A situação das escolas alagoanas e do retorno do ensino presencial permanece uma eterna incógnita no Estado. Atualmente, apesar das escolas da rede privada de ensino já terem entregado ao governo de Alagoas um protocolo de segurança visando o retorno das aulas presenciais, não há data para a volta ocorrer de fato. Paralelamente ao tempo de espera, o desemprego assola alguns professores e outros profissionais que atuavam nesses estabelecimentos, onde, em algumas escolas, o corte no quadro de funcionários já chega a 50%. Segundo a presidente do Sindicato das Escolas Particulares de Alagoas, Barbara Heliodora, o desemprego no setor existe mas não é tão expressivo, em termos gerais, até o momento. “O setor tem sim lidado com demissões, logicamente, porém não tantas a ponto de ser algo expressivo. Não conseguimos passar números exatos até o momento. Mas, claro, algumas escolas fecharam as portas e outras já anunciaram que só aguentam até dezembro, ou seja, demissões irão acontecer”, pontuou. “Mas sim, acredito que se continuarmos nessa situação as demissões começarão a se tornar expressivas, porque não há empresário que consiga manter o fechamento das escolas por muito mais tempo. Mais tempo parado pode trazer vários prejuízos ao setor, economicamente falando. Temos, além de tudo, a decisão judicial que faz com que durante o período de ensino remoto as escolas diminuam em até 30% a mensalidade.” A presidente explicou também que, com relação ao retorno presencial das aulas, até o momento não há previsões mas um protocolo de segurança já foi entregue. “Nos reunimos com o atual secretário de Educação de Alagoas mas, até o momento, não há data para retorno. Entregamos um protocolo de segurança e falamos sobre a situação do setor, agora resta aguardar as iniciativas do Governo como relação a isso”, disse.
ESCOLAS
De acordo com Wedson Santos, proprietário de uma escola que está fechada desde o começo da pandemia, no município de São Luís do Quitunde, em Alagoas, a situação está cada vez mais preocupante. “Minha escola atende do maternal até a primeira série, e para esses alunos, pela idade, não há como ter o ensino remoto, ou seja, estamos parados e sem previsão de retornar. A situação financeira está péssima, precisei, inclusive, demitir quatro funcionários, dos 7 que eu tinha”, contou.
Ele contou também que mais de 70% dos pais de seus alunos querem que as aulas retornem, mas não acredita que seja viável. O proprietário relatou ainda que, apesar de não poder retornar, já estão aptos e seguindo as recomendações de saúde e segurança. “Já temos totem, álcool em gel e tapete sanitizante. Temos também telas de rosto para os professores, máscaras e termômetros, e, sobretudo, algumas mudanças no espaço escolar.” Na escola de Mayara Freitas, no Tabuleiro do Martins, parte alta da capital e que oferece do maternal (2 anos) ao 5° ano, as aulas estão acontecendo de forma remota, mas já contam com redução de parte do efetivo de profissionais e com redução de 30% no valor da mensalidade. “Tínhamos 4 professoras, 1 saiu logo no início e outra engravidou e pediu pra sair. Atualmente então nós revezamos as outras para atender a todas as turmas. Estamos conseguindo lidar, caso volte, teremos que contratar para as aulas presenciais”, informou.
“Infelizmente, educação não é prioridade em nossa cidade, nem em nosso Estado ou muito menos no país. Tudo funciona, mas escola não pode. Somos uma empresa como qualquer outra, temos funcionários e impostos, precisamos trabalhar para cumprir com nossas obrigações. Muitas escolas fechando. Muitas pessoas desempregadas, e ninguém sequer pensa em uma ajuda para essas empresas”, destacou a proprietária.