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TERRA DE ZUMBI, QUILOMBO É IGNORADO POR ÓRGÃOS DE CULTURA

Famílias moradoras há mais de 50 anos no platô da Serra da Barriga temem ser despejadas

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Imagem ilustrativa da imagem TERRA DE ZUMBI, QUILOMBO É IGNORADO POR ÓRGÃOS DE CULTURA
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União dos Palmares – O platô histórico da Serra da Barriga, que até 1695 abrigava o Quilombo dos Palmares, a primeira república livre das Américas e onde morreu o seu último líder, “Antônio” Zumbi dos Palmares (nome dado pelos padres franciscanos), ainda enfrenta problemas semelhantes aos da maioria dos ancestrais africanos escravizados no País. A serra é ignorada pelo Ministério da Cultura, ironizada por autoridades da Fundação Palmares, o acervo cenográfico do Quilombo precisa de conservação, e a população que há mais de 50 anos mora na área tombada vive o drama da espera do despejo para qualquer momento.

Abaixo da serra, mais de 10 mil trabalhadores rurais, dentre eles crianças e adolescentes, aguardam em barracos de lona e casas de taipa o projeto de reforma prometido pelo governo Renan Filho (MDB), que nunca saiu do papel. Nos acampamentos não há água tratada, posto de saúde nem segurança. A maioria das famílias é negra, pobre e de trabalhadores da cana-de-açúcar que sonham mudar de vida. Nessa cidade, distante 78 quilômetros de Maceió, em que, no século XVII, nasciam os ideais de liberdade e resistência contra escravidão no Brasil, a maioria dos 65 mil habitantes, inclusive os que moram na Serra da Barriga, desconhece a história do Quilombo dos Palmares. A população enfrenta um dos maiores índices de desemprego e empobrecimento por causa da recessão provocada pelo coronavírus. O turismo, que atraia mais de 34 mil pessoas de diversas nacionalidades e movimentava a economia local, caiu radicalmente. Ontem, a Serra foi reaberta para receber apenas 300 pessoas por dia, conforme decreto assinado pelo governos federal, estadual e municipal.

ACESSO

O acesso ao topo de serra está asfaltado. Porém, até anteontem era impossível chegar ao platô do sítio histórico, onde há a representação cenográfica do Quilombo dos Palmares, porque estava fechado por causa do perigo de contaminação do coronavírus. Nesse 20 de novembro, a reverência ao líder Zumbi, que teve a cabeça decepada e exposta na praça do Carmo, em Recife, não registrou a presença estimada de 5 mil turistas, representantes de religiões de matriz africana, caravanas de países de África e de estudantes.

O prefeito reeleito, Areski Freitas (MDB), admite que o município enfrenta problemas econômicos e sociais gerados pela pandemia. Um dos mais graves é o abastecimento de água da cidade. A prefeitura precisa de R$ 100 milhões para regularizar a situação.

Com relação ao turismo, lamentou os prejuízos, agravado por falta de apoio do Ministério da Cultura. Segundo o prefeito, o presidente da Fundação Palmares (órgão do MinC), Sérgio Camargo, não acredita nos fatos históricos e no Quilombo dos Palmares. “Ele [Camargo] acha que Zumbi e o Quilombo são invenções do PT. Isso é ruim para o Brasil, para Alagoas e para a nossa cidade”, diz Freitas. Ao contrário de Camargo, outros diretores da Fundação Palmares, em entrevista à TV Gazeta esta semana, demonstraram respeito à Serra da Barriga, mas nenhum deles se referiu aos fatos registrados na história.

Leia mais na página A14

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