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Nº 5695
Cidades Maceió, 07 de abril de 2020   
Movimentação dois transportes e do trânsito na região de Bebedouro. Alagoas - Brasil.
Foto: ©Ailton Cruz

MESTRE DA UFAL CONFIRMA DESAPARECIMENTO DOS QUATRO BAIRROS

Segundo Abel Galindo, área de mineração está entrando em fase de deformações aceleradas, na direção do colapso das minas

Por arnaldo ferreira | Edição do dia 31/10/2020 - Matéria atualizada em 31/10/2020 às 04h00

O professor Abel Galindo, mestre em Geologia da Universidade Federal de Alagoas, com trabalhos publicados em diversos países, confirmou a existência de relatórios de especialistas em geologia da Europa e da USP com a recomendação de evacuação das áreas de risco nos quatro bairros afetados pela mineração. “Realmente existe relatório apontando risco de afundamentos pontuais. Os bairros começam a afundar em 2021”, disse Galindo depois de confrontar as pesquisas dele com as dos colegas europeus, da USP e ao chegar à conclusão da situação grave nos quatro bairros. Pesquisadores de diversos países têm estudado e aplicado a Teoria da Fluência Acelerada, com tensão constante, para prever o tempo de falha, para mineração salina por dissolução. Esse tempo de falha significa a previsão do dia, ou do mês, ou do ano em que a superfície, sob a qual tem-se mina (ou minas), irá colapsar. O método gráfico da velocidade inversa é a solução mais comum e mais prática e tem por base estudos experimentais. Segundo os pesquisadores, o Método da Velocidade Inversa tornou-se ferramenta amplamente aplicada na previsão do tempo de falhas, especialmente para solos e rochas. O gráfico de Jeremic (1994) mostra a Evolução Temporal Típica de subsidência associada ao sal. No caso da mineração salina em Maceió, o professor Abel Galindo lembra que a exploração com maior intensidade iniciou-se nos primeiros anos da década de 1980. “Se considerarmos dos meados dessa década até 2016 ou início de 2017, teremos três décadas e nesse período as deformações foram de poucos centímetros na área das minas (Mutange e Bebedouro), e por isso pouco perceptíveis. De 2017 até junho de 2020, teremos três anos e meio. Nesse período teve-se subsidência (deformações) de dezenas de centímetros ou mais precisamente 75 cm(ou mais), segundo os relatórios de interferometria apresentados pela CPRM e de outros relatórios de empresas especializadas contratadas pela Braskem. Isso na área não submersa pela lagoa”. Galindo observa que o quadro das deformações nos últimos três anos e meio está perfeitamente enquadrado no gráfico do pesquisador Jeremic. “Sendo assim, a mineração salina de Maceió, segundo esse gráfico de Jeremic, as informações recentes sobre interferometria de relatórios da CPRM e de empresas contratadas pela Braskem, da área de mineração, está entrando na fase de deformações aceleradas, na direção do colapso de muitas minas”.

BEBEDOURO TERÁ MAIOR COLAPSO

Os relatórios da CPRM e das empresas especializadas, de informações contidas no relatório do IfG (relatório alemão) e no recente relatório do Geoapp s.r.l., mostram que a área que tem início no cruzamento da linha férrea (linha do VLT-Mutange/Bom Parto) com a Avenida Major Cícero de Góis Monteiro até o colégio Bom Conselho, envolvendo também partes adjacentes, próximas à encosta do Mutange e de Bebedouro, desaparecerão do mapa de Maceió nos próximos cinco ou seis anos. “O processo de grandes afundamentos deverá ter início no segundo semestre de 2021” prevê o professor Abel Galindo e os colegas da Itália, Alemanha e da USP. As áreas citadas hoje estão em ruínas. O colégio Bom Conselho está desativado. No decorrer da semana, engenheiros e técnicos contratados pela Braskem voltaram a vistoriar novas áreas de rachaduras em imóveis e empreendimentos comerciais na parte comercial de Bebedouro. Até a Igreja de Santo Antônio, do século XIX, com azulejos português, na Praça Lucena Maranhão, não escapou. As rachaduras aumentam a cada dia. Está fechada e recebeu notificação para deixar o bairro. A Igreja Católica busca terreno para a construção do novo templo. As despesas serão da Braskem. O clima dos moradores na região é de medo até para quem não está na área de risco.

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