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Nº 5852
Cidades Marcelo Constant, médico infectologista da Uncisal.

FOTO: EDILSON OMENA

INFECTOLOGISTA ALERTA PARA AUMENTO DE CASOS DA COVID EM AL

Para Marcelo Constant, crescimento pode ser atribuído à falsa sensação de segurança

Por william makaisy | Edição do dia 07/10/2020 - Matéria atualizada em 07/10/2020 às 06h00

Aos poucos a normalidade se estabelece em Alagoas e o ‘novo normal’ vem caindo no gosto dos alagoanos. Contudo, um novo relatório do Observatório Alagoano de Políticas Públicas para o Enfrentamento da Covid-19, da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), mostrou que a situação não é tão boa quanto se acha. A média semanal de novos casos aumentou de 550 para 919 casos, de 27 de setembro a 3 de outubro. O número de óbitos também sofreu um leve aumento de 3%, apontando que a situação exige uma preocupação maior. De acordo com os dados do Observatório Alagoano de Políticas Públicas para o Enfrentamento da Covid-19, após um período mantendo a estabilidade de novos casos a cada novo boletim epidemiológico, na última semana, na capital alagoana, houve um aumento acentuado no número de infectados pelo novo coronavírus, e uma retomada na evolução das mortes. De acordo com o infectologista Marcelo Constant, a elevação nos casos pode ser atribuída à falsa sensação de segurança que a população adquiriu com o tempo. “Nós podemos atribuir isso a própria população, que vem negligenciando os cuidados. Isso é refletido nas ruas, por exemplo. Ao andar por Maceió você encontra pessoas sem máscaras, aglomeradas, como se tudo já tivesse acabado e a pandemia tivesse ficado no passado. E era o esperado, porque a tendência quando as pessoas acham que acabou é voltar ao habitual”, disse. “Claro, há sempre outros olhares sobre esse assunto. Por exemplo, ao mesmo tempo que pode simbolizar que a população não está se cuidando, pode simbolizar também que as pessoas estão procurando mais por Unidades de Saúde e estão se testando mais, o que, por consequência, faz aumentar o número de casos registrados. Ambos os lados têm que ser levados em consideração, apesar de que eu não acredito muito nessa hipótese.” O infectologista exemplificou o que pode está acontecendo através de um comparativo com a década de 80, quando houve o surto de HIV no mundo inteiro. Ele explicou que, naquela época, durante o auge do ‘surto’, a reação imediata foi o desespero e a mudança de hábitos. As pessoas deixavam de se relacionar com quem não conheciam e culpavam, principalmente, casais homoafetivos pela disseminação do vírus, quando, na realidade, o contágio continuava acontecendo entre heterossexuais. “Claro, cada caso com sua devida proporção, o comparativo está no fato de normalizarem que somente um ‘público’ pode ter a doença e por isso começam a relaxar nos cuidados”, pontuou. Apesar de se preocupar com o contágio e o aumento no número de novos casos, assim como o leve aumento na média de mortos, o infectologista não acredita que uma nova onda, caso ocorra, possa ser tão grande quanto a primeira. “Acredito que, caso ocorra, não chegue do mesmo jeito que no começo, porque, apesar do negligenciamento de muitos, outros ainda continuam tomando os devidos cuidados”, disse.

ISOLAMENTO

O aumento no número de casos pode ser também mostrado como equivalente a diminuição do isolamento social. Segundo dados do Mapa de Isolamento Social da Inloco, o isolamento em Alagoas oscila entre os 30% e 40%. O domingo segue sendo o dia onde a maior parte dos alagoanos permanece em casa, de acordo com os dados da plataforma, que usa informações de localização em smartphones que possuem aplicativos parceiros. No último domingo (04), a taxa de isolamento foi de 44% no estado. O Estado não ultrapassa a marca dos 50% de isolamento social desde o final de julho.

Constant reforça que, as pessoas precisam entender que ainda não é o momento para o relaxamento, seja com relação ao cuidados higiênicos ou ao isolamento social. “Não existe vacina ainda, eu gosto de frisar isso sempre. E até mesmo quando ela chegar, não sabemos se a efetividade será 100%. Mas, o foco é que, até lá, os cuidados devem ser mantidos. Lavar as mãos com frequência, uso de álcool em gel, máscara, distanciamento. Lembrem: sair somente se for totalmente necessário”, frisou o infectologista, que completou: “não se coloquem em risco sem motivo.”

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