O ministro-interino da Saúde, Eduardo Pazuello, disse ontem que a vacinação contra a Covid-19 no Brasil começa em “janeiro do ano que vem”. A declaração foi dada antes da reunião de ministros com Jair Bolsonaro. O interino da Saúde foi perguntado sobre o tema pela youtuber mirim Esther. A garota de 10 anos foi convidada pelo presidente e conversou com a maioria dos ministros. Para Pazuello, a menina perguntou: “Vai ter vacina para todo mundo? E remédio, ou não vai?”. “É o plano. A gente está fazendo os contratos com quem fabrica as vacinas, e a previsão é que essa vacina chegue para nós a partir de janeiro. Janeiro do ano que vem a gente começa a vacinar todo mundo” - Eduardo Pazuello. Em 2 de setembro, o Ministério da Saúde já havia anunciado que a distribuição da vacina desenvolvida pela Universidade de Oxford estava prevista para janeiro de 2021, caso seja mantida a perspectiva de comprovação da eficácia na terceira e última fase de testes clínicos. Na data, o secretário-executivo da Saúde, Élcio Franco Filho, reforçou que as primeiras 30 milhões de doses serão oferecidas para a população no começo do ano que vem, seguindo o planejamento do governo. “A previsão, pelo que nós estamos discutindo, e que nós temos até o momento, é que os primeiros lotes da vacina estarão sendo disponibilizados para imunização da população a partir de janeiro de 2021”, disse o secretário. Segundo Élcio Filho, em um primeiro momento o país receberá do exterior o ingrediente ativo da vacina, que será preparada e envasada pala Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), no Rio de Janeiro. A instituição tem um acordo de transferência tecnológica que garantirá a produção do imunizante no país. A Fiocruz deve ainda produzir, em um segundo momento, mais 70 milhões de doses da vacina.
RESULTADOS AINDA EM 2020
De acordo com o cientista Andrew Pollard, diretor do Grupo de Vacinas de Oxford, os dados dos testes da potencial vacina da universidade com a AstraZeneca podem ser enviados a órgãos reguladores ainda neste ano. “É simplesmente possível que, se os casos se acumularem rapidamente nos ensaios clínicos, nós possamos entregar os dados para os [agentes] reguladores neste ano”, disse Pollard. “Então, eles passariam por um processo para fazer uma avaliação completa dos dados”. A vacina de Oxford está em testes de fase 3, a última, em vários países, inclusive no Brasil. Segundo a regulação britânica, depois dessa etapa, a imunização segue para licenciamento, quando agências reguladoras do governo do Reino Unido ou da Europa revisam os dados dos ensaios. Nessa etapa, elas se certificam de que a vacina tem a eficácia e o nível de segurança necessários. A imunização da universidade conseguiu induzir resposta imune nos testes em humanos. Segundo Pollard, os testes envolveram 50 mil pessoas: 20 mil no Reino Unido, Brasil e África do Sul e 30 mil nos Estados Unidos, onde os ensaios são liderados pela AstraZeneca.