se vai voltar. O Estado é zero de assistência para os familiares, para a viúva que fica até quatro meses sem receber a pensão”.

MORTES NO BRASIL

Ao menos 3.148 pessoas foram mortas por policiais no primeiro semestre deste ano em todo o País. O número é 7% mais alto que o registrado no mesmo período do ano passado, quando foram contabilizadas 2.934 mortes. Os casos de policiais que morreram em serviço e fora de serviço também apresentaram alta nos primeiros seis meses deste ano. Foram 103 policiais mortos, contra 83 no ano passado, o que representa um aumento de 24%.

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