Seguranças da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) questionaram um relato de tentativa de estupro de uma estudante e não deram assistência a outras que estavam fazendo experimentos em um laboratório do campus, que anda vazio desde a paralisação das atividades acadêmicas, segundo reclamação das pesquisadoras.
A estudante estava indo para um laboratório na Faculdade de Odontologia durante a manhã quando foi abordada por um rapaz, que a pediu informações. Após pedir para conhecer o bloco, o rapaz a atacou e tentou estuprá-la. Ela conseguiu se desvencilhar e foi atrás de uma amiga, que sabia que estava em outro laboratório da universidade.
“Ele [segurança] questionou o porquê ela o atendeu quando pediu por informações e para ver o bloco, disse que iria ver imagens de câmera de segurança para saber o que realmente aconteceu”, conta Samantha Liara, amiga da vítima e que estava junto no momento. “Ele podia questionar o mérito da coisa, a inocência dela, mas nunca falar isso na frente de uma vítima”.
Coordenador do Laboratório de Análise in vivo da Toxicidade (LAVITox), o professor Lucas Anezini afirma que o problema de segurança no campus é antigo, mas que o ocorrido na quinta (29) é grave. “Protocolei junto à direção do Instituto o relato feito pelas estudantes”, disse. “Ele deve ser encaminhado depois para as Pró-Reitorias”. Após a agressão sofrida pelas colegas, Samantha e mais cinco pesquisadoras que estavam no laboratório ficaram receosas. “A porta que dá acesso à área dos laboratórios está sem tranca faz tempo, e um segurança deveria ficar lá sempre. Tem até equipamento caro nos laboratórios que podem ser facilmente roubados”, reclama. “A professora que estava conosco, ao sair, comunicou aos seguranças o ocorrido e pediu para alguém ficar no bloco. Eles não foram”, diz. Samantha e as colegas, que terminaram os experimentos por volta das 18:30, ficaram com medo de sair à noite e tentaram contatar os seguranças, que não atenderam. Feriado do Dia do Funcionário Público e com as atividades acadêmicas paralisadas, a Universidade passa quase todo o dia vazia. Somente os pesquisadores dos laboratórios comparecem para realização das atividades. “Ontem (28) bancos estavam fechados, por ser feriado. Alguém que não era pesquisador entrou e eles não questionaram ou pegaram informações”, reclamou Samantha. Ela pretende criar um Instagram para angariar relatos de colegas que foram vítimas de violência no campus durante a paralisação, e organizar um protesto para cobrar respostas. A direção da Faculdade de Odontologia, onde a vítima da tentativa de estupro estudava, deve se unir ao coordenador do laboratório e protocolar uma reclamação à universidade sobre a omissão dos seguranças. Procurada, a Ufal ainda não respondeu ao pedido de posicionamento da Gazeta.