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ADOÇÃO DE ANIMAIS É OPÇÃO DE ALAGOANOS EM MEIO À PANDEMIA

Segundo especialistas, contato com os bichos ajuda a superar a solidão, regular o sono e o humor

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Imagem ilustrativa da imagem ADOÇÃO DE ANIMAIS É OPÇÃO DE ALAGOANOS EM MEIO À PANDEMIA
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o isolamento social, devido à pandemia da Covid-19, tem levado muita gente a adotar um animal de estimação para ter companhia e distração nesta fase difícil. O contato com os bichinhos, segundo especialistas, ajuda na produção de endorfina e serotonina, que atua no cérebro regulando, por exemplo, o humor e o sono. Quem adotou um animal nos últimos meses, garante que a vida mudou, para melhor. No entanto, uma das preocupações dos voluntários de organizações não governamentais (ONGs) é deixar bem claro que a pandemia vai passar, mas a adoção é permanente. Em Alagoas, o índice de abandono de animais ainda é alto. A psicóloga clínica Geyza Amaral relata que muitas pessoas estão se sentindo sozinhas neste período e ter um animal em casa pode ajudar a suprir os momentos de solidão e ainda proporcionar lazer e interatividades entre as famílias. “Um animal tem a capacidade de preencher ambientes, promove interação entre os membros da casa. Se houver criança em casa esse animal vai despertar o senso de cuidado dessa criança. Além de tudo, alegra o ambiente e desperta bons sentimentos que são o cuidado, o amor, o carinho. Uma excelente opção neste momento em que a solidão ganha espaço nos lares. Mas é preciso ter responsabilidade no ato de adotar”, alertou a psicóloga. A advogada e presidente da Comissão do Bem-Estar Animal da Ordem dos Advogados do Brasil seccional Alagoas (OAB/AL), Rosana Jambo, garantiu que o processo de adoção vem se tornando bastante comum no estado, mas ainda pouco praticado, visto a quantidade de animais em abrigos, estes que encontram-se superlotados. “A realidade das ruas permanece sendo muito dura com os animais, sem qualquer suporte, assistência ou abrigo. Animais ficam completamente desprotegidos, faltando-lhes o básico, como água e alimento. A consequência é morte lenta por inanição, exposição a envenenamentos, abusos e todo tipo de violência”, pontuou. “Na pandemia, o número de adoções aumentou. Foi como uma espécie de despertar nas pessoas, que passaram a entender que um animal traz valorização de afeto e alegria”, completou Rosana Jambo. A advogada destacou, ainda, que os índices de abandono em áreas como Pinheiro e adjacências, bairros estes afetados pelo afundamento do solo, foram alarmantes, sobrecarregando abrigos e aumentando o número de óbitos, principalmente na capital alagoana. “A realidade das ONGs e abrigos só será modificada quando o Município e o Estado investirem na saúde desses animais, promovendo castração maciça e contínua. Com a castração, o controle populacional se dará de modo eficiente, diminuindo abandonos, mortes e, também, maus-tratos. Sem investimento em saúde única, não há como resolver tal problema”. A Comissão do Bem-estar Animal da OAB/AL, no entanto, atua como fiscalizadora da lei, observando se a lei de crimes ambientais está sendo cumprida. “Na grande maioria das vezes, o suposto autor do fato participa de audiência administrativa para se comprometer com a OAB em normas que devem ser cumpridas de modo obrigatório em relação ao animal”, acrescentou. Atualmente, com a sanção da lei 14064/20, o aumento de pena para quem comete crime contra cães e gatos (2 a 5 anos de reclusão) possibilita a prisão de agressores, inclusive em flagrante, sem arbitramento de fiança, ficando o agressor preso até audiência de custódia ou decretada pelo magistrado a prisão preventiva do indivíduo. Aumento na procura Tamara Rizzo, de 45 anos, atua em uma organização não governamental que cuida de cerca de 70 animais, incluindo cães e gatos, em Maceió. Ela, que é veterinária, está otimista com o aumento da procura. “Como as pessoas estão em casa, cresceu um espírito de solidariedade. Elas estão mais sensíveis e em busca de um animal para fazer companhia”, avaliou. O instituto em que ela é funcionária está fechado para visitações no momento. Apesar disso, muitas pessoas já foram aprovadas para realizar o procedimento, e só falta a oportunidade de ir até o local conhecer o animal. Ela ressaltou, no entanto, que o primeiro contato é crucial para completar, ou não, a doação.

‘VIDA MUDOU PARA MELHOR’

O jornalista Alexandre Barbosa, de 24 anos, há pouco mais de um mês adotou um gato, batizado como Bento. Ele garante que sua vida mudou para melhor, com a chegada do novo integrante em sua casa.

“Sempre tive vontade de adotar um bichinho de estimação, porém, na infância, quando ainda morava com os meus pais, não podia, pois, os mesmos, não gostavam. Cresci, no entanto, sem ter nenhum animal de estimação. Depois de um tempo fazendo terapia, pois tenho transtorno de ansiedade e quadro depressivo, uma das sugestões apresentadas pela psicóloga foi a adoção de um animal. Ando muito sozinho e uma companhia seria legal, pois ajudaria no tratamento. Fui amadurecendo a ideia, até que, na pandemia, tive uma vontade maior de adotar, pois estava trabalhando em home office, preso, e sentia falta de uma certa companhia, já que passei a morar sozinho”, falou.

Ele relata, ainda, a rotina com o novo bichinho de estimação: “Quando preciso sair para o trabalho ou resolver algo, deixo as coisinhas dele dentro de casa, em uma localidade que ele consiga visualizar. Sempre deixo uma janelinha da porta da cozinha aberta para que possa circular um vento. Bento também passa o dia andando pela casa, cochilando. Ele é mais elétrico no turno da noite. Ele dorme no quarto ao lado do meu. Antes, dormia comigo, mas, durante a noite, acordava e tentava subir em mim para mexer nas minhas orelhas”, disse aos risos. “Minha vida mudou, para melhor, claro. Foi minha primeira experiência e eu sempre quis ter um bichinho. Tenho ansiedade e é muito doido como a presença de um animal ajuda em momentos em que estou com crise, com a respiração mais ofegante. Quando eu coloco ele no colo em momentos como estes, melhora. Ele também percebe quando não estou bem. Ele chega perto, mas fica mais quieto. Teve um dia em que estávamos brincando e, por um descuido, bati a mão com muita força na janela. Por causa da dor, gritei e, ao me ver quase, chorando, Bento foi para mais perto de mim, e começou a fungar”, relatou o jovem. E completa: “Tava habituado a ter uma rotina só para mim, a pensar somente em mim. Agora, mais não. Apesar de ser um animal bastante independente, eu passei a ter uma preocupação com ele, se o mesmo está bem, entende?. É uma companhia que faz muito bem”, concluiu.

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