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Nº 5693
Cidades

INCÊNDIOS NO PANTANAL PODeM GERAR DANOS IRREVERSÍVEIS

Os incêndios florestais que atingem o Pantanal já chegam a 3 milhões de hectares, segundo informações do Centro Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais (Prevfogo). A situação vem se tornando uma das maiores catástrofes ambientais da histó

Por william makaisy | Edição do dia 23/09/2020 - Matéria atualizada em 23/09/2020 às 06h00

Os incêndios florestais que atingem o Pantanal já chegam a 3 milhões de hectares, segundo informações do Centro Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais (Prevfogo). A situação vem se tornando uma das maiores catástrofes ambientais da história. O número representa atualmente cerca de 19% do bioma do Brasil. As consequências dos incêndios já podem ser sentidas em diferentes cidades brasileiras, como a coluna de fumaça que se dirige às regiões Sudeste e Sul do país e foi detectada pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Segundo os dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), de janeiro a meados de setembro deste ano, foram registrados 69,5 mil focos de calor (que costumam representar incêndios) na Amazônia. O Pantanal, apresentou o maior crescimento de focos de calor entre os biomas neste ano. Os registros aumentaram 219% em comparação ao mesmo período do ano passado, de janeiro à primeira quinzena de setembro. Até sábado (19), havia 15,9 mil focos correspondentes a 2020. Nas duas primeiras semanas de setembro deste ano foram registrados 5,3 mil focos de calor no Pantanal. Em 2019, no mesmo período, havia 1,6 mil. Para o Claudemir Martins, doutor em geografia e especialista ambiental do Instituto Federal de Piranhas (Ifal), antes de mais nada, ‘crime ambiental’ descreve melhor o que está acontecendo no Brasil. “Antes de tudo temos que destacar que o termo para o que acontece aqui não é catástrofe ambiental, porque não é natural. O que está acontecendo na região Norte e Centro-Oeste do país é crime ambiental mesmo, fruto de um modelo de desenvolvimento rural que o Governo ao longo dos séculos aprofundou, que é o que chamamos de agronegócio, ou seja, desmatamento, queimadas, monocultivos”, informou. “Esse modelo de desenvolvimento ancorado no agronegócio, é um modelo colonial e é quem causa toda a insustentabilidade, e que vem avançando, porque para avançar em florestas e cerrados, eles desmatam e queimam. Tudo isso é fruto desse modelo, que é insustentável. Estamos no limite, precisamos alterar essa forma de desenvolvimento ou o dano será irreversível, tanto para a fauna quanto para a flora brasileira.” O pesquisador informou que, já existem estudos que mostram que esse modelo de desenvolvimento já acarretou no desaparecimento de diversas espécies da flora e fauna do Brasil. “A Amazônia, o Cerrado brasileiro e a Caatinga também, são biomas complexos e com uma biodiversidade imensa, e isso vem sendo perdido por conta desse desmatamento e dessas queimadas”, pontuou. Apesar de não ser possível mensurar ainda o dano total desses incêndios, Martins salienta que, a longo prazo, eles serão irreversíveis, porque estão aumentando gradativamente e de forma rápida. Ele destaca ainda que, apesar dos focos de incêndios estarem principalmente no Centro-Oeste, o desequilíbrio afeta o Brasil como um todo e principalmente as comunidade indígenas, que estão mais expostas. FUMAÇA E POLUIÇÃO No que diz respeito poluição gerada pelas fumaças em decorrência das queimadas, o Nordeste é a única região brasileira não afetada, segundo dados do laboratório de Análise e Processamento de Imagens de Satélites da Ufal (Lapis). Em uma imagem processada pelo laboratório no dia 15 de setembro, a poluição do ar, por monóxido de carbono (CO), ficou até 3.360% acima do limite máximo aceitável para a população exposta em municípios do Mato Grosso, Acre e Rondônia. “A fumaça das queimadas não chegam na região Nordeste como um todo. O que temos de impactos, em termos de cinzas, vem da África, mas são em pouca quantidade chegando até o Nordeste. No caso específico das queimadas no Pantanal, na Floresta Amazônica e no Cerrado, dada a circulação de vento e as condições climáticas, é improvável que cheguem até aqui. É mais provável que sejam direcionadas para o Sul, Sudeste e Centro-Oeste ”, explicou Humberto Barbosa, pesquisador e diretor do Lapis.

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