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Nº 5856
Cidades

ENTIDADES ALERTAM SOBRE O AUMENTO DOS CASOS DE ESTUPRO EM AL

Dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública mostrou crescimento de mais de 38% entre 2018 e 2019

Por regina carvalho | Edição do dia 21/10/2020 - Matéria atualizada em 21/10/2020 às 04h00

Os dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública divulgados no início desta semana reforçam como os casos de estupro avançam em Alagoas, que registrou um aumento de mais de 38% de 2018 para 2019 - o terceiro maior - atrás apenas do Amapá e do Rio Grande do Norte. A presidente da Comissão Especial da Mulher da OAB/AL, Caroline Leahy, diz que todas as mulheres merecem ser respeitadas por suas escolhas e que os dados sobre estupros são muito preocupantes. “Em pleno século 21 ainda nos deparamos com a cultura de estupro no Brasil, quando há julgamento e culpabilização do comportamento das mulheres e uma atitude de total normalização do comportamento do homem; acentuada no Norte e Nordeste pelo machismo e patriarcado”, detalha. De acordo com Caroline Leahy, o crime de estupro é qualquer ato sexual contra vontade da vítima, mediante violência ou grave ameaça, ou qualquer situação que essa mulher não possa oferecer resistência. Também é crime, sexo com menores de 14 anos ou para satisfação do prazer apenas de determinada pessoa. “Nós da Comissão Especial da Mulher da OAB/AL, estamos em constante diálogo com a Secretaria de Segurança Publica, SEMUDH, Cedim , e demais órgãos competentes para que possamos levar informação, acompanhar os índices e ainda , nas tratativas para sempre dialogarmos sobre a ampliação de políticas públicas para mulheres no Estado”, acrescenta a advogada. Ela avalia que, apesar dos números serem assustadores, a vítima de estupro tem o lapso temporal de até 20 anos para denunciar. “A situação de violência se torna ainda mais nítida quando o agressor reside junto com a vítima . A vulnerabilidade desta, diante de uma realidade de dependência muitas vezes financeira, ou até mesmo por vergonha e medo fazem com que o número de subnotificações sejam ainda preocupantes. Precisamos cada vez mais acreditar que a denúncia é o melhor caminho , que a justiça e a Rede de Enfrentamento são eficazes , para que possamos modificar essa triste realidade”, finaliza a advogada. “O aumento dos índices de violência contra mulher é percebido em todo Brasil. Esta triste realidade é fruto desse governo do Bolsonaro que desde as eleições sempre se demonstrou misógino e contra a vida das mulheres. Em Alagoas não é diferente, pois esse aumento alarmante é consequência da omissão do Governo do Estado em combater a cultura do estupro”, avalia a pedagoga Mona Spinassé, do Movimento de Mulheres Olga Benário de Alagoas. Na opinião da pedagoga, as mulheres sofrem além da violência sexual também a estrutural, pois o Estado que deveria criar políticas públicas para a proteção, acaba sendo o primeiro a violentar quando não implementa efetivamente a lei Maria da Penha em Alagoas, que somente tem três delegacias especializadas em todo o estado e que não funcionam 24 horas. “Além disto, a justiça burguesa e a polícia tratam os casos de violência contra a mulher com morosidade e sem dar muita importância. São ínfimas as políticas públicas que asseguram a proteção das mulheres e combatem a cultura do estupro. Há anos o movimento de mulheres Olga Benário denuncia os altos índices de violência em Alagoas, mas a única resposta que temos é só promessa. Por isso, atuamos na organização das mulheres para lutarmos pelas nossas vidas”, finaliza. De acordo com o Anuário Brasileiro de Segurança Pública, em 2018, foram 455 estupros registrados, contra 634 em 2019, um salto de 38,7%. O indicador inclui também o crime de estupro de vulnerável. O levantamento foi feito pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), com base em dados das secretarias de segurança pública dos estados e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No Brasil, foram 66.907 ocorrências em 2018 e caiu para 66.123 no ano passado. A estatística revela ainda que as vítimas de estupro são, em sua maioria, adolescentes, quase 86% eram do sexo feminino e que os autores do crime quase sempre eram conhecidos das vítimas.

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