Alagoas vive um descontrole na transmissão do novo coronavírus, o que indica uma segunda onda de contágio da doença, que pode se intensificar nas próximas semanas. Isso é o que aponta o último relatório do Observatório Alagoano de Políticas Públicas para o Enfrentamento da Covid-19. Com dados colhidos até o encerramento da 50ª semana epidemiológica (SE), o boletim traz um panorama preocupante. “Maceió continua liderando a expansão da Covid no Estado, o que fez com que a incidência de casos na capital alagoana na última semana ultrapassasse o número de novos casos registrados no restante do Estado, fenômeno observado nas primeiras semanas da pandemia”, informam os pesquisadores da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), em trecho do relatório.
De acordo com o Observatório Alagoano de Políticas Públicas para o Enfrentamento da Covid-19, “na direção contrária ao observado na capital, Arapiraca e a 10ª região de saúde, que haviam apresentado significativo aumento de casos na semana anterior, apresentaram uma queda na incidência de casos na 50ª SE, comportamento que precisa ser observado nas próximas semanas para se configurar um indício de controle na transmissão”.
Em relação aos óbitos provocados por infecção pelo Sars-Cov-2, os pesquisadores confirmam que o Estado voltou a registrar um aumento na incidência na última semana, o que pode ser interpretado como mais uma evidência do descontrole da transmissão no estado. “Além dos indicadores relacionados à incidência de casos e óbitos, as duas últimas semanas registraram expressivos aumentos no número de casos suspeitos. No último dia 13 foram notificados 8.163 casos. De certo modo, esse número reflete uma das grandes dificuldades enfrentadas pelo país no combate à pandemia, a política de testagem”, explicam os pesquisadores, que detalham que a proporção de resultados positivos também tem sido uma métrica utilizada na avaliação da transmissão. “Neste sentido, este indicador também corrobora com a hipótese de expansão da transmissão em Alagoas, já que cerca de 60% os testes RT-PCR realizados pelo Laboratório Central (Lacen) em dezembro, tiveram resultado positivo. Para fins de comparação, entre a 31ª e 35ª SE essa proporção foi de aproximadamente 20%”, informa o observatório. Em relação à taxa de ocupação dos leitos da rede pública para tratamento de pacientes com a Covid-19, o boletim do último dia 12 indicava uma ocupação de 50% dos leitos de UTI e 21% de UTI intermediária. Considerados todos os leitos que possuem respiradores, a ocupação é de 45%, quadro similar ao do verificado há uma semana. “Considerando que a média móvel (14 dias) do número reprodutivo efetivo para Alagoas era igual a 1,19 no dia 13/12, o que indica um aumento na transmissão já que, em média, cada 10 infectados transmitirão o vírus a 13 pessoas, e a intensa movimentação de pessoas combinada com a falta de adoção das medidas protetivas, entre as quais o não uso de máscaras e a formação de aglomerações, espera-se um aumento do número de novos casos nas próximas semanas no estado”. Os pesquisadores voltam a alertar a formação de uma “segunda onda”, que pode ocorrer de forma mais nítida em Maceió. “Mantido esse comportamento, podemos repetir o fenômeno observado no primeiro semestre, quando a doença se espalhou pelo território alagoano a partir da capital. Além disso, é provável que nas próximas semanas continuemos a registrar aumento no número de óbitos, como observado em outras partes do mundo que registraram segunda onda da Covid-19”, destaca o Observatório Alagoano de Políticas Públicas para o Enfrentamento da Covid-19.
BOLETIM
De acordo com o boletim de ontem da Sesau, Alagoas tem mais 316 novos casos e quatro mortes por Covid-19 em 24 horas. O Estado atingiu um total de 98.928 casos confirmados e 2.380 óbitos do novo coronavírus até o momento e há 8.268 casos em investigação laboratorial. Segundo o boletim, 1.708 pacientes estão em isolamento domiciliar e outros 94.613 pacientes já finalizaram o período de isolamento, não apresentam mais sintomas e, portanto, estão recuperados da doença. Os casos confirmados de pessoas com a Covid-19 estão distribuídos nos 102 municípios alagoanos. Em relação ao quadro total de óbitos, estão confirmados 2.380 óbitos por Covid, mas, oito deles, eram de pessoas residentes em Pernambuco, São Paulo, Santa Catarina e Bahia,