O número de doadores de órgãos caiu 87% em Alagoas no ano de 2020. A informação foi repassada pela Central de Transplantes do estado. Este ano, foram realizados, apenas, 26 transplantes de córneas. A pandemia da Covid-19 contribuiu para o baixo número. No Brasil, a pandemia fez com que as doações de órgãos no País caíssem 40% em comparação ao ano passado. Entre janeiro e julho deste ano, foram feitos 9.951 procedimentos deste tipo. No mesmo período em 2019, o número foi de 15.827. Até 31 de julho, havia 46.181 pacientes aguardando por um transplante. Em março, a realização dos procedimentos foram suspensas, por causa dos riscos de contágio da Covid-19, porém, as cirurgias já foram normalizadas. Quem está na fila de espera já pode voltar a sonhar com a doação.
RECUSA
Para a coordenadora da Central de Transplantes, Daniela Ramos, são diversos os fatores para a recusa da doação, incluindo questões religiosas. “Às vezes as pessoas se assustam quando falam em doação de órgão, além de haver a questão da religiosidade em manter o corpo íntegro para o enterro. Contudo, muitos desconhecem que a cirurgia de retirada dos órgãos é um procedimento que deixa o cadáver pronto para ser velado normalmente em caixão aberto. Entretanto, se for um caso de acidente, o motivo de ser velado em caixão fechado não é devido à retirada dos órgãos e, sim, por causa da gravidade da ocorrência”, explicou. Daniela Ramos assegurou que a doação de órgãos só poderá ocorrer se houver autorização da família. Daí a importância do potencial doador, ainda em vida, manifestar esse interesse entre os mais próximos de sua convivência e esclarecê-los sobre o desejo de se tornar doador após a morte. “Não adianta deixar nada por escrito. No momento em que for comprovada a morte encefálica e o familiar não autorizar, os médicos não podem fazer nada. É preciso acatar a decisão. Então, é necessário debater sobre o assunto e sensibilizar os familiares. Pois, no momento de dor, de perda, quando fica declarado que o paciente é doador em vida fica menos difícil da família dizer um não”, observou. Ainda de acordo com a coordenadora, a Central de Transplantes funciona em regime de plantão, a fim de atender todas as ocorrências.
NOTIFICAÇÕES
“As notificações de morte encefálica são compulsórias, obrigatórias. Os profissionais de saúde têm por obrigação ligar para os telefones 3376-8186/3315-7440 e avisar da possibilidade de doação de órgãos. É aí que a gente entra em cena para saber da família se concorda com a doação. Se concordar, preparamos os documentos e os médicos iniciam a cirurgia para retirada do órgão”, frisou. Em Alagoas, os transplantes de rim são realizados na Santa Casa, no Hospital Vida e no Arthur Ramos. Transplante de coração somente na Santa Casa. Em Arapiraca, no Agreste, o Centro Hospitalar Manoel André realiza transplante de rim. Os transplantes de córnea são feitos no Instituto da Visão, no Instituto de Olhos, no Hospital Santa Luzia e no Hospital Universitário (HU), este vinculado à Universidade Federal de Alagoas (Ufal), onde funciona o Banco de Olhos, que faz captações. O de fígado, no entanto, somente na Santa Casa.
4 TIPOS
Alagoas só está credenciado para o transplante de rim, córnea, coração e fígado. A Central de Transplantes de Alagoas é a responsável em estruturar e gerenciar as listas de espera. “O trabalho com os três órgãos não impede a doação dos outros, pelo contrário, no momento da autorização da família, há o contato imediato com a central nacional para a discussão sobre como será enviado para outro local”, acrescentou Daniela Ramos.