IBGE
CONCENTRAÇÃO ECONÔMICA JUSTIFICA SITUAÇÃO NO ESTADO
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Os dados do IBGE revelam ainda que, no Brasil, mais de 10 milhões sofrem com a fome, sendo mais de 4,2 milhões no Nordeste. Bahia, Maranhão, Pernambuco e Ceará lideram o número de moradores em insegurança alimentar grave. Têm, na ordem, 987 mil, 888 mil, 661 mil e 590 mil nessa situação. “Essa pesquisa do IBGE, sem dúvida alguma, apenas reflete uma situação histórica. Até hoje ainda assombra a sociedade alagoana a centralidade da economia e uma concentração de terras em Alagoas. Essa concentração vem na sua formação desde a colônia até hoje, a partir de uma perspectiva das elites”, declara o professor universitário e historiador Cláudio Jorge Gomes de Morais. “Então, nunca houve efetivamente na história das Alagoas uma distribuição e ao mesmo tempo uma modernização concreta que pudesse fazer da estrutura econômica um acesso da população no mundo do trabalho. Essa resposta estrutural dessa situação que o IBGE aponta com certeza isso não vai conseguir ser superado apenas com programa social do governo federal. Vai além disso. É uma questão histórica e infelizmente bastante atual para a sociedade alagoana”, acrescenta o professor. Para a nutricionista Laryssa Santana, apesar da falta de poder aquisitivo por grande da população para a manutenção da sobrevivência, o Brasil - diferente de outros países em desenvolvimento - não tem problemas quanto à oferta de alimentos, esses estão disponíveis, mas não são acessíveis à população de renda mais baixa. “Têm alimentos disponíveis, mas a população pobre não tem acesso a eles de forma digna, segura e regular, infringindo um dos direitos humanos fundamentais – o direito a alimentação. Segundo a Lei Orgânica de Segurança Alimentar e Nutricional (LOSAN), o estado deve garantir a todos o acesso a alimentos de qualidade, em quantidade suficiente e de modo permanente, com base em práticas alimentares saudáveis e sem comprometer o acesso a outras necessidades essenciais nem o sistema alimentar futuro”, explica a nutricionista.
“Na população residente no Brasil, estimada em 207,1 milhões de habitantes, 122,2 milhões eram moradores em domicílios com Segurança Alimentar (SA), enquanto 84,9 milhões habitavam aqueles com alguma Insegurança Alimentar (IA), assim distribuídos: 56 milhões em domicílios com IA leve, 18,6 milhões em domicílios com IA moderada e 10,3 milhões em domicílios com IA grave”, explica o IBGE.
Em 2017-2018, a Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) estimou a existência de 68,9 milhões de domicílios particulares permanentes no Brasil. Dentre esses, 63,3% (43,6 milhões) estavam em situação de Segurança Alimentar, enquanto os outros 36,7% (25,3 milhões) estavam com algum grau de Insegurança Alimentar: leve (24,0%, ou 16,4 milhões), moderada (8,1%, ou 5,6 milhões) ou grave (4,6%, ou 3,1 milhões). Esse cenário, segundo a pesquisa do IBGE, foi proporcionalmente mais expressivo nos domicílios na área rural: lá, a proporção de IA grave foi de 7,1% (676 mil domicílios), acima do verificado na área urbana (4,1%, ou 2,5 milhões de domicílios).